Carlo observou quando Roberta e Betty se afastaram, imaginava o que elas iriam conversar, e a julgar pela tensão no rosto dela, ele sabia que não seria uma conversa fácil. Necessária, mas difícil.
Pensou então em Alissa, desde a saída da filha do hospital, eles mal haviam conversado, doía admitir mas as palavras amargas dela, haviam causado muita dor em seu coração. Ele tinha plena consciência que não havia sido um bom pai, achava que dinheiro supria as necessidades dos filhos, e não presença. Ele havia falhado com cada um dos filhos. Javier por afastá-lo, Alissa, Nina e Cara, por não perceber que as filhas viviam um inferno com suas mães. Nina quase havia morrido, mais de uma vez e isso o assombraria todos os dias. Alissa havia sido ferida, mais de uma vez... E Cara, ele não queria nem lembrar do quanto seu pequeno furacão havia sofrido, Cara sempre tão forte, sempre tão protetora, escondia mais que as marcas no corpo, ela escondia dores na alma que ele como pai, daria tudo para curar. Mas não podia, podia apenas estar perto quando ela finalmente quebrasse. E ele sabia que isto estava mais próximo do que nunca.
Ele pegou o telefone e discou o número da filha. Ela atendeu ao terceiro toque.
– Cara?
Ele ouviu o suspiro dela antes que ela dissesse:
– Oi papai. Como está a viagem?
Ele ouviu o cansaço na voz dela e ficou sério.
– Estamos nos divertindo muito filha, e como estão as coisas por aí?
– Alissa está bem, na medida do possível, parou de berrar para as paredes ao menos, está com Nina e Vitor, Javier e Rissa estão bem, se divertindo em alguma loja de artigos infantis... – Ele ouviu a pausa e imaginou a testa dela franzida – E eu, estou aqui, sentada a mesa nesse momento.
– César está com você?
Ela ficou tanto tempo em silêncio, que ele achou que a ligação havia caído.
– Em Madri, com a mãe dele e a família.
Carlo sabia que aquele era um assunto delicado para a filha e não insistiu, mas teve uma ideia que talvez a animasse
– Porque não vem passar esses dias conosco? Seria ótimo filha.
– Eu não sei papai, o Sr. sabe que eu e o mar não somos grandes amigos, e eu não me sinto festiva. Odiaria estragar o clima entre vocês.
Ele sentiu um aperto ao lembrar porque ela odiava o mar.
– Viu mandar o helicóptero buscar você em cerca de duas horas. Deve dar tempo de você preparar algumas roupas.
E desligou.
Em sua casa, Cara olhou pela janela e olhando a tela do computador, voltou a ler o que César havia mandado em seu e-mail.
"Cara...
Aqui tudo vai bem, mas mamãe insiste que eu me estabeleça, papai não anda tão bem com a saúde e minha presença se faz cada vez mais necessária. Não sei como faremos, nós dois, como conciliar nosso tempo, mas desejo que o possamos. Sei que discutimos muito antes de minha viagem, mas peço que pense com carinho em meu pedido. Que mal pode haver em nos casarmos? Em termos filhos? É o esperado por todos enfim. E é o que eu preciso. E você?
César."
Ela fechou a tela, sem responder e se levantou. As palavras tão frias, em nada lembravam o homem apaixonado que fazia amor com ela todas as noites, que não se importava com suas marcas... Este César era outro, o homem de negócios frio, sério e autoritário. O homem que ela amava, que a fazia rir, e que agora pedia a única coisa que ela sabia que não poderia ter... Um filho.
Subindo as escadas, ela foi até o quarto e preparou uma mala, precisava do colo do pai naquele momento.
Em Madri, César desligou o computador, sabia que ela havia recebido seu e-mail, afinal havia estado on-line, mas não o respondeu. Mas ele não podia fazer nada naquele momento, iria com sua mãe a casa de uma das amigas dela, para um almoço.
Respirando fundo, ele desceu as escadas e saiu.
***
Roberta viu os ombros da mãe se curvarem quando ela terminou de falar. Betty não havia dito uma única palavra, apenas olhou para o mar. Roberta sabia que a mãe ainda nutria esperanças de que Liz voltasse e que mãe e filhas se reunissem. Doía nela acabar com aquilo.
– Ela nunca irá mudar não é?
Betty parecia tão desalentada, tão desarmada que a filha a abraçou apertado.
– Queria poder lhe dizer que sim, que ela vai voltar mamãe, mas creio que não. Que a sua Liz, se perdeu.
As duas se deram as mãos e ficaram olhando o horizonte. Perdidas cada uma em seus pensamentos. Em suas recordações.
Enquanto isso, uma Liz furiosa num quarto barato de hotel, procurava por todas as informações possíveis sobre Carlos Sandoval. E o que achou a fez sorrir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU TORMENTO 03 - louco amor
Romance"Meu passado me condena" esse poderia ser facilmente o tema da vida de Carlo Sandoval, o patriarca da família. Bilionário, CEO, bom amigo, excelente papo, pai amoroso, porém ausente. O CEO sempre viveu para o trabalho e tendo ao lado belas mulheres...