ele tinha em mãos uma catástrofe.
20 anos trabalhando com a mesma mulher haviam feito dele um homem mal acostumado.
Não fazia idéia sequer de onde estavam as fichas das candidatas.
Mexendo um pouco mais ele achou as folhas finalmente. Olhando com horror para elas ele viu que era rosa. Culpa de Cara provavelmente.
Achando a primeira candidata. Ele leu a ficha dela. Não parecia promissor...
Horas mais tarde ele iria querer arrancar os próprios cabelos. As entrevistas iam de mal a pior. Pelo menos havia apenas mais duas entrevistadas. Uma era indicação de sua filha Nina.
Roberta, olhou a expressão da responsável pela triagem. E não era boa.
Será que o homem era um monstro? As mulheres estavam saindo de lá tão deprimidas.
Quando a outra mulher saiu sorridente ela baixou a cabeça.
— Srta?
Ela levantou a cabeça e viu que a mulher segurava a porta aberta. Respirando fundo se levantou, ajeitou a saia e entrou.
Parou e arfou, a sua frente estava o homem mais perfeito que já havia visto.
Carlo já estava extremamente irritado. A última candidata havia superado suas expectativas, mas por desencargo ele precisava ser justo e então ali estava o motivo daquela pequena amarrotada estar ali olhando pra ele abobada.
— Se você já parou de olhar, por favor, sente — se...
Roberta mal sentiu as pernas obedecerem. Chegando perto da mesa ela puxou a cadeira e sentou. Uma expressão intensa no rosto.
Carlo olhou a ficha dela e viu:
Roberta Manoela Dunna. 25 anos, formada e falando três idiomas: Inglês, Espanhol e Português.
Promissor. Mas não o bastante.
— Srta. Dunna vamos ser diretos, minha filha pediu essa entrevista. Ela tem um grande carinho pela sua Mãe. Se não fosse por isso dificilmente você teria passado pela triagem.
Endireitando os ombros no tom dele, ela resolveu ser direta também e que se explodissem as consequências:
— Agradeço pela entrevista Sr. Sandoval. E sim, sua filha disse a mi madre que marcaria essa entrevista. A qual sou grata. Mas realmente, eu não me encaixaria no seu quadro de funcionárias a julgar pelas candidatas que vi hoje.
Carlo observou o fogo nos olhos dela... Amendoados. E na boca. A miniatura tinha cerne
— Se explique — Ele exigiu
Dando de ombros ela continuou:
— A manhã toda, eu vi modelos tentadoras, fingindo que tem algum interesse por esse cargo, que não seja um meio de chegar mais rápido a cama de alguém do quadro de executivos. Nem uma delas olhou sequer uma única vez para os inúmeros prêmios na parede, ou comentou que a empresa cresce mais de 30% na bolsa todos os dias. Ou que esta na lista da Forbes como uma mina de ouro.
Ele observou surpreso e fascinado o modo como ela falava e a exatidão de suas palavras.
— E como você sabe disso?
Parando para respirar ela disse:
— Como eu disse a Barbie lilás mais cedo, Sr. Sandoval, eu vim pelo emprego. Não pelos seus olhos indefinidos. Mesmo eles sendo lindos. Sou formada e capacitada. Posso organizar digitar, e me manter focada no trabalho. Mas não uso roupas de grife ou saltos 12 cm, esses aqui tem quatro e já quero gritar. Como vê Senhor Em mim não veria alguém disposto a lhe seduzir. E sim garantir o salário no fim do mês.
Carlo levantou da cadeira e deu à volta a mesa. Sua altura ficando evidente. Chegando perto dela, viu os ditos sapatos e sorriu:
— Particularmente nunca entendi porque mulheres tentam se matar diariamente usando isso. Minha filha Cara tem dois quartos em casa só para seus sapatos.
— Dois quartos? — Roberta sentiu o rosto arder — Deuses, eu só tenho 10 pares.
— O que me diz que você é uma mulher prática. Bom Srta. Dunna creio que isso é tudo, nossa entrevista foi no mínimo inusitada.
Ela se levantou e estendeu a mão para ele:
— Obrigada Sr. Sandoval. Boa sorte com sua secretária e que o novo software seja tão esplêndido quanto o último.
Sorrindo surpreso ele a acompanhou ate a porta e a abriu.
— Boa tarde Srta. E antes que eu me esqueça, essa mancha na sua lateral deve sair com agua morna e sabão.
Só então ela viu que sua blusa estava manchada de chocolate. Baixando a cabeça e maldizendo sua sorte ela se despediu e saiu.
Carlo a olhou ir embora e tomou uma decisão. Olhando para a mulher do RH responsável pelas entrevistas disse:
— Contrate-a.
Roberta sentia vontade de chorar. Nada naquele dia havia dado certo. A única parte boa havia sido conhecer Carlo Sandoval.
Agora lá estava ela, meia hora mais tarde, tentando descobrir o que havia de errado com Odete. Debaixo de chuva.
Carlo passava pelo estacionamento quando um corpo inclinado dentro do capô de um projeto de carro lhe chamou a atenção no estacionamento quase vazio. Era sexta e todos saiam cedo. E chovia fortemente.
Olhando com mais atenção ele reconheceu Roberta. Toda molhada. Parando ao lado dela ele baixou o vidro ignorando a chuva que caia e gritou:
— Srta. Dunna.
Roberta ouviu aquela voz e bateu a cabeça com o susto. Se arrumando enquanto checava a cabeça ela ficou frente a frente com ninguém menos que Carlo.
— Odete não quis pegar.
Ele a olhou confuso
— Odete?
— Sim. Meu carro.
Ele precisou se controlar para não rir. Ela era uma coisa. Mas daí a dar nome ao carro... Descendo ele chegou ao lado dela e disse:
— Talvez seja melhor deixar Odete aqui e eu lhe dou uma carona. Esta escurecendo.
Vendo que ela hesitava, ele achou melhor falar com cuidado:
— O estacionamento é vigiado a noite. Odete ficará bem. Eu prometo.
— Não precisa me dar uma carona. Eu posso pegar um ônibus.
Levantando a sobrancelha ele disse:
— Assim? Molhada? Vamos criança, eu não tenho a noite toda. Aliás, estou atrasado e por conta disso tudo terei que me trocar antes do meu compromisso.
Desistindo ela pegou sua bolsa, fechou Odete e se despediu dela:
— Fique bem minha senhora. Vemos-nos amanhã. — e entrou na porta aberta por Carlo. Que deu a volta e sentou no banco do motorista e a olhou.
— Que foi? — Ela perguntou
— Seu endereço.
Corando ela deu o endereço e ele deu partida no carro. Tão silencioso e suave.
Carlo olhou para ela de canto e a viu esconder um bocejo. Ela era bonita por fim. Mesmo molhada e louca.
Entrando na rua indicada ele parou em frente a uma casa minúscula com um jardim totalmente descombinado.
— Chegamos!
Ela pareceu sair do transe e sorriu:
— Obrigada Senhor E mais uma vez me desculpe por atrapalhar.
— Se cuide Srta. — Ele esperou ela sair e foi embora.
Entrando em casa ela viu a secretaria ligada e apertou o botão. Uma voz disse: — O emprego é seu.
E dava mais instruções. Mas porque ele não disse nada...
Dando de ombros foi se trocar para fazer o jantar. Sua mãe logo chegaria.
Olhando para a mulher a sua frente Carlo tentava se concentrar. Mas era inútil. Ate ser acertado por nada menos que uma bola de pão.
– Cara!
Rindo sua filha disse:
– O Senhor passou a noite absorto. Estamos falando ha horas e nada.
Sorrindo ele disse:
– Então sua vingança é pão? Te ensinei mal mocinha... — Pegou uma batata frita. Que caiu bem na testa de Alissa. Estava formada a animada confusão. E ele amava aquilo.
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MEU TORMENTO 03 - louco amor
Romance"Meu passado me condena" esse poderia ser facilmente o tema da vida de Carlo Sandoval, o patriarca da família. Bilionário, CEO, bom amigo, excelente papo, pai amoroso, porém ausente. O CEO sempre viveu para o trabalho e tendo ao lado belas mulheres...