Olhando Roberta sentada a sua frente enquanto tomava algumas notas, Carlos pensava na sorte que tinha, ela era divertida, inteligente, linda, sagaz e muito competente. A melhor assistente que já teve, controlando tudo sem precisar até do seu auxílio e pessoalmente,uma mulher como só havia conhecido uma vez na vida. Seus olhos se nublaram ao pensar na mãe de Javier. Tão doce, tão meiga e tão frágil.
— Algo mais?
A voz de Roberta lhe tirou dos pensamentos e ele sorriu para ela.
— Tomou nota de tudo?
Assentindo ela se levantou e ele admirou o belo conjunto que ela usava, uma calça vinho e uma blusa de poá preta.
— Se me der licença, vou corrigir tudo no computador e enviar. E pare de olhar meu bumbum — Ela rachou, sem conseguir conter o riso na voz.
Ele sentiu o rosto corar, como quando tinha 9 anos e fora pego admirando a melhor amiga de sua irmã. Roberta fazia isso com ele, o fazia se sentir jovem novamente.
Ele queria passar mais tempo com ela, eles iriam ao cinema na noite seguinte, por insistência dela veriam um filme de ação, sua garota gostava de algum sangue. Ele riu ao imaginar ela como "sua garota".
Nesse momento seu telefone particular tocou.
— Alô.
Silêncio. Até que...
— Pai, eu não me sinto bem... — E a ligação foi cortada. Alissa.
Com um mau presságio ele se levantou e pegou suas chaves, saindo apressado nem ao menos parou na mesa de Roberta, apenas disse no caminho:
— Ligue para Javier e peça que vá direto a casa de Alissa. Por favor.
E saiu.
No caminho para a casa da filha, ele lembrava como ela parecia frágil e abatida quatro noites antes, quando eles se reuniram para o jantar semanal da família, não que ele e seus filhos se vissem apenas nesse dia, eles se viam e falavam todos os dias. Alissa estava mais magra, e com olheiras profundas. E mais arredia que o normal. Doía em seu coração não poder fazer nada por sua menina. Nem mesmo obrigá-la a se tratar.
Estacionando na frente da casa, ele correu para a porta e a encontrou fechada, rodeando a casa, ele olhou pelas janelas enquanto a chamava, amaldiçoando não ter as chaves com ele. Ouviu o barulho de freios e viu Javier e logo atrás Vitor descerem dos carros. Olhando a janela novamente, viu um braço no chão. Reconheceu a tatuagem no pulso. Alissa.
Antes que pudesse dizer algo, viu Vitor quebrar uma das janelas, enquanto Javier ligava para a Emergência.
Ao entrar eles correram até ela a à viram desacordada. Um frasco de remédios do seu lado. Olhando para o filho e o genro ele seguiu o olhar deles e só então percebeu a bagunça ao redor, móveis quebrados, os espelhos em pedaços no chão e conhaque. Muitas garrafas vazias.
— O que você fez minha filha...
Nesse momento a ambulância chegou e os paramédicos entraram correndo. O que foi um alívio pois ela começava a ter uma convulsão.
Horas mais tarde, ele se sentia prestes a perder a sanidade. Alissa havia tentado se suicidar, os remédios que ela havia ingerido com álcool eram para dormir. Ele se sentia cansado. Cada ano pesando em seus ossos.
A seu redor a família estava abatida, suas filhas caladas. Ninguém queria dizer em voz alta a gravidade de tudo. Ele havia ligado para Roberta e contado o que houve. Ela lhe deu apoio, mas ele a queria ali com ele. Sabia que ela poderia acalmar seu coração.
— A família da paciente Alissa. — O médico chegou — Sr. Sandoval, sua filha ingeriu uma quantidade alta de remédios que agravados pelo seu problema de saúde causaram nela alguns problemas, ela ficará internada por alguns dias e sinto dizer mas tivemos que notificar as autoridades. Como sabem suicídio é grave.
Ele seguiu falando, mas ele já não ouvia. Assim que o médico saiu se levantou e foi até o fim do corredor. Dando um encontrão em alguém que vinha apressada. Levantando a cabeça, ele ficou surpreso. Roberta.
— Eu sei que não devia estar aqui, que é um momento de vocês, mas eu senti que você precisava de mim.
Ela estava nervosa. Ele fez a única coisa que pensou na hora. A beijou suavemente e disse — Deus sabe o quanto preciso de você aqui.
E segurando a mão dela voltou para junto da família.
Roberta se sentia nervosa, afinal era um momento delicado, e todos estavam nervosos. Mas ela não seria intimidada, Carlos a queria ali e ela ficaria ali. Mesmo que o olhar na face de Cara fosse aterrorizante. A minion loira era assustadora pelo que ouvira dizer.
Ela cumprimentou a todos, mas diferente do que pensou, foi muito bem recebida. E nem por um segundo ele soltou sua mão. Ambos se sentaram e aguardaram. Como um casal, ela se permitiu sonhar.
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MEU TORMENTO 03 - louco amor
Romance"Meu passado me condena" esse poderia ser facilmente o tema da vida de Carlo Sandoval, o patriarca da família. Bilionário, CEO, bom amigo, excelente papo, pai amoroso, porém ausente. O CEO sempre viveu para o trabalho e tendo ao lado belas mulheres...