Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)

Capítulo 7

Um minuto se passa enquanto tentamos processar tudo que foi descoberto em apenas uma manhã de domingo. Uma pessoa planejando ressuscitar outra? Como isso é possível? E por que aqui em Havenwood Falls? Uma cidade cheia de lobos e caçadores. Por mais que tenhamos descoberto isso muito antes de chegar acontecer, não me tira a sensação de que deixamos algo passar. A minha intuição me diz que tem mais, que não é só isso e eu preciso descobrir o que é.

—Senhor Lee, descobriu mais alguma coisa nos corpos? –pergunto.

Ele balança a cabeça, pegando a pasta, os papéis, arrumando tudo para ir embora.

—Peguei umas amostras de DNAs de cada um para fazer mais exames e só vou poder afirmar quando eles estiverem prontos. – ele diz e sai para ir fumar um cigarro do lado de fora da casa.

—Estamos ferrados. Ainda mais agora que meu faro foi tirado de mim. –murmuro.

Dante se mexe na cadeira, arrastando-a para ficar bem perto da mesa,  colando seus olhos castanhos-escuros nos meus.

—Você está sem seu faro de lobo? – pergunta, erguendo uma sobrancelha.

Explico como tudo aconteceu na floresta, sem esquecer de nada e quando termino estou quase chorando de novo. O meu faro, depois que consegui aprender a usá-lo passou a ser a minha arma de defesa contra qualquer tipo de perigo.

—Minha nossa! – ele exclama visivelmente preocupado. — E agora o que vamos fazer?

Dou de ombros.

—Eu nem sabia que isso era possível. –digo, enxugando discretamente uma lágrima no canto do olho com a manga da minha blusa.

—Posso ver o símbolo? –Bethany estende a mão aberta para mim.

—Claro. –pego meu celular e lhe entrego. —Eu ia mesmo te mostrar e perguntar se você sabe o que é.

Bethany pega o aparelho, o livro de símbolos e vai sentar num canto mais afastado da gente.

Dominic cruza a perna longa por cima da outra, se reencosta no encosto da poltrona e nos observa num silêncio íntimo. Ele parece bem mais à vontade agora do quando chegou de manhã.

—Kim, é melhor você voltar pra Amsterdã. –Dante sugere num de visível preocupação.

—Quê? –Dominic e eu falamos ao mesmo tempo.

—Você não pode ficar aqui sem seu faro. É muito perigoso.

Dominic vira o rosto para mim.

Balanço a cabeça em negativa, determinada.

—Mais não é seguro pra você, e eu nunca me perdoaria se algo de ruim lhe acontecesse também por minha causa.

Dante se culpa pelo que o Conrado fez a minha mãe e mesmo depois de eu repetir um milhão de vezes que não o culpo, que não guardo ressentimentos dele e da Rubi, ele nunca deixou de me ligar, pedindo perdão, principalmente em datas comemorativas, como meu aniversário.

Apoio meus punhos fechados em cima da mesa, me curvando para olhar bem dentro de seus olhos.

—Só vou embora daqui depois que recuperar meu faro e ajudá-los a descobrir quem está fazendo isso. Não vou deixar vocês na mão só porque estou em perigo. –mantenho meu tom de voz firme para não deixar dúvidas que estou falando sério.

Dominic parece impressionado e hipnotizado, pois não tira os olhos de mim enquanto falo.

Dante fecha as mãos ao redor dos meus punhos.

—Eu não esperaria menos de você, querida, mas é que....

—Encontrei! –Bethany vem até nós. Me devolve o celular e põe o livro aberto em cima da mesa.