Sete dias

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Editado: 04/3/2021 às 11h20

Túlio achou meu desempenho muito bom enquanto esteve em Talis, então resolveu me deixar sozinha novamente para ir à Bélgica, tinha assuntos inadiáveis para resolver por lá pessoalmente, não era mera diplomacia que eu poderia solucionar com meu sorriso bonito, passou os últimos meses tentando restabelecer uma relação comercial que foi quebrada com a morte do rei David. À época, muitos países se recusaram a confiar num país gerido por um adolescente traumatizado por mais que não fosse a primeira vez que isso aconteceu em Magnólia, o rei precisava estar lá de corpo presente mostrando que é um governante maduro, capaz, que já realizou grandes coisas pelo nosso país.

Acordei mais cedo para vê-lo partir, o sol nem tinha nascido ainda e uma brisa gelada me deixava arrepiada, apertei mais forte o laço do robe ao meu redor na tentativa falha de me esquentar. Uma melancolia me cercava enquanto assistia os seguranças se organizarem para acompanhar Túlio durante a viagem, eu reconhecia aquela tristeza, era saudade antecipada.

Curvei-me sobre a janela aberta do carro e encostei minha testa na dele.

- Sete dias, não é? - perguntei só para confirmar.

- Sete dias.

Suspirei triste.

- É muita coisa - reclamei.

- Vou fazer o possível para voltar antes. - prometeu - Lucillie, estou deixando na sua responsabilidade a coisa mais importante da minha vida.

- Cuido do Andrew melhor do que você - gabei-me.

- Theo vai te ajudar, não deixe meu filho sozinho. Tendo que escolher entre resolver algo na Divisão e ficar com o Andrew, fique com o Andrew - orientou.

- Não se preocupe - garanti e não resisti em dar um beijinho em seus lábios.

Túlio segurou em minha nuca para prolongar o beijo e ligou o carro assim que nos separamos. Dei um passo para trás e deixei que ele desse partida.

Avistei Edward não muito longe dali, ele coçava os olhos e bocejou alto, veio caminhando na minha direção.

- Bom dia, majestade! É melhor entrar, os funcionários do museu chegam em breve - avisou.

Olhei para o meu estado vestida em roupas de dormir tão amarrotadas quanto a minha cara, olhos inchados e olheiras profundas, era bom que eu voltasse para o andar onde funcionários do museu e da biblioteca não podiam acessar.

- Bom dia, Edward! - bocejei - E não me chame de majestade.

Segui para dentro do Palácio e subi as escadas preguiçosamente, girei a maçaneta do quarto de Andrew encontrando as cortinas fechadas e algumas luminárias acesas, o príncipe estava todo embolado em seus lençóis parecendo deliciosamente macio de abraçar. Deitei-me ao seu lado e abracei seu corpo pequeno sentindo aquele cheiro de bebê, terminei minha noite de sono ali.

Andrew acordou primeiro que eu, apertou minhas bochechas para me despertar e eu achei aquilo fofo da parte dele. Abri os olhos tendo a visão do menino coçando os olhinhos, ele bocejou e espreguiçou o corpo.

- Papai já foi? - fez biquinho.

- Já e me deixou encarregada de te dar muitos beijinhos - falei para consolá-lo.

Esmaguei beijos no seu rosto e pescoço até que ele sentisse cócegas.

- Ele vai demorar muito?

- Eu espero que não. - suspirei - Agora que estamos sozinhos, promete que vai me obedecer e ser um bom menino?

- Eu sou um bom menino - disse de um jeito adorável.

LucillieOnde histórias criam vida. Descubra agora