Mermaid - Larry Stylinson

Mártir

Anne não se sentia capaz de respirar, mas ainda assim deixou seu trabalho junto aos tritões feridos e mergulhou para junto do corpo ensanguentado de seu amado. As lágrimas rolaram silenciosas, mas ela se permitiu abrir um sorriso quando os olhos de Desmond se abriram para ela.

– Nós vamos te curar, querido. – Disse tentando acalmá-lo e já se preparando para mergulhar o mais rápido possível para buscar qualquer coisa que pudesse ajudá-la a salvar o tritão.

– Não vá. – Segurou o braço dela para que ela ficasse. – Não há mais tempo para mim, Anne, e quero que fique comigo até o fim, como fez durante toda a nossa vida... – Disse com dificuldade pela dor que sentia. – Eu te amo, querida. – Acariciou o rosto dela com carinho. – Sinto não poder ter te dito isso antes.

– Eu te amo, Des. – Respondeu em meio as lágrimas. – Eu sempre te amei.

– Cuide do nosso lar e cuide do nosso garoto, ele vai precisar muito de você. – Ela assentiu concordando enquanto ainda acariciava os cabelos do tritão.

– Pai... – Harry aproximou-se trêmulo e choroso.

– É uma ótima palavra para se ouvir. – Tentou sorrir, mas fez uma careta pela dor e mais sangue jorrou de sua ferida. – Cuide bem do seu filho, Harry. – Colocou a mão sobre a barriga protuberante. – Filhos sempre são a melhor parte de nós.

Harry chorou compulsivamente e manteve a mão de seu pai o mais próximo possível de seu bebê.

– Você não deveria ter feito isso. – Soou desesperado.

– Se tem uma coisa que você me ensinou é que o amor não tem explicação, Harry. E eu o amo, filho. Posso conviver com tudo, menos com a ideia de viver uma vida sem você ao meu lado. – As palavras fizeram Harry chorar ainda mais.

Desmond sentia a dor querer roubar o resto de sanidade que tinha, mas lutou contra seus próprios limites para manter-se firme e voltou-se ao deus irritado que aproximou-se.

– Sempre fui seu filho mais fiel e continuo sendo. Eu não lhe trai, pai. – Disse em direção a Poseidon. – E Harry continua sendo a minha escolha. Ele é o melhor e mais competente de nós, é justo e amoroso, sabe tomar decisões sábias. Será o melhor líder que já existiu.

– Posso transformá-lo em um deus. – Poseidon disse.

– Não... – Tossiu. – Quero que se lembre desse momento e que isso se transforme em um pacto entre nosso povo. Nós estamos aqui por um motivo e pelo mais nobre deles. Nós queremos a liberdade de amar. O amor não é sinal de fraqueza, pelo contrário, nos fará mais fortes, mais leais e mais felizes. – Apertou a mão de Anne demonstrando o poder das palavras. – E se a minha vida tem algum valor, que seja o de trazer ao meu povo a liberdade de amar.

– Você tem a minha palavra. – Disse firme, embora demonstrasse pela expressão o quanto perder Desmond lhe doía.

– Então a minha missão está finalmente cumprida. – Des tossiu e o sangue a sua volta aumentou. Seu tempo estava de fato acabando.

Anne chorou ainda mais e abraçou o corpo que se tornava frio. No auge de sua dor e desespero, segurou o rosto de Des e colou seus lábios aos dele, imitando o ato que viu Harry e Louis fazerem anteriormente.

– Então essa é a sensação? – Disse fraco e sorriu, finalmente deixando a vida deixar seu corpo.

Assim que sentiu que Des havia partido, Anne beijou sua testa e o colocou no mar, vendo as ondas calmas do mar levá-lo para longe.

– Ele irá para os Campos Elísios. – Poseidon anunciou.

– E nós? – Voltou-se a ele, secando as lágrimas e soando mais firme.