Capítulo 11

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Quando termino de explicar pro Dante o que vim fazer aqui, vou sentar numa pedra mais afastada e perto da água. Uma equipe da lua negra veio recolher o corpo do rapaz antes que algum morador da cidade visse. Dante não gostou nada de eu ter vindo sozinha e até me repreendeu um pouco grosseiro e eu não o culpo por isso, afinal, como um dos membros do conselho ele é o responsável por comandar o grupo de caçadores daqui de Havenwood Falls e está sob pressão com todos esses assassinatos. Aaron e eu também somos membros do conselho, mas parece que por sermos jovens não temos voz altiva em nada. Os lobos tem seu alfa e nós temos o nosso que é o Dante.

O céu continua encoberto por nuvens escuras deixando a beleza desse lugar escondido nas sombras.

Dominic se agacha ao meu lado, sentando em seguida na areia branca.

Viro a cabeça de lado pra olhar pra ele e ele me encara de volta com aquele olhar intenso que sempre me fez sentir um frio na barriga.

—Desculpa. –ele pede.

Franzo a testa.

—Pelo quê?

—Por ter sido tão rude com você no telefone. Mas é que me preocupo com a sua segurança, ainda mais agora que não é mais uma rastreadora.

Desvio o olhar e fico observando a água oscilando com o vento forte. Aperto minha jaqueta ao redor do meu corpo, me encolhendo um pouco por causa do frio.

Ouvir isso vindo dele, ainda mais depois do que lhe fiz, faz eu me sentir segura, protegida, amada, mas não posso fraquejar e deixá-lo se aproximar de mim de novo como fez ontem, não posso me envolver com Dominic de novo por vários motivos muito mais importantes do que a nossa paixão de adolescentes.

—Olha, eu passei sete anos me virando sozinha em Amsterdã. Protegendo a mim e as pessoas que amo. Acho que posso dar conta de um assassino frio e calculista. Acha que não encontrei perigos por lá? Que não topei com lobos selvagens, ou lobo-cão? Eles conseguem sentir o cheiro do sangue Whitmore a quilômetros de distância, de modo que topei com vários nesses anos todos que estou morando lá e dei conta de todos eles. Então não preciso que se preocupe comigo. –solto o ar lentamente quando termino de falar.

Ele assente de cabeça baixa, mexendo em algo na areia.

—É, você mudou mesmo. –murmura pra si, num tom gélido.

Giro minha aliança de noivado no dedo, num tique nervoso.

—Basta olhar no fundo dos meus meus olhos pra ver que mudei, que já não sou mais a mesma.

Dominic se põe em pé, limpando atrás da calça jeans com as mãos.

—Preciso ir. Tenho que contar pra matilha o que ouve hoje aqui. A gente se ver mais tarde?

Assinto e ele vai embora. Observo-o se distanciar com um nó se formando na garganta. Eu sabia que seria difícil retornar pra cá, mas não imaginava que fosse ser tanto assim.

—Oi. –Rubi aparece com cara de sono e ressaca.

—Oi.

—Eu queria te pedir desculpas.

Reviro os olhos. Parece que hoje é o dia nacional de perdir desculpas pra Kim. Primeiro o Aaron, depois o Dom e agora a Rubi.

Fico em silêncio e ela continua.

—Por ontem. Por ter te deixado sozinha no bar.

Dou de ombros, desmanchando a carranca. A verdade é que não consigo ficar com raiva dela por muito tempo.

—É sério? O Aaron? Tá tão desesperada assim? –digo num tom brincalhão.

Ela fica de cócoras.

—Ah, para. Até que ele é gostoso e bom de cama. –diz batendo com o ombro no meu.

—Argh. –faço expressão de que vou vomitar. —Não preciso saber dos detalhes sórdidos.

Rubi sorri, ajeitando o cachecol xadrez em volta do pescoço.

—Sinto muito por seu faro. Papai me contou hoje de manhã depois de pregar o sermão do monte por quase uma hora porque bebi ontem e ainda te arrastei comigo.

—Foi? E o que você disse?

—Que bebida é que nem homem e dinheiro, quanto mais, melhor. Kkkkk.

Abafo uma risada alta com a mão.

—Não, você não disse isso pro Dante.

—Disse, sim.

—E ele?

—Disse que vai dar um mês de férias pra Zeuda, a nossa faxineira, porque quem vai fazer a limpeza da casa de agora em diante sou eu.

—Seu pai é um cara legal. Quem dera eu ter podido conhecer e conviver com o meu. Acho que as coisas teriam sido bem diferentes. –comento, observando Dante conversar com o pessoal da lua negra envolta do corpo.

—Você não tem nenhuma lembrança dele?

Balanço a cabeça.

—Não. Ele morreu quando eu era muito muito pequena, quer dizer, a lua negra o matou e quando eu tinha cinco anos entraram na nossa casa e roubaram muitos objetos pessoais da minha mãe, incluindo o álbum de fotos de casamento deles, de modo que não pude conhecê-lo nem por fotos.

Os traços do sorriso da Rubi somem dando lugar a uma expressão triste e ela pisca os cílios moldados pelo rímel várias vezes tentando espantar as lágrimas que formaram ao redor de seus olhos.

—Nossa, que forte, prima. –ela aperta minha mão.

—Bom –fico em pé num salto —,já passou, eu já me acostumei com o vazio que a morte dele deixou em minha vida. Agora é a vez de eu tentar me acostumar com o vazio que a minha mãe deixou também. –digo com falso entusiasmo.

Rubi põe um braço ao redor de mim.

—É isso aí, prima. Bola pra frente porque atrás vem gente e se for pra alguém ficar por trás de nós que seja um cara bem gostoso e naquela posição que faz até um gago falar "I Love you" sem gaguejar.

—Quê?

Ela balança a cabeça.

—Nada. Tentei filosofar, mas acabou parecendo um pequeno discurso de uma atriz pornô.

Seguimos juntas até onde está o Dante.

Continua no próximo capítulo! Votem e comentem. Add a história a lista de leituras de vocês e indiquem o livro para seus amigos, parentes que gostam de ler. Me sigam aqui no Wattpad para ficarem por dentro das novidades. Bjuss meus amores.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora