Capítulo 02 - O que houve comigo?

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Bem cedo na manhã seguinte Roberta entrou no estacionamento da Sandoval, não deixando de notar o carro dele estacionado ao lado do seu. Porque ele havia estacionado ali era um mistério. E outra o homem madrugava, ela precisaria conversar com Banderas, ele iria ter que tocar no horário sempre. Senão ela estaria perdida. Pelo canto do olho notou a aproximação de dois homens, um trajando as vestes da segurança, o outro em jeans.

—  Bom dia Srta. Dunna, esse é Guillermo, nosso mecânico, ele irá olhar seu carro. Eu sou Luiz, segurança.

—  Vocês tem um serviço de mecânicos próprio?

—  Nossos chefes fazem questão de cobrir qualquer eventualidade. E hoje ao chegar o Sr.Carlo foi bem claro quanto a isso.

—  Obrigada então. Odete é muito especial para mim.

O segurança pediu licença. E se foi. Guillermo era um homem de poucas palavras e em poucos minutos ela pode ouvir o ronco do motor de Odete. Abençoado fosse.

—  Por hora deve dar um jeito, mas saiba que a qualquer momento ela deve morrer de vez. Talvez seja...

—  Obrigada Guillermo, mas Odete é forte, ela aguenta o tranco, nós duas.

Ele se despediu e se foi, ao ver que não havia pagado o serviço ela correu atrás dele e caiu no chão. No que foi prontamente ajudada pelo rapaz e informada que não havia conta, que era ordem da chefia.



Carlo viu quando ela chegou e sentiu vontade de descer, saber se a chuva havia causado algo a ela, mas não o fez, apenas ficou observando a cena. Vestindo jeans e camiseta Roberta parecia diferente. Ele viu a expressão dela quando a velharia deu sinal de vida pelo jeito e sorriu. O sorriso morrendo quando a viu cair com tudo no chão ao correr atrás de Guillermo. Tola. Sem pensar ele saiu da sua sala e pegou o elevador. Apertou o térreo e aguardou. O elevador abriu algumas vezes e ele estava ansioso pela demora.

Quando finalmente chegou ao térreo e saiu, ela já estava indo embora. Ignorando o olhar surpreso da segurança e restante da equipe ele foi ate Guillermo e o interpelou:

—  Ela estava bem?

Sem titubear o outro respondeu:
—  Sim Senhor. Alguns arranhões pelo que pude ver, mas creio que nada sério.

Sem dizer nada, ele entrou e subiu.

Lógico que seu comportamento atípico chegou aos ouvidos de suas filhas. E antes mesmo que ele se sentasse a porta de sua sala foi aberta e suas meninas entraram.

Sentando sem cerimônia no sofá Aliada disse:

—  Conte,

Nina disse:

—  Quem é...

Cara terminou:

—  Ela...

Estupefato que elas tivessem esse timing perfeito, ele disse:

—  Não sei do que falam, e também não é da conta de vocês.

Era como acenar com um pano vermelho na frente de um touro.

Chegando em casa, Roberta desceu com cuidado e sentiu dor ao pisar no chão, pelo jeito havia torcido o pé, entrando em casa, ela subiu com cuidado a escada e entrou no quarto. Tirando a roupa com cuidado, ela viu os arranhões e ficou feliz por só precisar começar a trabalhar em 10 dias.

Depois do banho, ela fez alguns curativos e foi para a sala. Com um copo de suco em uma mão e uma tigela de salgadinhos ela se sentou no sofá. Ligando a televisão ela colocou no seu canal favorito: FX. E amou estar passando Dexter. O cara podia ser louco, mas era um gênio.

Após beber e comer ela se recostou confortavelmente no sofá. E caiu no sono.

Após uma manhã exaustiva, em parte pela presença de suas filhas, Rissa também, pois Cara havia contado a ela, Carlo sentia vontade de gritar. Mulheres. Os seres mais curiosos do mundo. E tudo porque ele havia ficado preocupado com uma funcionaria.

O que diriam elas se o vissem naquele momento? Enquanto descia do carro com duas enormes embalagens de comida e caminhava até a entrada da casa de Roberta. Ele não sabia por que estava ali, mas quando havia dado por si, estava saindo do seu restaurante favorito, com uma bela porção de cada prato favorito dele e um bolo de chocolate inteiro.

Fazendo malabarismo ele tocou a campainha.

Roberta ouviu longe a campainha e se alongou. O corpo doía. Olhando o relógio se assustou, pois passava do meio dia, ela havia dormido por mais de duas horas. Levantando ela disse alto:

—  Estou indo. —  Sem olhar no olho mágico abriu.

Carlo viu a expressão abobalhada dela e quis rir. Seus cabelos estavam desalinhados e ela tinha algo como baba no canto da boca. E descendo o olhar, viu um joelho roxo e pé inchado. Maldição. Ela havia se machucado.

—  Carlo. Digo Sr. Sandoval...

Ela mal acreditava, ele estava ali e segurando algo que cheirava incrível. Tão incrível que seu estômago roncou.

—  Entre Senhor

Ele a seguiu, vendo como ela caminhava devagar. Olhando ao redor, viu a sala pequena, porém confortavelmente decorada. E a TV ligada no FX

Ele odiava esse canal. Sobretudo Dexter.

—  Mas o que o trouxe aqui...

—  Carlo. Me chame de Carlo. E eu fiquei preocupado, vi sua queda e quis me certificar de que tudo estava bem, o que pelo que vi não é verdade. E como estou com fome e como pode ver, me convidei para almoçar com você. Agora seja uma boa menina e me mostre à direção da cozinha. E fique sentada.

Pasma ela apenas apontou o cômodo e sentou.

Na acolhedora cozinha, ele acabou por achar tudo que precisariam inclusive uma mesa com rodinhas e arrumando tudo sobre ela a levou até a sala. Abrindo os potes de comida os dispôs perto dela e entregando um prato e talheres a ela a observou se servir.

Roberts sabia que deveria comer pouco, não atacar a comida na frente dele, mas a quem iria enganar? Ela amava comer, estava faminta e ele havia trazido um mini banquete.

Carlo a viu se servir de uma porção de cada alimento e ficou satisfeito. Uma mulher que não contava calorias. Era um alívio.

Se servindo ele disse:

—  Você faz idéia de como é terrível comer com uma mulher que conta as calorias de um alface?

Sorrindo ela disse:

—  Eu nunca fui do tipo que faz dietas. Menos ainda com a caçarola de mi madre.

Sorrindo de leve, ele deu uma mordida num charuto e disse:

—  Preciso comer então. Minha mãe fazia uma incrível.

Nesse momento Roberta deu um sorriso brilhante e foi como de toda a sala resplandecesse.

Eles comeram a comida quase toda, e enquanto ela passava um gel, que ele havia pegado no carro, no pé, ele levou a louça para a cozinha e a colocou na lava louças.

Com um bule de café em um mão e as xícaras na outra ele voltou a sala e disse:

—  Hora da sobremesa!

Não foi preciso um segundo convite.

Quando finalmente havia ido embora, Carlo se perguntava o que afinal havia com ele. Não que ele fosse um bastardo. Mas aquele Carlo de hoje com Roberta, apenas sua família e raríssimas outras pessoas conheciam. Se mostrar assim com uma desconhecida era loucura. Ainda mais com uma que seria sua secretária em alguns dias. Apertando os lábios ele tomou a decisão de manter distância. Dentro e fora do escritório. Era o certo. Mesmo que ela tivesse lindas covinhas ao sorrir.

MEU TORMENTO 03 - louco amor Onde histórias criam vida. Descubra agora