Epílogo IV

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Levanto o olhar quando a porta do meu escritório se abre. Laura entra e percebo duas coisas.

A primeira é que ela carrega Gaia no colo, que brinca com um dinossauro de brinquedo que provavelmente pegou de Rusty.

A segunda é que Laura parece extremamente angustiada, e isso me preocupa.

— Aconteceu algo, amor?

— É Aurora, estou preocupada com ela, Hardy. Faz quatro dias que ela não sai de casa, nem para assistir suas aulas. Lembra que eu te contei sobre aquela tarde que Aurora chegou com os olhos vermelhos, como se estivesse chorando há horas?

— Sim, eu mesmo perguntei se havia acontecido algo e ela disse que não.

— É, mas desde aquele dia ela está quieta, parecendo triste. Acabei de perguntar se ela queria ir comigo fazer compras e ela disse que não. Você já viu ela recusar ir comprar roupas? Algo aconteceu com ela, algo a deixou desse jeito e por alguma razão ela não está contando para nós.

— Você tentou falar com ela?

— Tentei, mas ela não quis conversar comigo. Talvez ela fale com você.

Levanto-me, preocupado com minha filha. Aurora e eu sempre tivemos uma ligação especial, assim como tenho com Isabela.

Na verdade, tenho uma ligação especial com cada um dos meus filhos, mas cada uma é diferente da outra.

— Vou falar com ela, querida. — Digo e sigo para o segundo andar, até o quarto de Aurora.

Quando bato na porta rapidamente vem uma resposta me dizendo para deixa-la sozinha.

— Sou eu, o papai. — Digo.

— O que você quer? — Escuto sua resposta.

— Só conversar.

— Não estou querendo conversar agora.

— Nem comigo?

— Nem com você.

— Que pena, porque você vai. — Digo, abrindo a porta e entrando no quarto.

Paro quando vejo Aurora sentada na cama, abraçada com uma almofada e com os olhos vermelhos e o rosto molhado pelas lágrimas.

— Querida, o que aconteceu? — Corro até ela e sento ao seu lado, preocupado com a minha garotinha.

Bom, ela tem 23 anos então tecnicamente não é mais uma garotinha, mas sempre será para mim. Todas as minhas meninas serão.

— Não é nada, pai.

— Como não? Você está chorando. Não me diga que ninjas cortadores de cebola passaram pelo seu quarto! — Digo e consigo arrancar um sorrisinho dela.

— Conte-me o que aconteceu, você sabe que pode confiar na sua família. Em mim.

Aurora limpa o rosto e se senta mais ereta, respirando fundo e balançando a cabeça, como se aceitasse o fato de que precisa me confidenciar seu segredo.

— Não estou mais noiva. — Ela diz com um sorriso triste e levanta sua mão. Não havia percebido que ela estava sem seu anel de noivado. Aurora o usava com orgulho, sempre tão feliz porque iria se casar com seu grande amor.

— Aquele italianinho terminou com você? — Pergunto, exasperado.

— Não, eu terminei com ele. — Ela diz, me deixando confuso.

— Não entendo, você não gosta mais dele? Não, se não você não estaria chorando, então...então isso significa que aquele filho da mãe te fez algo. — Digo com raiva e Aurora volta a chorar.

HARDER 2 - O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora