"Nós dissemos que não seria amor, mas sentimos a adrenalina." The Weeknd - Earned It
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KATRINA
Apoio as mãos à testa afastando os fios grudados, ainda tentando entender por quê estou no chão, por quê me sinto zonza e por quê meus dedos estão pegajosos por algo escamoso? Merda, é sangue.
Minha blusa está úmida e encardida devido ao líquido escuro fervente de cafeína e estou tão atônita, tão sem reação, que até gritar parece difícil.
—Ei, shh, está tudo bem.
Tenho o vislumbre de algo me balançando e me acudindo e me dizendo palavras que parecem quase incompreensíveis.
Quando consigo assimilar tudo, fico aturdida.
Aquela voz, o rosto, os olhos...
Uma hora antes do combinado, já estava frente à ESPN aguardando o jornalista responsável por minha avaliação para concorrer à um cargo na empresa esportiva.
Com um lindo e atrativo azul sem a companhia de qualquer nuvem, até o céu parecia conspirar à favor para o clima de felicidade na cidade. Parecia que metade da cidade havia tirado suas camisas bianconero do guarda-roupas, havia tanto orgulho em suas feições, que era impossível não se contaminar com a ansiedade.
A Itália, já palco de grande turismo na Europa, parecia ainda mais receptiva à cada vez que noticiários esportivos reprisavam lances da partida que decretou o novo campeão da Champions League. Mesmo os torcedores rivais pareciam eufóricos com a atenção vidrada ao país após o longo tempo de declínio do Milan, maior campeão da competição.
Por outro lado, alguns jornalistas da emissora pareciam irados;
Marco Rosetto havia sido o escolhido para cobrir a coletiva antes da festa de exibição da taça aos adeptos da Juventus; e para eles, pior do que umsó repórter ter tal oportunidade, era eu, uma garota recém formada em jornalismo também ter acesso ao que eles almejavam.
Dizer que tinha era sorte soava como eufemismo; aquela chance ultrapassava sorte, se tratava de um grande privilégio, e eu sabia que se não fosse por minha amiga de faculdade, uma herdeira Porsche, eu sequer teria essa chance. Mas não me sinto mal por isso, e mesmo que os jornalistas me olhem torto a cada vez que os cumprimento e digo o que vim fazer, não me sinto mal.
Amava futebol como qualquer outro naquele lugar, e apesar de não ser lá a priorizadora da Série A Tim, não iria me desmerecer pelo descontentamento dos demais; Como poderia também? Sendo latina, como não ser devota da América do sul e seus campeonatos grosseiros? Não que eu não acompanhasse os times europeus, é claro que acompanhava; mas preferia mil vezes a Libertadores da América, Sul-Americana e até mesmo o campeonato colombiano.
