Capitulo 41 - Destruído

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DESTRUÍDO. Acho que essa é a palavra exata que pode me definir neste momento. É assim que eu me sinto enquanto caminho em direção ao ônibus da delegação; deixando que pequenas camadas de ódio, dor e arrependimento estejam expostas em meu rosto conforme eu sigo chorando até o meu assento, sem dar a mínima para os jogadores que passam ao meu lado e me lançam olhares de pena.
Pego os fones e os ponho sobre o meu ouvido, escolhendo a música mais alta e agitada que tenho em meu celular. Espero que ela seja capaz de calar os meus pensamentos, mesmo que para isso venha a foder com os meus tímpanos.

Fecho os olhos, atordoado, apertando os meus dedos contra os meus punhos semicerrados.

Dez meses atrás eu era outra pessoa. Antonela Cavalieri era a minha namorada, a mulher que eu havia pedido em casamento e que supria todos os meus desejos como homem em formar uma família perfeita.
E também tinha a Liz.
Elizy Cipriano era o seu nome, a minha amante ou 'a exclusiva' como ela dizia. Não era necessariamente a exclusiva, mas Liz podia ser considerada a número-um com facilidade. Acompanhou-me durante muitas vezes em jogos e me acolheu em momentos que eu estava na merda.

Consegui manter os dois relacionamentos durante mais tempo do que eu eu planejava. Era caótico dividir-me em duas vidas e personalidades diferentes quando estava perto das duas, e, só Deus sabe como eu relutei contra o meu bom senso tendo cuidado em excesso para não trocar o nome das duas.

- Você não pode acabar com a nossa história assim, Paulo! -Liz socou-me o peito e estava com os olhos marejados, cheios de lágrimas.

Antonela estava morta. Metade de mim havia sido levado com ela também, inclusive o meu passado. Lembranças que eu queria que fossem enterradas a sete chaves para que nunca mais fossem tragas a tona, e, Lizy fazia parte disto.
Ela sabia que uma hora iria acontecer e esta era a hora. Olhar para ela sem me lembrar das vezes que eu fugi de Anto para beija-la num dos banheiros da arena, ou de quando eu fingia ter treinamento para ir para sua casa ou... São muitas coisas para lembrar. Coisas que machucam. E trazem o peso de que eu fui um merda como homem.

Eu menti naquela entrevista da ESPN dizendo que eu havia ido para um bar depois de ficar sabendo sobre a morte de Antonela.
Eu tinha de romper com Liz. Fui até lá, antes de parar naquele bar.

- Não há clima. -eu digo. - Você é uma garota incrível, Liz. Eu realmente acho que te amei, mas, não dá. Eu não consigo mais fazer isso e nem quero ser assim.

Ela se aproxima e beija o meu pescoço. - Amor -ronrona com o seu sotaque sexy. - Nós podemos fazer dar certo. Seremos só eu e você agora. Nós finalmente podemos ficar juntos como um casal agora que Antonela morreu.

Eu a empurro, eufórico. - Acabou, Liz! Definitivamente!

Limpo as lágrimas que se formaram nos meus olhos e saio daquele lugar, seguindo sem olhar para trás. Eu conhecia Liz e sabia que ela era orgulhosa o bastante para entender aquilo em definitivo.

Entrei no carro e segui direto para um bar qualquer, enchendo a cara o máximo que eu podia num dos maiores porres de minha vida. Só sai daquele lugar quando estava tão entorpecido a ponto de não conseguir mais pensar em nada.

E foi aí que Katrina surgiu; naquele mesmo dia. Naquela mesma devastação e adrenalina. Bem mais rápido do que o meu coração esperava e aguentava... Quando eu estava no ápice da loucura, com os planos mais insanos em mente, prestes a comete-los, mas lá estava ela, impedindo-me no primeiro ato.
Deus a enviou no momento certo. Eu vejo agora. Para mudar toda a minha vida. Decretando os melhores meses da minha vida.

Muitas mulheres se jogaram para mim durante as viagens que fiz com a equipe durante o tempo que eu estive com ela. Algumas que eu inclusive já havia ficado nas outras viagens, e eu não podia fingir que nada daquilo aconteceu, era quase que constante o passado vir a tona, mas eu me mantinha forte agora. Sempre me contive. Desta vez havia uma grande diferença envolvida que me fazia simplesmente não sentir qualquer tipo de atração física por aquelas garotas. O motivo? Eu tinha alguém me esperando em casa. Alguém num nível muito acima daquelas night-stands. Alguém que agora eu perdi, por agir como o antigo Paulo. O filho da puta que eu pensava ter deixado morto nove meses atrás.






KATRINA | DYBALA ✨ Onde histórias criam vida. Descubra agora