Capítulo Onze - Bônus

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As horas passavam e nada de Alissa acordar, segundo a enfermeira isso era bom, seu corpo se recuperava. Mas não diminuía a tensão de Carlos e dos filhos, enquanto sua menina não abrisse os olhos e contasse porque havia ingerido tantos remédios, ele não ficaria calmo. A presença silenciosa de Roberta era um bálsamo. Cara havia conversado um pouco com ela, assim como Nina, e ele agradecia por isso, suas meninas eram doces, mas assustadoras demais quando queriam. Apesar que ele achava que Roberta não se deixaria intimidar, ela tinha fibra e força, ainda que cercada por gentileza.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo médico que chegava naquele momento.

— Sr. Sandoval, ela acordou. Em alguns minutos uma enfermeira virá buscá-lo para ir vê-la. Lamento mas apenas o Senhor poderá entrar.

Ele deu um aceno e saiu. Carlo voltou a sentar e olhando cada um, viu diferentes expressões:

Medo, raiva, preocupação, alívio. Todos compartilhavam dos mesmos sentimentos.

Algum tempo Depois a enfermeira, Beth era o seu nome, ela havia cuidado também de Nina, veio encontrá-lo. Ele se levantou e dando um beijinho em Roberta, seguiu.

Roberta sentiu todos os olhares sobre sí. E aguardou.

— Então você é a assistente do meu sogro... — Marissa olhava para ela fixamente.

— Sim, sou assistente dele. E você deve ser Rissa, Carlo fala muito sobre vocês todos.

— Eu gosto muito da sua mãe Roberta. Ela é um amor de pessoa. – Nina disse tranquila.

– E ela gosta muito de você. Sempre fala muito bem e com carinho sobre você. Aliás obrigada por ter conseguido a entrevista para mim.

Carlo entrou no quarto em silêncio, parou e ficou observando sua filha, Alissa estava deitada na cama com alguns fios conectados à ela, e olhava para a janela, como se não visse nada

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Carlo entrou no quarto em silêncio, parou e ficou observando sua filha, Alissa estava deitada na cama com alguns fios conectados à ela, e olhava para a janela, como se não visse nada.

– Alissa...

Ela não se virou, mas ele sabia que havia chamado a atenção dela.

– O que houve minha filha? O que te levou a tal ponto pra fazer isso?

Só então ela olhou pra ele e ele viu raiva e dor em seus olhos. Mas não podia ceder, ela precisava se ajudar e deixar que eles a ajudassem.

– O que deu em mim?  Eu estou morrendo meu pai, cada dia eu morro um pouco. Você não faz ideia do que é isso.

Ele se aproximou dela e chegando bem perto disse de um modo firme e suave no entanto:

– Eu sou seu pai Alissa, sinto tudo o que te aflige, sua dor é a minha.

Ela riu sem humor e disse rascante:

– Sente? Tem certeza? Por anos você foi uma visita, um cheque depositado na conta de mamãe, nunca indo visitar, nunca se interessando pelo que me acontecia. Agora quer se preocupar papai? Porque eu deixei de ser a filha perfeita, a bailarina perfeita, a empresária impecável?

Carlos sabia que ela não queria dizer aquelas palavras, mas elas doeram assim mesmo. Respirando fundo ele sorriu e disse a ela :

– Eu não fui um pai perfeito Alissa, sei disso, mas ainda sou seu pai, e como seu pai e nesse momento graças a sua atitude, seu guardião legal, eu digo o que você vai fazer, o que nós vamos fazer, você vai se tratar, vai fazer cada procedimento para se curar. E não pense que vai poder fugir disso, da vida. Agora descanse.

Deu um beijo na testa dela e se afastou. Apenas depois de fechar a porta atrás de sí, se permitiu derramar algumas lágrimas.

E foi falar com o médico.

Roberta o viu se aproximar e notou a tensao em seus olhos. Aguardou em silêncio enquanto a família perguntava como Alissa estava e ouviu tudo o que ele disse, e o que não disse.

Depois de falarem com a enfermeira, todos saíram. O hospital não permitia acompanhantes, apenas em certas situações, o que não era o caso.

Após se despedir dos filhos, ele abriu a porta do carro para ela e dirigiu em silêncio por algum tempo. Até parar o carro e ficar de cabeça baixa.

– Desculpe, eu só precisava de um momento. — e voltou a dirigir.

Roberta entendia ele e respeitou seu silêncio. Ele estacionou o carro em frente à sua casa e ela desceu. Ele a acompanhou até a porta e lhe deu um beijo.

— Eu venho buscar você amanhã pela manhã.

Ela o viu descer a rampa de cabeça baixa e os ombros caídos e sentiu um aperto no peito pela sua dor.

Mais tarde naquela mesma noite, Carlo não conseguia tirar as palavras de Alissa da cabeça, ela tinha razão em cada uma delas. Mas ele tentava compensar. Pelo visto não com sucesso.

Ele ajeitou o travesseiro e fechou os olhos. Esperando o sono vir.

O que só aconteceu perto das 04 da manhã. Maldição.

Já Roberta em sua casa, pensava no quanto ele estava se tornando especial em sua vida e em como isso a fazia se sentir bem e mais leve, em vez de assustada e confusa.

A manha chegou rápido demais e com ela um Carlos silencioso.

Ele chegou cedo, levou o café da manhã que tomaram juntos e isso incluía sua mãe e enquanto Roberta foi se trocar, os dois ficaram conversando. Algum tempo depois ela desceu a tempo de ouvir as palavras de sua mãe:

– A vida nos faz fortes e as vezes ela cobrar uma Prova dessa Força. Sua filha vai ficar bem, mas vocês precisarão estar com ela a cada passo, mas não lutar no lugar dela.

MEU TORMENTO 03 - louco amor Onde histórias criam vida. Descubra agora