Capítulo 5

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Viro a página do livro que estou tentando ler, passando os olhos mais uma vez pelo parágrafo que acabei de ler e estava muito distraída para compreender. 

Achei que ler um livro seria bom, me afastaria do que está acontecendo no momento, por isso peguei algo na biblioteca e vim para o jardim.

Mas a verdade é que não estou interessada em descobrir quem sequestrou Lizete e se a garota ainda está viva. Meus pensamentos estão com Hardy.

Olho para casa, me perguntando quando ele irá acordar. Deixei uma caneca com um remédio para resseca na mesa da saleta, espero que ele veja.

Tento focar na leitura, deixar os minutos passarem mais rapidamente, mas quando ouço passos meu coração acelera.

Levanto o olhar e vejo Hardy. Deixo o livro no banco e fico em pé.

— Bom dia.

— Precisamos conversar. — Ele diz com uma voz áspera. Julgando pelo vinco em sua testa e pelos óculos escuros, ele deve estar com uma ressaca forte.

— O que foi? — Pergunto e me abraço, me preparando para o que vem a seguir.

— Quero que leia isso. — Ele diz e me entrega uma folha de papel que eu nem havia notado que ele segurava.

Seguro a folha e meu coração morre. Eu simplesmente quero morrer ao invés de acreditar que Hardy seria capaz de algo assim.

— Você quer matar o nosso filho? — Pergunto indignada, ainda passando os olhos por essa matéria horrível falando de aborto.

— Vou marcar um horário aqui. — Ele diz e vira a folha, onde vejo rabiscado em caneta o nome de uma clinica e o endereço.

— Eu não vou fazer um aborto! — Grito.

— Não se preocupe, será rápido e seguro.

— Eu não vou matar o nosso filho! — Amasso o papel e jogo no chão.

— Não a necessidade disso, Laura. Acredite, é o melhor a se fazer.

— Por favor, me diga que você não quer mesmo isso, não posso acreditar que você seja capaz de algo assim.

Eu rezo, eu imploro para que isso seja apenas um pesadelo.

— Ele nem é uma pessoa ainda, Laura, quanto antes você fazer isso, melhor.

— Não posso acreditar no que você está falando. Meu Deus, não posso acreditar!

— É melhor assim, eu não seria um bom pai e você...

— Eu vou ser a melhor mãe desse mundo e você não ouse me dizer o contrário. — Digo, colocando o dedo em sua cara, com uma expressão de nojo e raiva em meu rosto.

— Você vai fazer esse aborto, Laura. — Ele diz, visivelmente tentando se controlar para não explodir.

— Não vou, você não pode me obrigar. — Digo decidida.

— Não me desafie, Laura. Já decidi, nós não vamos ter esse bebê.

— Você não vai me forçar a fazer isso, você não pode.

— Tem certeza? — Ele pergunta, dando um passo ameaçador. — Tem certeza que eu não posso?

Sinto um calafrio de medo percorrer meu corpo.

— É isso então? Você vai me tratar como um dos seus negócios sujos? Vai me matar se eu não fizer o que quiser? — Empurro-o para longe de mim e passo por ele, mas Hardy agarra meu braço.

HARDER 2 - O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora