Durante três dias tenho tentado fazer com que Laura me ouça por tempo suficiente para que eu possa convencê-la de que realmente quero nossa família junta.
Mas ela não me ouve, apenas me manda embora.
Na primeira noite em que cheguei à cidade, depois de confronta-la e ir embora, eu voltei. Fiquei observando o prédio, tentando adivinhar qual era seu apartamento, até que ela apareceu. Na escada de incêndio.
Ela ficou lá alguns minutos, admirando as luzes da cidade e as poucas estrelas no céu. E eu fiquei observando ela.
Tenho vindo aqui todas as noites para observa-la, parece que é um costume seu sair e olhar o céu.
Saio do carro e vou me sentar no capô, cruzo os braços e aguardo por ela. Espero alguns minutos e Laura aparece. Sorrio com saudades.
Como queria poder abraça-la, como queria poder beija-la, queria que ela me escutasse o suficiente para que eu pudesse explicar que meu pai fodeu com a minha cabeça e me fez acreditar que todos os Wolf seriam iguais. Sombrios por dentro.
Quero lhe dizer que eu pensava que não seria um bom pai, mas agora acho que tenho uma chance.
Uma menina. Ainda não acredito que vou ser pai de uma menininha. Talvez ela não seja como eu, talvez essa maldição seja apenas para os homens, talvez ela nasça com o coração bom de Laura e não o meu, cheio de raiva e ganância.
De repente outra figura surge atrás de Laura, surpreendendo-a por trás. Deve ser aquele idiota do irmão da Madison.
Recebi o relatório que pedi dele, o que só fez com que eu ficasse com mais raiva dele. O cara é certinho demais, perfeito demais. Nunca fez nada de errado, nem uma multa de trânsito o desgraçado tem.
Mas que porra?
O desgraçado está abraçando-a. Ele esconde o rosto no pescoço de Laura e suas mãos acariciam sua barriga.
Levanto-me tenso e espero que Laura o afaste, mas ela não o faz.
Sua mão sobe e acaricia seu seio. Fico imóvel devido ao choque.
Então, assinando sua sentença de morte, o desgraçado a vira e beija minha mulher.
Não posso acreditar. Não posso acreditar! Que filho da puta!
Sinto raiva, muita raiva. O tipo de raiva que sinto antes de matar alguém que merece morrer.
Meus músculos ficam todos tensos e eu começo a hiperventilar. Abro a porta do carro e pego minha arma no porta-luvas.
Então vou em direção ao prédio.
LAURA
Sinto os braços de Arthur me agarrando por trás e me assusto.
— Desculpe, não queria assusta-la, achei que tinha me ouvido chegando.
— Estava distraída, pensando.
— Se estiver triste, tenho meios para te distrair. — Ele diz e começa a acariciar minha barriga, quase como se o bebê ali dentro fosse dele.
— Arthur... — Suspiro ao sentir sua mão alcançar meu seio.
— Nós somos tão bons juntos, Laurinha. — Ele diz e me vira para ele, segurando meu rosto e me beijando.
Retribuo o beijo. É bom. Arthur sabe como envolver uma garota com certeza.
Mas tenho que ser firme na minha decisão, não posso deixar nada acontecer entre nós, não enquanto Hardy estiver aqui.
Coloco a mão em seu peito e o empurro para longe, ele me olha com uma cara de cachorrinho abandonado.