Hardy e eu estamos sentados na sala de espera aguardando pela doutora Teresa.
— Você veio com ele em todas as outras consultas?
— Sim, mas não pense nisso, é você que está aqui agora. — Digo e sorrio para ele.
— Laura? — Viro-me e vejo Teresa. Hardy e eu nos levantamos.
— Oi, doutora.
— Arthur não pode vir hoje? — Ela pergunta olhando para Hardy.
— Não, esse é Hardy, o pai da Isa.
— Muito prazer, doutora. — Hardy diz, estendendo a mão.
— Muito prazer, Hardy, fico feliz em conhecê-lo. Por favor, entrem.
Teresa fecha a porta de sua sala e nós nos sentamos.
— Fiquei curiosa pela senhora antecipar a nossa consulta, sua secretária disse que a senhora irá viajar semana que vem?
— Sim, mas não foi por isso que eu quis antecipar nossa consulta. — Ela diz sem nenhum traço de um sorriso no rosto e isso me preocupa.
— Alguma coisa errada, doutora? — Hardy pergunta, soando preocupado.
Teresa solta um suspiro e coça a testa, sentando-se atrás de sua mesa. Ela entrelaça os dedos e olha séria para nós dois.
— Vocês já ouviram falar do termo espinha bífida?
— Não, o que é isso? — Pergunto e já sinto meu coração batendo rápido e uma angustia surgindo em meu peito.
— Nos exames que fizemos foi determinado que o seu bebê, Laura, sofre dessa anomalia.
— Mas o que é isso? É grave? — Hardy diz em voz alta as perguntas que estavam para sair da minha boca.
— Infelizmente sim, é grave.
— Não! — Fecho os olhos e abaixo a cabeça.
Não, não pode ser, minha menina é saudável, ela tem que ser.
— Essa anomalia é uma má formação na coluna vertebral e uma formação incompleta na médula espinhal e das estruturas que a protegem. Em termos mais simples, o seu bebê tem a coluna vertebral exposta, saltando para fora das costas.
Sinto a mão de Hardy em minha perna, me apertando forte e agradeço por ele estar aqui comigo.
Meu corpo todo é tomado pela pior sensação possível e meus olhos se enchem de lágrimas de tristeza e principalmente medo. Sinto que não consigo respirar.
— As causas dessa anomalia ainda não são bem certas, mas como seus exames estavam todos ótimos, Laura, acredito que isso esteja relacionado a fatores genéticos. Talvez algum parente do qual vocês não saibam, não sei, essa anomalia é presente na família de vocês?
— Não que eu saiba. — Hardy responde com a voz rouca e eu apenas balanço a cabeça.
— A Isabela tem se mexido, Laura?
— Sim, ela começou a chutar há alguns dias.
— Ela deveria ter começado a chutar antes, isso é consequência da anomalia. Ela tem pouca força nos membros inferiores, e se não fizermos nada, logo ela não conseguirá mexer as pernas.
— O que podemos fazer? — Pergunto com a voz fraca, apertando a mão de Hardy.
Limpo uma lágrima que escorre pelo meu rosto e olho para ele. Sua expressão é de um homem arrasado.