Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)

Capítulo 33

O barbante que prende os dois balões com tema da Barbie desliza da minha mão suada. Estou nervosa e ansiosa, porque Dominic e eu viemos contar pra família dele todas as novidades e entre elas a que vamos nos casar e quero muito que a pequena Danik me aceite.

-Está pronta? -ele pergunta enlaçando nossos dedos.

Assinto enquanto olho pra porta fechada a nossa frente.

Seus lábios carinhosos vem de encontro aos meus de surpresa.

-Vai dar tudo certo, meu amor. Dani é uma criança maravilhosa.

Sorrio.

-Eu sei. -digo acariciando sua barba.

Sei que pareço estar sendo boba com esse receio de contar pra uma garotinha de apenas quatro anos que vou me casar com o pai dela, mas Dani não é qualquer garotinha, é uma das pessoas mais importantes pro Dom e se ela não me aceitar ou não gostar de mim, não vamos ser completamente felizes em nossa vida de casados.

A sala está vazia, mas ouço vozes alegres vindo da cozinha.

Dominic me conduz por um corredor estreito e desembocamos num espaço amplo com um fogão industrial de seis bocas, armários de carvalho presos a parede, uma enorme mesa feita de pedra branca com bancos de cimento e ao redor dela estão a filha e a ex cunhada do Dom jantando. Em pé ao lado da pia está Eleonora contando verduras.

-Boa noite! -Dominic sauda da entrada, comigo ao seu lado.

Os três rostos se viram para nós e os olhos da garotinha vão direto para os balões.

Eleonora abre um largo sorriso.

-Filho! -ela solta a faca em cima da mesa e limpando as mãos num pano de prato, se aproxima do Dom, colocando uma mão em cada lado de sua bochecha. -É verdade que o nosso povo está livre dos grilhões da Lua Negra? -pergunta emocionada.

O silêncio predomina a cozinha por alguns instantes.

Dominic olha pra mim com olhar agradecido. Desde hoje de manhã, depois que eu disse sim pro nosso casamento, ele não para de me agradecer por ter tido a coragem de enfrentar o conselho da Lua Negra e libertar seu povo.

-Sim, mãe. E devemos isso a minha futura esposa.

A colher desliza da mão da ex cunhada do Dom e cai dentro do prato com um tilintar no vidro.

-Futura esposa...? -ela exclama me fuzilando com o olhar.

Domimic assente calmamente.

-E vamos ter mais um filho. -ele anuncia com orgulho.

-Eu vou ser avó pela terceira vez? -Eleonora joga os braços ao redor de mim. -Mais um grande motivo para comemorarmos! Seja bem-vinda a família, minha querida. -ela beija minha testa.

-Obrigada. -agradeço sentindo um frio na barriga.

A ex cunhada do Dom fica em pé com o rosto vermelho de raiva.

-Isso -ela aponta para mim e pro Dom -é uma falta de respeito com a minha irmã; que faz só cinco meses que morreu, e com a minha família! Você sabe muito bem que é comigo deve se casar para manter a aliança entre nossas matilhas depois da morte da Laura. Como o costume manda. Meu pai é muito antiquado e vai odiá-lo por não respeitar os nossos costumes se casando com essa aí!

Dominic respira fundo. Se o conheço bem, sei que ele está se segurando pra não perder a paciência e acabar sendo indelicado com ela.

Dani encara a tia de olhos arregalados com o medo estampando suas feições delicadas. Tadinha. Acho que nunca viu uma pessoa tão brava. Tenho vontade de ir até ela lhe entregar os balões que eu trouxe, mas não consigo me mover, sinto como se cada gesto ou movimento meu fosse piorar a situação entre o Dom e sua ex cunhada.