Baixo a faca no chão ouvindo vozes de todos os lados.
-Também tenho um cajado mágico, bruxa. -Dante anucia surgindo da escuridão com os caçadores da lua negra, o Dom e a Jess.
Bethany gira nos pés olhando ao redor com expressão petrificada.
-Isso não pode tá acontecendo! -ela balança a cabeça, agitada. -Cheguei tão perto.
-Kim! -Dominic corre até mim meio trôpego.
Fico em pé num pulo e ele joga os braços ao redor da minha cintura, me puxando para junto de si com desespero.
-Graças a Deus! Graças a Deus. -murmura me abraçando e beijando o topo da minha cabeça. -Tive tanto medo que fosse tarde demais e tivesse te perdido.
-Eu tô bem. -respondo, enterrando o rosto no seu pescoço, inalando seu cheiro maravilhoso. -Foi por pouco, mas estou bem sim.
-Filha! -Dante cai de joelhos ao lado do corpo da Rubi e a observa com olhos aflitos. -O que fizeram com você? -murmura passando as mãos pelos cabelos dela.
Me viro de frente pras suas costas e ponho a mão em seu ombro.
-Ela está bem, Dante. Só tá dormindo. -aviso num tom suave para que ele se acalme.
-Mais todo esse sangue e... Isso é um coração? -ele apalpa o órgão sobre o peito da filha com as pontas dos dedos.
Troco olhar com o velho.
-Faz parte do ritual. São os órgãos dos anti-naturais que foram mortos. Um órgão de cada espécie diferente de lobos... -explico.
-E por que está sobre a minha filha? -ele indaga cada vez mais aflito.
-Porque o espírito de Gideon ia usar o corpo dela para poder habitar esse mundo.
Dante gira a cabeça de uma vez em minha direção. Os olhos vermelhos, inchados, com olheiras ao redor deles, cabelo grande, oleoso, barba por fazer, evidencia seu sofrimento. Dante vinha sofrendo pela filha desde o dia em que ela entrou em coma sobrenatural.
-O quê? -ele me fita com fisionomia tensa.
Assinto.
Sem fazer mais perguntas, Dante fica em pé.
—Você - aponta pro velho. —Pode fazê-la acordar?
Sem responder, ele vem até nós e com a ponta de seu verdadeiro cajado, o anterior que ele usava era só uma representação mágica do verdadeiro, toca a testa da Rubi bem em cima do símbolo desenhado em sua pele e com isso ela abre os olhos. Todos os órgãos que estavam sobre seu corpo somem ficando somente o sangue.
—Pai? – ela balbucia com os olhos fixos no Dante.
Dante pigarreia, limpando a garganta embargada de emoção.
-Sou eu, meu amor. -desliza os dedos pelo rosto da filha com delicadeza.
-Ela vai ficar bem. Só precisa tomar um banho pra tirar todo esse sangue de cima dela. -o velho anuncia.
-Sangue? -Rubi se senta de uma vez e olha pra baixo, pra sua camisola de hospital toda encharcada de líquido vermelho. -Mas que porra é essa? -vocifera. -Tô parecendo A Carry White em"Carry: A Estranha," depois do baile. -sua voz é séria, mas a careta que ela faz é muito engraçada e nós começamos a rir.
-É, vejo que ela vai ficar muito bem, sim. -Dante concorda ficando de pé. Ele se vira para Bethany, que está uma certa distância de nós, e diz que chegou a hora da justiça ser feita. —Peguem ela. -ordena a dois caçadores. Bethany não esboça nenhuma reação, porque sabe que perdeu e que não pode fugir do destino que lhe aguarda. —Eu cuido daquele ali. -ele tira um revólver da cintura e vai em direção ao Bryan com a arma apontada pra cabeça dele.
-Não! -dou um berro, me desvencilhando dos braços de Dominic.
Me lanço entre eles, ofegante e de olhos arregalados. Jess também vem ficar ao meu lado, abraçando Bryan pela cintura.
