Capítulo 28 part. 2

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Os raios de luz da enorme lua de sangue atravessam uma pequena abertura entre às árvores e vão parar direto em cima da Rubi, que está deitada bem no centro do  símbolo que era usado em rituais de ressurreição no Egito Antigo. Um triângulo e suas três pontas que representam, morte, vida e ressurreição. O símbolo está desenhado no chão de terra com uma espécie de tinta vermelha reluzente. Ela parece morta com seus olhos fechados, a pele mais pálida que o normal, os dedos entrelaçados sobre a barriga, coberta pela camisola branca do hospital.

—Por favor, não faça isso. –imploro mais uma vez, enquanto estou sendo amarrada a um tronco de árvore.

—Pare de implorar! –Bethany rosna em tom ameaçador. Parece que sua paciência comigo está se esgotando.—Íamos usar o corpo daquele jovem caçador, mas você e o Blackwell chegaram na hora e tive que matá-lo para ele não revelar a vocês que era eu que estava sobre ele com aquela adaga.

A cena daquele dia na barragem das pedras retorna a minha mente.

Trinco os dentes.

—Era você? Mas como? A altura, a musculatura por baixo daquela capa preta parecia ser de um homem! E como conseguiu se curar tão rápido dos cortes das duas estrelas ninjas que arremessei contra você?

Ela balança o cajado.

—Magia, é claro! Esse brinquedinho aqui é capaz de fazer coisas que até Deus dúvida. –responde observando com olhos brilhantes o grande pedaço de madeira polida.

Meus olhar também recai sobre o objeto mágico do xamã.

—Ah, é claro. –dou um sorriso de deboche. —Toda essa sua alto confiança se dá ao fato de ter em seu poder esse pedaço de madeira e sem isso você não é nada! É só uma velha obssecada em trazer o filho morto de volta a vida.

Ouço as exclamações de espanto dos seguidores de Licaão perto de nós.

Bethany estreita os olhos sinistro, a face enrugada ficando em brasas. Ela ergue a mão que não está segurando o cajado e quando a desce acerta meu rosto com força. Minha cabeça pende para o outro lado com minha bochecha ardendo. Como sou muito branca, tenho certeza que seus cinco dedos ficaram gravados na pele fina da minha derme.

—Nunca mais zombe de mim! –ela ruge em total descontrole.

Sorrio com escárnio, cuspindo um pouco de sangue.

—Já começou, né? Já tá começando a enlouquecer. –retruco fitando-a.

Num ataque de fúria, Bethany finca a ponta do cajado no chão e tudo começa a tremer como um terremoto.

—A véia enlouqueceu! Vamos dar o fora daqui galera. –berra um dos caras encapuzados, que sai correndo e logo os outros cinco o segue, morrendo de medo.

Me encolho sentindo a terra tremer embaixo de mim.

—Vai, continua! Destrua essa floresta inteira, com certeza isso irá nos matar, mas não me importo porque só assim o ritual não será realizado. –incentivo-a.

As mãos de Bethany se fecham ainda mais ao redor do cajado e o tremor aumenta. Uma árvore cai perto de nós e outra a minha esquerda. Fecho os olhos me preparando para a morte certa.

Eu sempre achei que iria morrer em um combate contra algum lobo-cão ou qualquer outra espécie de lobo sobrenatural vingativo que quisesse me matar por ser uma Whitmore e não assim, amarrada a uma árvore, mas se isso for impedir que Gideon/Licaão seja ressuscitado, por mim tudo bem. Só desejo que Bryan me perdoe por ter lhe prometido que voltaria para casa...para ele, e nunca ter chegado. Espero que o Dom me perdoe por eu ter me entregado assim tão fácil a morte, pois já o perdoei por ele ser o emissário. Por ter se entregado tão fácil ao chamado do sobrenatural.

Lua de Sangue. Livro 2 (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora