Melhor governante

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Editado: 11/3/2021 às 14h39

A perda de Nala deixou Túlio emotivo, ele só conseguia pensar em como seria a vida se Elara tivesse perdido Andrew. Não só a vida dele seria mais vazia e sem graça, como também a minha. No carro, o rei parecia devastado.

- Quer conversar? - perguntei.

- Nala é como uma irmã, - começou - não sei vê-la sofrendo. Tentar engravidar está acabando com ela.

- Por mais que a gente não entenda, e que agora isso seja uma dor devastadora para ela e para o marido, isso está preparando ela para alguma coisa. É aprendizado - suspirei.

Apesar da primeira decepção do dia, Túlio estava muito focado no trabalho, acabou assinando embaixo de todas as minhas loucuras.

- Você é melhor governante que eu - disse Túlio quebrando minha linha de pensamento.

- Quê? - perguntei por não saber do que ele estava falando exatamente.

- Não estava concentrada nem nos documentos, nem no que eu estava falando, né?

- Você estava falando?

Ele riu.

- Eu dizia... Que você grita, chora, mas, quando põe a cabeça para funcionar, faz coisas que eu, concentrado, não faria. - disse ele - Sabe, essa história das Casas da Rainha e das escolas não são ruins, são projetos muito consistentes.

Sorri orgulhosa. Se tinha algo que nunca passou pela minha cabeça, é que um dia estaria fazendo tudo o que faço agora, mas não estou distante da minha vocação inicial, sempre fui da educação, sempre fui das crianças, dos livros, da leitura, da alfabetização. Túlio sorriu de volta e tocou minha mão por cima da mesa, levou-a até seus lábios e a beijou olhando nos meus olhos. Suspirei ao mesmo tempo que algo se agitava em meu estômago, queria congelar o momento.

- Vamos fazer uma recepção para alguns prefeitos na próxima semana.

- Outra festa? - perguntei já pensando na quantidade de pessoas que eu teria que cumprimentar.

- Será uma oportunidade de tratar dos ajustes finais das suas escolas, eu devo isso a você.

Não era bem uma festa, era apenas um jantar, coisa pequena, nem deu trabalho para organizar. Eu esperava que, após todos terem comido bastante, não ficaria ninguém no Palácio, porém me enganei, aquele bando de homens velhos não parava de falar um segundo e, graças ao machismo, eu fui escalada para dar atenção às esposas fúteis deles ao invés de me unir aos rapazes na conversa sobre política. Eu não fui a Mereatoles me formar como a melhor da turma para conversar sobre alta costura com um bando de senhoras arrogantes.

Os prefeitos se limitaram a me ouvir sobre as escolas, não discutiram muita coisa, pareciam estar dispostos a acatar tudo que eu ordenasse.

Coloquei dentro de uma sacola uma porção de doces que ninguém queria comer na festa e desci para o andar da garagem. A luz interna do carro que Edward sempre usava estava acesa, eu vim com Túlio, contudo ele fez parte do comboio que veio fazendo a segurança real. Abri a porta do carro e me acomodei no banco do passageiro ao seu lado, o qual eu nunca me sentava.

Edward tirou os olhos de seu celular novo e me encarou intrigado, sacudi as sacolas com doces na sua frente e não recebi a animação que esperava, só aquela velha desconfiança de sempre.

- Gosta de trufas? - ofereci o punhado dos doces embalados.

Edward aceitou sem ao menos um obrigado.

- A festa lá em cima deve estar chata - murmurou tirando o embrulho da trufa.

- Está mesmo - confessei tirando os saltos dos pés.

LucillieOnde histórias criam vida. Descubra agora