Capítulo 17 parte 2

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Dominica me acompanha até em casa,
mas desta vez não entra e volta do portão.

Ponho a mão no ferrolho fundido, puxo para cima abrindo-o em seguida depois que vejo ela sumir entre às árvores.

Ando lentamente pelo caminho feito de pequenas pedras ladeado por árvores que leva até a frente da casa. Perdida em pensamentos com a sensação de que perdi Dominic para sempre. Ele nunca vai me perdoar. Na vida existem limites que nunca devem ser ultrapassados e eu acabei ultrapassando. Por um lado me arrependo e por outro não, porque se fiz o que fiz foi para proteger o Bryan  da Lua Negra. Eu amo o Dom com toda a força do meu coração, mas amo mais o nosso filho e moverei céus e terras para não deixar a minha família nunca chegar nem perto dele.

Ergo a cabeça quando a visto a casa e me deparo com o Dante sentado numa cadeira de madeira embaixo do alpendre. Sua cabeça está abaixada e seus ombros, curvados.

Paro na sua frente.

—Dante?

Ele olha para mim. Vendo as lágrimas brotarem dos seus olhos, sinto meu coração apertar. A única vez que o vi assim tão triste e abatido foi no enterro da minha mãe.

Me agacho na sua frente, colocando a mão em seu joelho.

—Aconteceu alguma coisa?

Sem me responder, Dante joga os braços em volta dos meus ombros.

— Fico feliz que esteja bem. Fiquei tão preocupado se o que atacou a Rubi tivesse levado você.

Me afasto dele subitamente.

—Pera ai, o que aconteceu com a Rubi? Ela tá bem? – olho para dentro de casa.

—Os médicos não sabem.

—Os médicos? Ela foi pro hospital? – sinto um frio na barriga e meu estômago se contrair.

Dante assente cruzando os dedos sobre a perna. A tristeza em sua expressão é de cortar o coração.

—Preciso saber exatamente o que aconteceu. –digo, colocando minha mão em cima da sua.

—Ontem quando Aaron chegou da cidade, encontrou Rubi caída no meio da sala com um corte atrás da cabeça e o escritório todo revirado como se alguém estivesse procurado por algo. Ele a levou imediatamente para o hospital. Os médicos disseram que o corte foi superficial, nada demais, mas ela não acorda e eles não sabem a causa disso ou o que fazer.

Fico de pé e no mesmo instante sinto uma tontura me atingir em cheio e tenho me segurar na coluna para não cair.

—Você está bem? –Dante pergunta.

Faço que sim, disfarçando meu mal-estar.

Um táxi atravessa o portão e para em frente á casa. Bethany salta para fora, fechando a porta com força. Ela parece um pouco irritada.

Vou até ela e pego sua pequena mala de viagem.

—Já de volta? E como tá seu neto?

—Melhor do que nunca. –ela responde.

—O quê? Mas você disse que...

—Foi um trote, você acredita nisso? Não sei qual a necessidade que as pessoas tem de fazer brincadeiras de mal gosto com os outros.

Ponho a mala perto da escada, enquanto Bethany e Dante vão até a cozinha tomar um chá e conversar sobre os últimos acontecimentos. Pretendo me juntar a eles, mas me jogo no sofá refletindo sobre o sumiço do Dom e o trote com a Bethany e acabo me dando conta de uma coisa.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora