Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)

Capítulo 20

Fico paralisada.

Maninha?

Willa pega o casaco que Devon deixou para trás e veste, cobrindo seu corpo nu.

—Não vai dizer nada? –ela pergunta, virando-se para mim.

Balbucio alguma coisa, mas as palavras não saem.

Willa é minha irmã? Ela é a criança que a minha avó abandonou em frente ao hospital de Wellos Falls? Observo-a com mais atenção e começo a notar alguns traços de minha mãe nela.

—Eu... É. Como?

Willa sorri.

—Não sabe o quanto eu esperei por esse momento...

—Pode parar por aí. –mando quando ela dá dois passos em minha direção.

—Ok. Vejo que está em choque. Bom, me procure pra gente conversar quando se sentir pronta. Você sabe onde trabalho.

Willa passa por mim, me deixando atônita.

***
Ao invés de ir me encontrar com o Dom, vou direto pra casa. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e preciso por as ideias em ordem.

Envio uma mensagem pra ele dizendo que não vai dar certo pra gente se encontrar hoje e se podemos nos ver amanhã.

"Por quê? O que é mais importante do que conversamos sobre o nosso filho?"

Suspiro quando termino de ler sua resposta. E logo começo a digitar uma explicação.

"O meu irmão...ou melhor, irmã lobo-cão se revelou para mim hoje e não sei o que fazer."

"O quê? Como assim? Onde você está? Ela te fez alguma coisa?"

"Não, eu tô bem. Tô em casa. É só que é tão estranho... Sete anos atrás fui aterrorizada por uma pessoa que se passava por ela e.. "

"Vou até aí."

Mordo lábio inferior, pensativa. Eu queria muito que ele viesse e me fizesse companhia, mas isso não adiantaria de nada.

"Não precisa. Eu tô bem e quero ficar sozinha."

Envio e fico esperando sua resposta. Passa alguns minutos e nada, então desligo e coloco o aparelho pra carregar em cima da penteadeira.

Tomo um banho bem demorado, refletindo sobre tudo que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas.

Massageio minhas têmporas, com a cabeça doendo, parecendo que vai explodir.

Pego meu roupão e me enfio dentro dele.

Paro em frente a penteadeira. Encaro meu reflexo no espelho de moldura escura, me comparando a Willa, procurando algo que temos em comum, além da cor dos olhos, é claro. Olhos azuis marcantes é a marca da família Whitmore, mas me lembro que o pai da Willa também tinha olhos bem azuis, até mais do que os da minha mãe.

Alguém bate na porta, me tirando de meu devaneio.

Pego a escova e sento rápido na ponta da cama.

—Pode entrar. –digo, começando a pentear meu cabelo úmido e embaraçado.

Bethany entra segurando uma pequena bandeja com uma caneca em cima.

—Trouxe chá. –ela diz.

—Ah, obrigada. –largo a escova de lado e pego a bandeja de suas mãos finas e enrugadas.

Bethany puxa a cadeira da minha antiga mesa de estudos e se senta mesmo de frente para mim. Cruza uma perna sobre a outra, pousa as mãos em cima da coxa e fica me encarando.