-Ninguém toca no meu afilhado. - avisa determinada. Ela também o ama como um filho. Bryan se encolhe, enterrando o rosto no pescoço de sua madrinha como um animalzinho assustado.
Dante me encara confuso.
- É meu filho... -olho pro Dom. -com o Dominic.
Ele baixa a arma, de testa franzinda.
-Mais-co-como... Hein?
Suspiro aliviada ao vê-lo suavizar sua expressão de fúria.
-É uma longa história. Depois lhe conto tudo.
-Eita hein priminha, nos enganou direitinho, conseguiu esconder um filho de nós todos esses anos, sua safadinha. -Rubi brinca.
Reviro os olhos não dando muito atenção pra ela.
Dominic parece ter congelado em seu lugar. Deve estar em choque ao se deparar com o filho aqui tão perto dele, algo que ele nem poderia imaginar que fosse acontecer assim tão cedo.
Enlaço meus dedos nos do Bryan.
-Vamos lá falar com o papai? -pergunto com o coração inflado de emoção.
Ele assente de cabeça baixa.
Paro diante de Dominic que nos encara com os olhos brilhando, o peito subindo e descendo.
-Esse é Bryan Dominic, nosso filho. -digo com a voz rouca, embargada.
Após alguns segundos de silêncio e segurando o fôlego e as lágrimas, Dominic o puxa para um abraço apertado. Bryan passa os braços envolta da cintura do pai com um pouco de receio, afinal estão cara a cara pela primeira vez.
Enxugo os olhos marejados.
Deixo os dois se conhecendo melhor e vou até o xamã que observa o corpo de Willa ainda como lobo-cão.
—Não existe nada que possa fazer ela voltar? –pergunto com um caroço se firmando na garganta. —Eu queria tanto ter mais tempo com ela para poder conhecê-la melhor, sabe? -acarício sua pelagem escura e áspera.
Ele não me responde, mas parece pensar sobre alguma coisa. Seu semblante está sério, os pequenos olhos negros vidrados, parecendo perdido em pensamentos.
—Tem sim, mas acho que não seria uma boa ideia...
Agarro seu braço fino com força.
—Faz, por favor.
Ele baixa o olhar sobre minha mão e tiro-a imediatamente.
—Por favor. – lhe imploro. —Eu assumo as responsabilidades do que possa acontecer por tal ato.
O velho concorda e dar início a um ritual quase idêntico ao de Gideon, mas com ingredientes diferentes e sem o lance de sacrifícios.
-Tem certeza que isso é certo?-Dante me questiona enquanto assistimos o xamã ler algo em latim.
-Não. -respondo. -mas ela é minha irmã, tenho que tentar.
-Está feito! -o velho avisa depois de um leve tremor de terra.
Willa abre os olhos, ficando em pé sobre as quatro patas, e vou em direção a ela.
-Kim? Aconteceu alguma coisa? -ela pergunta um pouco aérea, com sua voz em minha cabeça.
-Não, nada. -respondo jogando meus braços ao redor de seu pescoço grosso e peludo. -Só estou feliz que você está aqui, só isso.
Ela olha ao redor, confusa.
-Mais não me lembro de como vim parar nessa floresta. Só lembro de ter ido até sua casa e depois ter saído pra procurar você. -constata ficando agitada.
-Shh! Te conto tudo depois. -apertoa-a forte entre meus braços.
-Então você me aceita como sua irmã?
-Sim! -respondo imediatamente pra que ela não fique com nenhuma dúvida.
Em demostração de carinho, Willa começa a lamber meu rosto com sua língua áspera, igual a um cachorro doméstico.
Continua no próximo capítulo!! Votem e comentem meus amores!! Bjs 😘😘
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Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)
WerewolfSete anos após os acontecimentos que aterrorizaram sua vida, Kimberly Whitmore se vê envolta num novo mistério. Lobos estão sendo assassinados a sangue frio e Kim terá de descobrir o verdadeiro assassino antes que isso leve a uma guerra mortal entre...