Mermaid - Larry Stylinson

Problemas de família

– É muito engraçado. – Disse Niall bobamente, vendo seus dedos afundarem na areia. – Eu nunca imaginei que seria essa a sensação. Eu nem sei explicá-la.

– Acho que se chama cócegas. – Respondi sorrindo.

– Cócegas é um nome engraçado. – Não iria dizer em voz alta, mas amava o fato de que Niall achava tudo engraçado e gargalhava com as coisas mais simples. Era o que tornava Niall tão Niall.

– Quer experimentar mais? – Ergui a sobrancelha sugestivamente e ele me olhou confuso.

Me aproximei e comecei a fazer cócegas nas laterais de seu corpo, ele se contorceu enquanto gargalhava, me fazendo rir junto. Dei espaço para ele que revidou chutando água em minha direção e saiu correndo, chutando todas as ondas que via pelo caminho.

– Volte aqui! – Sai correndo atrás dele. – Não fuja de mim, mocinho.

– Eu não sou um mocinho. – Deu a língua para mim. – Eu sou um ser místico.

Corri ainda mais em sua direção e consegui pegá-lo, fazendo-o gargalhar enquanto eu o colocava sobre meu ombro.

– Olhem para mim, o maior pescador de todos os tempos! – Gritei vitorioso. – Eu consegui, essa linda sereia é minha. – Niall gargalhou e Harry, que estava sentado próximo, junto de Louis, bateu palmas, mas Louis não parecia no clima para rir ou qualquer coisa parecida. – Podem me chamar de rei do mar, princesas. – Brinquei e o tritão riu ainda mais enquanto eu o colocava com cuidado no chão.

– Você nunca conseguiria me pescar. – Gabou-se. – Ninguém conseguiria.

– E não tem ideia de como isso me deixa feliz. – Acariciei seu rosto e me perdi em seus olhos.

Estávamos muito próximos um do outro e naqueles poucos segundos eu senti que o beijaria. Minha respiração estava acelerada e Niall me olhava com confiança, como se mesmo que estivesse receoso pelo contato novo, ele confiasse em mim o suficiente para não recuar. E eu não iria.

Mas fomos interrompidos pela voz de Louis alta e ruidosa, diferente de tudo o que eu já tinha visto. E o pior, dirigido a Harry, que o olhava assustado pelo surto repentino.

– Acha que nós deveríamos intervir? – Perguntei preocupado.

– Harry herdou a genética de Des, ele sabe como lidar com essas situações, sempre foi um grande pacificador, garanto que sabe lidar com isso muito melhor do que nós dois saberíamos. – Segurou a minha mão e me puxou dali, caminhando pela orla e eu deixei que ele me levasse.

Durante os minutos que caminhamos, eu pensei sobre as palavras de Louis: deuses, sonhos, o medo do que nos aguardava no futuro, o fato de estarmos presos à ilha, as incertezas quanto ao bebê que viria. Eu teria surtado por muito menos e agora pensava sobre como eu poderia aguentar isso daqui para frente.

Pensei no pequeno ovo que descansava em seu ninho, pensei em Niall e na relação que tínhamos, pensei nas consequências que teriam se eu tivesse o beijado há alguns minutos.

Eu não podia fazer isso. Eu não era Louis, não faria isso comigo, não faria isso com Niall ou com seu bebê. Eu não me prenderia como Louis fez.

– Olhe. – Niall abaixou-se próximo a uma pedra e recolheu uma estrela do mar nas mãos, deixando que as ondas batessem e a deixasse confortável. – Eu amo estrelas do mar. – Disse calmo. – Eu amo o fato delas parecerem tão frágeis, mas serem um dos animais marinhos mais fortes. Se elas têm um de seus braços arrancados, ele cresce novamente e o braço que se foi pode dar vida a outra estrela. Além disso, são predadores excelentes, podendo se alimentar de animais muito maiores. Mas é claro que você sabe de tudo isso. – Riu deixando que a estrela seguisse as ondas e voltasse para o mar e eu sorri ao ver o amor com que ele tratava os animais marinhos. O mesmo amor que eu carregava em mim. – Maura costumava me dizer que nós éramos como as estrelas do mar, que todos achavam que somos só nossa beleza e encanto, mas somos capazes de coisas incríveis, como dar a nossa própria vida pela vida dos animais e destruir seres muito maiores e poderosos do que nós.