Dominic fica tão chocado quanto eu ao ver nossa foto na lápide. Dá pra ver perfeitamente que somos nós, apesar da roupa esquisita e do meu cabelo que tá bem loiro, quase branco e de não ter o nosso nome gravado em lugar nenhum.
-Mas o que significa isso? -ele exclama de olhos arregalados.
Passo os dedos na pequena moldura metálica.
-Não faço a mínima ideia.
Fico de pé e começo a andar em volta da lápide, observado-a com mais atenção e uma rachadura no chão ao redor dela chama minha atenção. Me agacho novamente para observá-la melhor e tenho uma ideia.
Peço ao Dom que me ajude a removê-la do lugar. Ele hesita um pouco, mas acaba cedendo.
Ponho minhas mãos de um lado e ele do outro e erguemos a lápide para o lado. Embaixo dela tem um buraco e dentro dele tem algo enrolado num pano com cor de pergaminho. Deve ser o tal livro.
Dominic e eu nos encaramos por alguns instantes e então ele faz sinal com a cabeça para eu pegá-lo.
Meus dedos começam a formigar de novo, seguido de um frio na barriga. De repente me sinto ansiosa, como se há muito tempo esperasse por esse momento.
-Cuidado -Domimic avisa. -Isso pode ser algum tipo de armadilha... Quer saber, deixa que eu pego. Não quero que aconteça nada com você.
Balanço a cabeça e enfio as mãos no buraco com tudo e pego o livro.
-Você é doida? -Dom, esbraveja. -Essa coisa poderia ser muito bem uma outra armadilha, igual aquela que tirou o seu faro de lobo.
Ele está certo, mas por algum motivo sinto que posso confiar no velho e lá no fundo sei que ele não aprontaria comigo.
Jogo o livro pro Dom, que o pega no ar com um movimento rápido.
-Se está tão preocupado, então abra você. -retruco.
Ele joga de volta pra mim.
-Não, abra você. Não tô a fim de morrer antes de conhecer meu filho.
Reviro os olhos. Ele só pensa no filho - o que é ótimo, se não fosse num momento tão crítico de nossas vidas.
O livro cai no chão e eu o apanho rapidamente.
Procuro uma maneira de abrir, mas o pano envolta está colado, selado... Sei lá.
-Não dá pra abrir. -resmungo, bufando.
Dominic dá de ombros.
-É melhor assim. Acho que não tô com nenhuma vontade de saber o que tem escrito nele.
Engulo em seco.
-Quê? Mas por quê? Nele deve conter a resposta do por quê de ter nossas foto numa lápide! Você não está curioso?
Ele baixa os olhos pra lápide, balançando a cabeça em negativa.
-Algo me diz que não é nada bom o que estamos prestes a descobrir.
Encaro-o de testa franzinda, pronta para questioná-lo, mas deixo pra lá, por enquanto, ver sua foto numa lápide deve tê-lo deixado um pouco abalado.
Coloco o livro embaixo do braço e o chamo para ir embora.
Esse lugar me dá arrepios, com todo esse mato, restos de lápides, pontas de cruzes quebradas.
Dominic concorda e segura na minha mão, enlaçando nossos dedos.
Mal damos dois passos em direção á saída quando o velho aparece na nossa frente.
-Vocês precisam vir comigo. -ele diz num tom apressado.
Nós dois levamos um susto, mas logo Dominic se recupera e me empurra para trás dele num instinto protetor.
-Não vamos a lugar algum com você! -ele exclama, num tom agressivo.
O velho contrai os lábios, apertando o cajado.
-Olha, garoto. Eu não tô pedindo, tô ordenando...
Dominic começa a ofegar, fechando as mãos em punhos.
-Eu não recebo ordens de ninguém. -ele sibila.
Fico tensa. Tenho que fazer alguma coisa.
Me enfio no meio dos dois.
-Dom, ele está do nosso lado. Foi ele que me deu a dica de onde livro estava. Eu te contei no café. -tento consertar a situação, afinal fui eu que abri o bico e falei do livro e do velho pra ele.
Dominic fita o velho com o olhar feroz de sempre.
-Por favor. -imploro.
-Eu só quero ajudar, apesar das minhas condições. -o velho relaxa a mão no cajado.
-Ele não quer nos fazer mal, meu amor. Se quisesse, ele poderia muito bem ter pego o livro e ter entregado pro emissário, mas em vez disso, ele veio até mim. -banco a advogada do velho.
Dominic olha para mim e depois pro velho, corre os dedos pela cabeça, exasperado e então concorda.
Dou um sorriso luminoso.
-Eu te amo. -murmuro, dando um selinho em seus lábios.
Seguimos o velho por uma trilha totalmente o contrário de onde o nosso carro está. A vegetação alta dificulta da gente ver aonde estamos indo, mas parece que o velho sabe muito bem qual é o caminho certo a seguir. Tento puxar conversa, fazendo perguntas sobre a nossa foto na lápide e sobre o livro, mas só recebo o silêncio como resposta.
O velho para em frente a um mausoléu em ruinas, coberto pelo mato e por vinhas.
Dominic e eu trocamos olhares, nos perguntando o que viemos fazer aqui.
O velho ergue o cajado e com sua ponta toca a porta de ferro que abre sozinha no mesmo instante.
-Vamos. -ele entra primeiro e nós depois.
Descemos os degraus feitos de pedras e chegamos a uma sala ampla e vazia com apenas uma pequena janela no alto com vitrais coloridos em forma de estrelas.
Dominic dá uma boa inspecionada no local como se estivesse procurando por armadilhas escondidas no chão e nas paredes de mármore.
-Bom, aqui estamos. E agora, o que quer de nós? -pergunto pro velho.
Ele ajeita a manta xadrez nos ombros. Seus olhos negros e pequenos estão no livro embaixo do meu braço.
Dominic para ao meu lado de braços cruzados sobre o tórax. Daqui quase consigo ouvir sua respiração pesada. Dominic está tão nervoso quanto eu estou.
Ver nossas fotos na lápide nos acusou uma enorme inquietação.
O velho olha para mim e depois pro Dom.
-Estão prontos para saber toda a verdade? -ele pergunta.
Respiro fundo, coloco minha mão na do Dom e respondo que sim.
Continua no próxima capítulo
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Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)
Hombres LoboSete anos após os acontecimentos que aterrorizaram sua vida, Kimberly Whitmore se vê envolta num novo mistério. Lobos estão sendo assassinados a sangue frio e Kim terá de descobrir o verdadeiro assassino antes que isso leve a uma guerra mortal entre...