Capítulo 4

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Fazemos o trajeto em silêncio. Dominic mantém os olhos fixos na estrada e eu finjo estar olhando a paisagem através da janela. Queria dizer algo para quebrar o gelo, mas sei que tudo que eu disser só vai fazê-lo ficar com mais raiva de mim, então é melhor eu ficar na minha até chegarmos a casa do sr. Lee.

O senhor Lee é o pai da Hanna, a infeliz que ajudou a sequestrar minha mãe sete anos atrás. Hanna está presa por sequestro e tentativa de assassinato, já que ela tentou matar Lucy, a filha do xerife Gibson. Lucy foi salva por Lucca, seu namorado lobo. Ele a mordeu porque ela tinha alergia a anestesia e com o processo de transformação para lobisomem seu corpo se curaria rapidamente e esse foi o único jeito de salvá-la. Depois disso os dois fugiram por causa das leis da Lua Negra. É proibido um lobo morder um humano mesmo com seu consentimento, e o castigo pra isso é a morte.

Meu celular toca, enfio a mão no bolso do casaco ficando tensa, rezando para que não seja o Bryan me ligando de novo.

Dou um leve suspiro de alívio quando é o nome da Jess que aparece na tela.

Viro-me completamente pra janela encostando o aparelho no ouvido, mas não antes de vê o Dom dar uma olhada rapidamente para mim de canto de olho.

-Oi. Jess.

-Onde estão as fotos da galeria?

-Aquelas para o catálogo da exposição do senhor Galahan?

-Sim.

-Estão no meu escritório lá do estúdio.

-Ok. Bjuss! Preciso ir. Vou fotografar o Rijksmuseun para a feira de artes da semana que vem.

- Bjuss. Bom trabalho.-Desligo e afundo no assento, quase deixando o celular cair das mãos.

O senhor Lee já está nos esperando na calçada em frente a sua casa quando chegamos. Ele segura uma grande mala preta de rodinhas, que deve conter todo o seu material de trabalho, já que vai ter que se deslocar até onde estão os corpos para examiná-los.

Dominic desce do carro, se apresenta e aperta a mão dele. O sr. Lee é o único médico legista de Havenwood Falls. Os dois conversam um pouco antes de entrarem no carro com o senhor Lee lhe explicando como funciona o processo de Necropsia.

Senhor Lee me cumprimenta quando senta no banco de trás, mas sem olhar nos meus olhos. Muitas vezes ele pediu a Rubi o meu endereço de Amsterdã porque Hanna queria me mandar cartas com pedidos de perdão pelo que me fez, mas eu sempre disse a ela que não era pra dar. Perdoar é uma tarefa para Deus e não minha. Não desejo mal a Hanna, só quero que ela pague pelo o que fez e que mantenha distância de mim.

***
A comunidade Villa Lobos fica localizada numa área da floresta bem isolada e de difícil acesso.

—Não saiam de perto de mim. -Dominic avisa, quando um enorme portão preto é aberto ao som da buzina de seu carro. — principalmente você. – ele aponta para mim em tom acusatório. —Somos pacíficos e respeitamos as leis da Lua Negra, mas tem muito lobo que tem muita raiva dos Whitmore.

-Pode deixar. -assinto.

As casas são grandes e feitas de pedras e madeira com lindos jardins na frente, enfileiradas lado a lado, separadas apenas por muros baixos feitos de sebes. Lobos em forma humana trafegam de um lado a outro, crianças brincam nas calçadas. Um enorme totem de leão se ergue bem no centro do que deve ser uma praça com bancos de madeira cercando-o. As ruas não são feitas de asfalto, mas de paralelepípedos.

-Papa! - a filha do Dom sai do meio de um grupo de crianças brincando e corre até ele com os bracinhos esticados quando saltamos do carro.

Ele desfaz a carranca e com seu rosto se iluminando a pega no colo.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora