3: my everything

9.8K 652 185
                                    

"Acho que você não valor ao que tem, até perder."
Ariana Grande - My Everything

POVS Paulo ✓

"Antonela sofreu um acidente."
"Ela está morta, Paulo."
"É tudo culpa sua!"

O quê está acontecendo comigo?

Eu devia estar mesmo na merda. Deveria estar me sentindo um lixo. Acabado, destruído com a dor da perda do amor, mas por quê não estou? Sinto-me martirizado, mas não derrotado.

Dou um último gole no frasco de bebida e isso basta antes que ele se junte aos outros pedacinhos de vidro estilhaços ao chão. No fundo, eu acho que sinto algo reconfortante no som emitido por aquilo. De certa forma a perca de minha noiva me transformou em algo parecido com aquelas garrafas. Nada mais que um caco. Milhões de pedacinhos de caos. Uma completa melancolia desastrosa.


Não é como se eu pudesse descrever os meus sentimentos em palavras, mas o ódio tomou-me de forma que nem posso explicar. Não quero ver ninguém. Nem receber ninguém. Penso que trancar-me faça com que entendam o meu querer de ficar sozinho.
Mandei a empregada desaparecer de vista e ela me ouviu. Gostaria que a culpa que sinto fosse tão obediente quanto aquela pobre mulher.


Meu telefone não para de tocar, e sei que numa daquelas chamadas está Liz. Penso em como fui covarde por ficar com ela quando estava com Antonela. E em Melanie, Patrice, Evelin, Candice, e em todas as outras garotas com quem eu fodia durante as viagens com o Palermo e a Juventus.

Será que eu realmente a amava? Bem, eu a idolatrava e a tratava feito uma rainha, mas fazia com que sofresse. Amar não é sofrer, certo? E muitas vezes a vi chorar, e me calei. Segui o momento fingindo que não havia a visto naquele momento de fragilidade. Eu a dava tudo, exceto o respeito. Sentia algo forte por ela, mas não o suficiente que ela merecia. E agora, nem mesmo sei se é possível me acostumar a outro alguém em minha casa como me acostumei com ela. Com todas as suas mudanças de mobilha e as suas roupas espalhadas, ou em como estava tornando a minha casa numa biblioteca sobre moda. E crianças.

Neste momento, na mesa que ela tanto insistia para eu não pôr os pés, tem uma pequena carreira de cocaína que consegui de um cara no estacionamento da loja de suplementos no posto de gasolina onde comprei cerveja. Nem mesmo sei porque ele me ofereceu drogas sabendo quem sou, mas aceitei. Pedi o mais forte e ele prometeu que isto aliviaria o que sinto.

O foda é que eu tive chances de valorizar Antonela, tanto tempo desperdiçado com nada porque eu simplesmente os ignorei para passar a noite bebendo com os moleques. Enchendo a cara de bebidas caras e mulheres baratas.
Ela me deu oportunidades neste período. Ela não devia ter aceito a primeira vez. Ela tinha de ter lutado contra a primeira traição e me batido e me xingado... E... Tudo teria sido diferente se não tivesse aceitado a primeira. Se não tivesse tornado-me num incapacitado fielmente. Eu fazia, e fiz vezes demais porque sabia que ela ainda me aceitaria no fim.


E ainda tem aquela garota. A jornalista. Eu nem mesmo faço ideia do seu nome, mas olhe como sou filho da puta por não a tirar fisicamente de meus pensamentos.

Parece que as coisas não mudaram para você, Dybala. Nem mesmo depois da morte de sua noiva.

Estou prestes a experimentar a pasta branca pela primeira vez. "Paulo!" Pierpaolo me agarra pelo colarinho da camisa e me sacode. Tudo está balançando.

KATRINA | DYBALA ✨ Onde histórias criam vida. Descubra agora