O cheiro de grama recém molhadas invade as minhas narinas conforme estou caminhando por uma das ruas de Turim. Exausta e mortificada por andar tantos quilômetros num só dia.
Mas não consigo parar, mesmo que seja algo a se fazer momentaneamente. Eu poderia ter pego um táxi ou algo do tipo no aeroporto, mas, acho que não usar o dinheiro de Paulo me faz ter um mínimo orgulho de mim mesma agora.Quando desembarquei, tomei a decisão mais sábia que eu poderia ter tomado assim que dei de cara com a agência de correios frente ao aeroporto.
Tirei o colar de ouro branco que pendia ao meu pescoço e a pulseira e o iPhone, e, enfiei-os numa caixinha entregada pelo atendente.
- Você pode me emprestar uma caneta?
O homem me entrega o objeto de bom grado e suspiro tentando uniformizar palavras para usar naquele momento; quando penso que já não é possível pensar em algo, decido ser mínima.Enfio a carteira lá também, pondo o endereço do condomínio e o nome e o selo e, acho que estou liberta quando saio daquela agência por que é isso o que sinto quando estou caminhando de volta para casa. Para a pensão de Massimiliana. Com Alex e Mand e Pablo e o cheiro de comida e... tudo aquilo que eu fui acostumada durante anos.
Caminho por mais alguns km, com o suor escorrendo por minhas bochechas e pequenos fios de cabelo grudados em minha testa exageradamente úmida.
Preciso de água e um pouco de descanso também. Jogar-me na minha cama e ficar ali, dormindo durante dias até que eu me sinta apta para retornar para o mundo real.Nunca me senti tão feliz ao ver aquela escada ranzinza mais uma vez, subo-as correndo e bato repetidas vezes na porta, vendo os cílios grandes e a barba por fazer dele, de Juan, quando abriu a porta claramente surpreso.
"Katrina" murmura, tal impactado.
Balanço a cabeça, um pouco atordoada. Ele me abre espaço e eu entro na casa, que está um pouco diferente agora. As paredes corais foram substituídas por um vermelho sangue e os móveis foram trocados de lugar. Vou até o sofá e sento lá, aspirando e inspirando um pouco de fôlego antes de olhar para Juan mais uma vez.- Onde estão todos?
Ele está olhando fixamente para mim, como se eu fosse a última pessoa do mundo que esperasse ver ali mais uma vez. - Alex, Pablo, Gracy e Hernanes foram trabalhar. Massi, Mandy e Roberta estão no quintal, lavando roupas, eu acho. É... Acho que ninguém pensou que ia vê-la mais um vez.
- Por quê não? Eu moro aqui, oras.
Ele morde o lábio, um pitaco de nervoso está pairando pelo seu olhar e acho que quero me afastar deste cara agora. Não consigo deixar de pensar em tudo o que ele disse para mim meses antes e... Simplesmente não consigo suporta-lo mais.
Largo a bolsa com os meus documentos sobre a estante e vou até a cozinha, atravessando por ela em direção a porta que leva para o quintal de trás onde há uma pequena lavanderia para que pudéssemos nos virar.Lizzy é a primeira a me avistar quando a porta se abre me pondo de frente a elas. - Hey, Trina. -ela retruca, atraindo a atenção de todas as outras para mim.
Queria poder dizer que estão felizes por me ver, mas sinto o pesar de outro sentimento por ali. Por que todos estão nervosos? Faz pouco mais de um mês, e, eu ainda faço parte disto. Desta família.- Kat! Que saudades!
A dona Massimiliana me abraça e olha para mim procurando um arranhão sequer e me abraça mais uma vez e, estou feliz por revê-la.
- É bom vê-la intacta depois de tudo aquilo, Katrina. -a Tamilin comenta, beijando a minha bochecha. Sei que ela está falando sobre o sequestro e eu não gosto ao menos de me lembrar daquele momento de terror, mas finjo que estou bem. Por fora.
- É bom estar intacta. -eu respondo, tentando transmitir simpatia.
É engraçado fazer isso agora, por que sinto que tudo está diferente. Não sei descrever exatamente, mas percebo que elas estão me considerando como uma estranha. Sou eu, gente. A mesma Kat.
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KATRINA | DYBALA ✨
FanfictionPaulo nunca se importou com nada além de sí próprio; o destino o faz repensar suas atitudes após um acidente de trânsito. Copyright © 2017 | Jéssica Schweinsteiger.