Editado: 15/01/2021 às 15h16
Para os Aveyard, pode ser comum presentear com jóias, mas, para qualquer outra pessoa normal, não é, então eu fico bem encabulada quando ganho mais uma pedra de Túlio, só o colar que ele me deu já bastava por todas as datas comemorativas pelos próximos cinco anos. O presente da vez era um par de brincos da nova coleção de Nala, dois diamantes pequenos e elegantes que combinariam muito bem com o colar que ganhei.
Nala que desenhou meu colar, "nós" gravado no verso foi uma reprodução da letra de Túlio. Ela me perguntou o motivo daquela palavra no calor, mas preferi manter como algo nosso e me limitei a dizer que é coisa de literatura.
Nala se despediu de mim com dois beijinhos no rosto me fazendo prometer que iria manter contato, gostei dela de graça.
Túlio dirigiu para o restaurante onde nós iríamos jantar, passou toda a viagem calado, não sabia definir sua expressão, não sabia decifrar seus pensamentos, estava sério, apenas compenetrado na estrada. Hoje ele não estava como no dia que jantamos no barco, não me ignorava, mas também não puxava assunto.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei cuidadosa.
- Não... - falou passando a mão no rosto indicando que tinha alguma coisa sim - Dia cheio, só isso.
- Não precisa se ocupar comigo, pode ir para casa descansar - eu disse.
- Nada disso! - negou manobrando perto do restaurante - Eu tenho uma chance de tornar esse dia um pouco bom e estou dando ela a você.
Eu assenti com o peso da responsabilidade nas minhas mãos.
- Por que você nunca espera eu abrir a porta para você? - bronqueou do outro lado do carro.
- Porque eu tenho duas mãos - respondi estendendo as palmas de minhas mãos.
Deu a volta para me buscar pela mão como se eu também não tivesse duas pernas. Os seguranças nos cercavam, porém dava para sentir os flashes vindo do outro lado da rua.
- Vão achar que não te trato bem - reclamou.
- Está me trazendo para comer, é claro que você me trata bem. - senti seus dedos passarem entre os meus - Qual é a comida que você mais odeia? - perguntei por curiosidade quando nos sentamos à mesa.
Este era um daqueles restaurantes em que é necessário fazer reserva um ano antes. Não o rei, claro. O ambiente tinha luzes quentes e o cantinho que ficamos era um pouco escuro de um jeito charmoso, as flores sobre a mesa eram naturais e o lugar não tinha muitas pessoas por ser meio de semana.
- A que eu mais odeio? - indagou surpreso com a pergunta - Qualquer coisa com berinjela. E a sua?
- Berinjela é bom! - murmurei - Eu não consigo comer tomate.
- Tomate é fruta? - perguntou.
Abri a boca para dizer que era um legume, contudo a dúvida foi mais forte e eu fiquei um tempo olhando para o nada pensando no assunto.
- Eu não faço ideia - concluí.
Ele riu.
- Tentei fazer uma pergunta tão aleatória quanto as que você faz para ver qual seria sua reação - falou.
Ah, que ótimo! Ele me acha uma boba.
Nós pedimos para jantar qualquer coisa que não tivesse berinjelas ou tomates acompanhado de uma garrafa de espumante para variar do vinho que bebemos toda vez que estamos juntos.
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Lucillie
RomanceUm reino em crise, um rei com um passado persistente, um príncipe sem mãe, uma Lucillie entre a cruz e a espada. Um casamento com fins políticos que pode se misturar com sentimentos, uma filha adotada que não pode fugir das suas origens para sempre...