9 CAPÍTULO

3K 120 0
                                    

- M. Karolinna: Uhum.
- Fernanda: Ah, Karol, nem liga, mano. Tu sabe como é teu pai com raiva, com ciúmes... tu conhece ele. Ainda deu sorte dele não te dar uns cacetes - Disse pra ver se ela ria, mas falhou - Ele falou no impulso. Ele, eu, teus irmãos, até tu mesmo falamos coisas horríveis no impulso. Lembra quando você disse que seu pai era um babaca, que só sabe gritar com você e seus irmãos? Ele te olhou com raiva, mas depois, eu lembro como se fosse agora, ele entrou no quarto chorando, Karolinna. Desculpa seu pai. Ele não fez querendo.
- M. Karolinna: Eu sei que ele não falou por mal, mas machuca, mãe. Ele é muito possessivo, muito protetor, e às vezes machuca. Quase todas as vezes que ele abre a boca pra falar algo quando tá com raiva me magoa. Já magoei muito ele, mas porra - Olhei ela feio - Eu não tenho culpa. Você mesmo disse que eu tô na época de quebrar a cara. E desculpa pelo palavrão.
- Fernanda: Você acha que ele só fala coisas bonitas pra mim? Agora ele não fala tanta coisa feia pra mim quando tá bolado, mas nos primeiros anos, a gente brigava quase todo dia, e era coisas horríveis que eu nem quero lembrar que a gente falava um pro outro! Ele é teu pai. Ele te viu na minha barriga, ele me ouviu repetindo mil vezes que ia te tirar, me viu com uma faca apontada pra você - Ela começou a chorar, mas eu precisava falar aquilo, mesmo machucando ela -, viu você nos primeiros minutos de vida... - Ela me interrompeu
- M. Karolinna: Mas você disse que ele não tava na hora que eu nasci.
- Fernanda: Mas a Lu ligou pra ele quando eu tava na sala de parto, e eu até hoje fico imaginando ele ouvindo que a filha dele nasceu. Ele deve ter ficado louco. Se põe no lugar dele, você como se fosse um homem, vendo um moleque agarrando sua filha, que você cuidou com tanto amor, carinho, protegeu tanto? Eu acho que você não ia gostar - Disse e enxuguei as lágrimas dela
- M. Karolinna: Vou tentar desculpar ele, mas eu nunca vou esquecer do olhar que ele fez pra mim. Foi horrível, mãe.
- Fernanda: Eu imagino como foi esse olhar. No primeiro dia que eu vi aqui no Alemão, ele perguntou se meu sobrenome era Albuquerque, e eu disse que era. Ele fez uma cara tão feia.
- M. Karolinna: Por que?
- Fernanda: Porque ele já tava sabendo que meu nome era Fernanda, e perguntou logo o meu sobrenome porque o sobrenome do meu pai de criação, o PM que ele matou, é Albuquerque.
- M. Karolinna: Tipo aquele livro que tem um monte de foto e nome de parente de PM?
- Fernanda: É, isso aí mesmo! Ele tem até hoje! Lembra o nome e cara de cara pessoa dali só pela foto.

Nessa hora o Bruno entrou. Encarei ele feio pra caralho.

No Alto do Morro. •4° Temporada•Onde histórias criam vida. Descubra agora