Prólogo

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Ravenwood Falls está reduzida as cinzas. Ando pelas ruas descalça com meus pés afundados em poças de sangue. Encontro Dominic parado no meio da praça, em frente a igreja. A tristeza em sua expressão espelhando a minha.

—Tudo isso é culpa sua! - ele aponta um dedo acusatório para mim.

Um nó se forma na minha garganta. Balanço a cabeça.

Não meu amor, eu não... – começo a dizer, mas não dá tempo, Dominic se transforma em um enorme lobo e salta em cima de mim com uma fúria incontrolável.

Pulo para trás no mesmo instante com uma velocidade inumana, tentando manter distância dele. Saco uma espada de prata com o símbolo da Lua Negra gravado no cabo e fico empunhando-a na minha frente. Ele abre sua boca enorme e com um rosnado grosso vem contudo na minha direção. Enterro minha espada no seu peito quando ele tenta arrancar minha cabeça com uma abocanhada. Seu sangue espira no meu rosto e entro em desespero quando me dou conta do que acabo de fazer. Largo a espada e desabo no chão ao lado do seu corpo quando ele voltar a ser humano de novo. Beijo sua boca pedindo perdão entre soluços...

—Srta, Acorda.

Abro os olhos e pisco várias vezes antes do rosto de um homem entrar em meu foco de visão. Ele usa camisa azul de botões com gravata escura,  calça social preta e um crachá com a sua identificação preso do lado de fora de seu bolso. É o motorista.

Sento com as costas eretas. Sentindo meu corpo em alerta, como se estivesse esperando um ataque vir.

—Sim? -Pergunto um pouco área por causa do sonho.

— Chegamos — ele anuncia de testa franzida.

Espio pela janela de vidro e leio a grande placa de metal iluminada que diz: Terminal Rodoviário de Ravenwood Falls.

—Ah, claro. — fico em pé. Me alongo um pouco sentindo as pernas rígidas depois de passar três horas sentada.

O motorista me ajuda a tirar as duas malas pretas de rodinhas do bagageiro e depois segue rumo a garagem. É meia-noite e essa foi a sua última viagem.

Ruby, que ficou de vir me buscar, não chegou ainda.

—E aqui estou. -murmuro, observando de longe a ponta do campanário da igreja, que é o marco da cidade.

Depois de dez anos, estou de volta a Ravenwood Falls.

Meu celular cai da minha mão quando tento tira-lo do bolso de trás da minha calça jeans. Me abaixo para pegá-lo, mas paro quando uma sombra surge na minha frente. Vejo pés descalços sujos de terra diante de mim. Deslizo minha mão lentamente para dentro de minha bota e pego uma adaga, ergo a cabeça e em menos de um segundo estou de pé pressionando a lâmina contra um pescoço.

— Sem movimentos bruscos ou corto sua garganta aqui mesmo. –aviso encarando o homem, que para minha surpresa é um senhor de meia-idade, segurando firme um cajado em uma das mãos. Sobre suas costas tem uma manta colorida cobrindo seus ombros. Ele tem pele bem morena, pequenos olhos negros da mesma cor de seus cabelos presos em uma longa trança descendo até sua cintura.

—Não deveria ter voltado, criança... Não pode impedir o que está pra acontecer. Com você aqui, o banho de sangue será maior. — suas palavras enviam arrepios por todo meu corpo.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora