As ruas de Havenwood Falls estão banhadas em sangue. Ando por elas descalça, sentindo o líquido pegajoso grudar nas solas dos pés. Carrego comigo, pendurado em uma das mãos, uma Alabarda.
Alabarda é uma arma antiga composta por uma longa haste. A haste é rematada por uma peça pontiaguda, de ferro, que por sua vez é atravessada por uma lâmina em forma de meia- lua, com um esporão no outro lado.
Olho ao redor e o cenário é desolador. Muito sangue, muito choro e muitos corpos caídos nas calçadas.
Lágrimas embaçam a minha visão. Tenho a sensação de ter lutado, mas falhado. Ele ganhou. O monstro ganhou.
Começa a chover. Os pingos grossos caem com força sobre mim e se misturam ao vermelho vivo que cobre o chão. Continuo minha caminhada...e nem sei por que estou fazendo isso. Só sei que tenho que continuar.
A visto Dominic em pé no meio da praça, em frente a igreja.
—Dom! –chamo-o, correndo em sua direção, mas paro quando ele se vira para mim.
Dominic me olha sério, com expressão selvagem e puro ódio nos olhos.
—É tudo culpa sua! –ele rosna, apontando um dedo acusatório em minha direção.
Balanço a cabeça e sigo até ele. Subo a pequena calçada, atravesso entre os bancos de cimento, parando diante dele.
—Por que tá fazendo isso, meu amor? Você sabe que eu não...
Dominic não me deixa terminar e num piscar de olhos se transforma num enorme lobo. Com um pulo ele salta para cima de mim com uma fúria incontrolável.
Recuo com uma velocidade inumana e tento manter uma certa distância entre nós, mas Dominic investe de novo contra mim e vem em minha direção com sua grande boca aberta.
Empunho a Alabarda com a ponta fina erguida na minha frente e atravesso o coração do lobo com ela. Sangue respinga no meu rosto e entro em desespero quando me dou conta do que acabo de fazer.
Solto a alabarda e desabo ao lado do corpo do Dom no chão.
Acordo aos prantos, me sentindo sufocada. Jogo os cobertores pro lado e corro até a janela aberta.
Cai uma forte tempestade, com relâmpagos e trovões. Respiro fundo três vezes, deixando os pingos molharem meu rosto para que eu realmente consiga me libertar da sensação ruim em meu peito e depois fecho tudo.
Quando me viro pra voltar pra minha cama, quase caio dura no chão.
O homem que apareceu para mim na rodoviária assim que cheguei em Havenwood Falls, está parado na minha frente, me encarando.
—O- que- que- que você quer? –gaguejo nervosa. Me apoio na parede com as pernas tremendo mais que vara- verde.
Ele segura firme em seu cajado e eu começo a imaginar o tanto de coisas que ele pode fazer comigo se resolver me atacar com aquilo e como poderei me defender, é claro.
—Não tenho muito tempo, criança. –sua voz é grossa. —Eu sei onde está o que procuras. Grave bem essas palavras que vou lhe dizer. Por segurança, vou lhe falar em forma de charada.
Concordo e o velho continua.
—Dizem que quando o universo conspira a favor, nem mesmo a morte consegue destruir um verdadeiro amor.
Repito mentalmente o que ele me diz.
—Você entendeu?
Assinto.
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Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)
Hombres LoboSete anos após os acontecimentos que aterrorizaram sua vida, Kimberly Whitmore se vê envolta num novo mistério. Lobos estão sendo assassinados a sangue frio e Kim terá de descobrir o verdadeiro assassino antes que isso leve a uma guerra mortal entre...