Capítulo 18

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Com muito esforço consigo convencer Aaron a sair do lado da Rubi e ir tomar um café comigo, mas como a máquina de café da cantina do hospital esta quebrada, fomos até o café embaixo do Cofee Bar.

Escolhemos uma mesa ao lado da enorme janela de vidro com vista pra rua.

Arrastamos as cadeiras e nos sentamos ao mesmo tempo, frente a frente.

Aaron parece muito cansado.

Ele usa calça cáqui bege, camisa de flanela azul de mangas cumpridas com gola em v e um par de coturnos pretos. Seu cabelo está bagunçado e ao redor de seus olhos verdes-claros tem profundas olheiras, denunciando que ele passou a noite em claros –provavelmente ao lado da Rubi.

—Bom, estamos aqui. Qual é o outro assunto você quer muito falar comigo?

Abro a boca para responder, mas paro quando um homem vem em nossa direção trazendo um cardápio e uma caderneta.

—Bom dia. –ele diz, parando em frente a nossa mesa.

Sua voz me dá a sensação de que já a ouvi antes e seus olhos-azuis claros a mesma coisa.

—Bom dia. –Aaron e eu respondemos juntos.

Pego o menu de sua mão, mas não preciso olha-lo, pois já sei o que quero, então o passo para o Aaron, mas ele descarta com um aceno de cabeça.

—Então já sabem o que querem? –o homem pergunta com a caderneta aberta e a ponta da caneta azul já fincada no papel, pronto para anotar o nosso pedido.

—Um café expresso, sem espumas.

—Certo. Um café expresso sem espumas. –ele repete as minhas palavras enquanto escreve. —E você? –aponta a caneta em direção ao Aaron.

—Um café preto, bem forte e sem açúcar. –ele responde.

—Ok. Já trago o café de vocês. –o homem avisa e se vira, mas não aguento e pergunto se nós não já nos vimos antes.

O homem parece meio confuso, estuda meu rosto e então abre um sorriso, lembrando de algo.

—Uma flor para uma flor! – ele exclama num tom animado.

Sorrio de volta, me recordando dele.

—Você é o palhaço que me deu uma flor de lótus. –constato, sorrindo.

O homem assente.

—Isso mesmo. Aos domingos gosto de me fantasiar de palhaço e levar um pouco de alegria as crianças doentes na ala pediátrica do hospital. –ele explica.

Aaron nos observa em silêncio.

—Nossa, muito legal da sua parte fazer isso. –respondo com uma certa admiração.

—Eu amo crianças. –ele retruca e gira nos pés, fazendo seu caminho até a uma garota, que deve ser a responsável pela preparação dos cafés.

Aaron se reencosta no encosto da cadeira de metal, de braços.

—Flor de lótus é? Sabia que não é uma flor muito comum por aqui e que é de origem egípcia?

O Encaro sem entender onde ele quer chegar com esse comentário.

Dou de ombros e vou logo ao que interessa.

Ponho a mão dentro do bolso do meu casaco e arrasto para fora o saquinho que estava pendurado no pescoço do Dom.

—Tem certeza que não viu algo parecido com isso amarrado em alguma parte do corpo da Rubi? –jogo o saquinho, com a boca amarrada por um fino cordão preto, pra ele.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora