Meu mundo havia acabado.
Eu já havia passado por momentos difíceis na vida, costumava pensar que era um vitorioso por ter sido uma criança feliz mesmo tendo de superar o abandono do meu pai ou a perda de meus avós.
Também comemorava por ter conseguido entrar em uma faculdade e ter sobrevivido tanto tempo sozinho, sem correr para o colo da minha mãe, principalmente quando era ridicularizado por minhas crenças.
Mas nada chegaria perto do que eu sentia agora. Nenhuma perda, por mais dolorosa que fosse, chegaria perto do que eu sentia nesse momento. Não era só Harry que eu havia perdido. Meu filho também havia sido levado.
Não havia mais nada para mim. Não havia mais pelo quê lutar. Poseidon havia vencido. Eu havia falhado. Não havia mais propósito, não havia mais promessas. Eu falhei com Harry.
Eu falhei com a pessoa que eu jurei proteger com a minha vida, eu o joguei aos lobos. Lhe prometi coisas que jamais poderia cumprir e lhe jurei um amor que estava fadado à tragédia.
Tirei-lhe de sua família, de sua casa, lhe fiz sonhar com o impossível, lhe dei um filho que ele sequer poderia conhecer. Harry um dia seria capaz de me perdoar?
Não sei quanto tempo havia passado. Coisas como tempo, fome, sede ou qualquer outra necessidade, eram inúteis agora. Poseidon havia me dado um destino pior que a morte, ele havia me feito viver o pior pesadelo de um homem, o próprio inferno na terra.
Nesse momento, eu queria apenas que Josh tivesse conseguido atingir seu objetivo, que tivesse cravado aquele punhal no meu pescoço. A morte seria um alento.
Mas antes que esses pensamentos se enraizassem em minha mente, recebi um chacoalho forte, do tipo que soa como um soco em seu estômago.
– Eu sei, Louis! Eu sei o que está sentindo. – Niall disse olhando diretamente em meus olhos, falando com uma firmeza e destinação invejáveis. – Levaram o seu amor e o seu filho. Levaram a minha filha também. Mas agora não é hora de surtar! Olhe para mim! – Ordenou, me fazendo esforçar-se para encará-lo. – Não acabou ainda! Se ele quer guerra, é guerra que vamos dar a ele! E foda-se que ele é um deus! – Gritou o palavrão mundano. – Eu sou um pai e você também, e isso sempre vai ser mais forte do que qualquer força divina!
– Harry... – Tentei.
– Você quer o Harry? Então levante dessa areia e comece a trabalhar para tê-lo de volta, porque se você desistir agora, então você não merecia o Harry, porque se fosse o contrário, ele iria até o fim do mundo, lutaria contra Zeus, Cronos e até Tártaro se fosse necessário, mas ele não desistiria de você. – Encarei os olhos azuis cheios de determinação. – E então, o que vai ser? Vai ficar aí sentindo pena de si mesmo e me deixar trazê-los de volta sozinho ou vai se juntar a mim e fazê-lo arrepender-se de um dia ter colocado os olhos sobre nossos filhos?
Juntei todos os cacos de seu coração despedaçado e ergui a cabeça. Niall tinha razão. Não podia abandonar Harry em um momento como esse. Ele merecia que eu tentasse até o último esforço. Ele merecia que eu desse a minha vida por ele. E eu daria. Morreria por Harry, mas lhe daria a chance de ter a vida que merecia, de ter, ao menos, o filho em seus braços.
– Vamos fazer uma reunião na clareira. – Disse com toda a força que ainda havia em mim e caminhei com muito esforço até o local que costumávamos usar como ponto de encontro. Minhas pernas ainda custavam a obedecer-me.
Liam estava eufórico, caminhando de um lado a outro, claramente concentrado. Niall o acompanhava com os olhos com a mesma obstinação no olhar. Ben e James estavam tensos, sem saber muito como ajudar. Já Zayn estava sentado ao canto, estranhamente pensativo.
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Mermaid - Larry Stylinson
FantasyPara Louis não bastava contrariar toda a ciência mundial e ser taxado como um cientista louco. Não bastava ter deixado toda a família e uma carreira para trás para viver no litoral da Grécia visitando pequenas e perigosas ilhas desabitadas. O destin...