Abro os olhos e estou num lugar totalmente escuro. Tão escuro que não consigo enxergar um palmo a minha frente, mas sei que não é o meu quarto.
—Pra onde foi que aquela maluca me trouxe? –resmungo, me sentando.
Minhas costas batem contra algo duro e frio, acho que deve ser uma parede de pedras.
Parece que estou numa caverna.
Respiro fundo. Meu corpo inteiro dói como se eu tivesse levado uma surra.
Tento ficar de pé, me apoiando na parede, mas minhas pernas cedem e caio sentada novamente. Ter as memórias sugadas me deixou fraca.
—Droga! –esbravejo socando o chão.
—Kim..? É você?
Estreito os olhos a procura do som de uma voz baixa, rouca, abafada. Voz de alguém que acabou de acordar.
Sobressalto-me quando começo a reconhecê-la.
—Rubi? –indago, tentando vê-la desesperadamente, mas em vão. —Você está bem?
—Sim. –ela responde depois de um bocejo. — Aquela véia te pegou de jeito também foi?
—Você sabe sobre a Bethany? –pergunto.
—Foi ela e os capangas dela que me trouxeram para cá. Uns caras encapuzados. Acho que mais jovens que nós... Você sabe o que ela pretende fazer com a gente? O por quê de tudo isso?
Levo alguns instantes para responder sua pergunta, porque na verdade não faço a mínima ideia do que Bethany quer com a Rubi.
—Ela não disse por que prendeu você aqui?
—Não. –ela responde de forma energética. —Mas temos que dar um jeito de sair antes que ela volte. –ouço seus pés se arrastarem e depois um forte barulho, como se ela tivesse esbarrado em alguma coisa.
—Rubi! –exclamo preocupada. —Você tá bem?
—Sim. A véia feia do cão me prendeu numa espécie de sala com paredes de vidro... Creio eu que seja vidro já que não vejo nada. E não consigo sair do pequeno espaço em que estou.
—Paredes vidro? –murmuro. Estico meu braço para frente e meus dedos topam numa superfície lisa e fria que realmente se parece com vidro. Ela usou a magia do cajado para nos manter presas a uma espécie de caixa de vidro, esperta.
—Você viu meu pai por aí? Pensei ter que ouvido a voz dele.
Franzo a testa, fazendo careta.
—Acho que não era ele, Rubi. –respondo com ar cansado.
—Não? Mas meu pai tá bem? Ou ela... –sua voz falha e ouço um suspiro pesaroso.
—Não, não é isso. O Dante tá bem sim.
Conto tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas e quando termino estou com um nó na garganta.
—Puta merda, Kim. Essa sua avó é louca. E o Dom, tem certeza que ele é o emissário?
Eu queria gritar, berrar. Dizer que não, que me enganei, mas Bethany disse que o emissário é alguém tão próximo a mim que eu nem se quer cogitaria que fosse esse pessoa. Aqui em Havenwood Falls não tem ninguém que eu seja mais próxima do que dele. Nós somos próximos, nós nos amamos.
—Sim. –balbucio.
—Puxa vida, prima. Sinto muito. Mas tudo começa a se encaixar agora. Foi por isso que ele aceitou o que meu pai propôs na investigação dos assassinatos... E ainda disse que...
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Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)
Hombres LoboSete anos após os acontecimentos que aterrorizaram sua vida, Kimberly Whitmore se vê envolta num novo mistério. Lobos estão sendo assassinados a sangue frio e Kim terá de descobrir o verdadeiro assassino antes que isso leve a uma guerra mortal entre...