Carlo acordou cedo na manhã seguinte, Roberta ainda dormindo a seu lado, por alguns momentos ele ficou apenas olhando para ela, os cabelos caindo no rosto, a respiração suave. O lençol cobrindo apenas metade de seu corpo, o restante coberto por um baby doll com estampa de gnomos. Ele sempre havia preferido lingerie sexy, em mulheres sensuais. E não havia nada de sensual naquela roupa, aliás Roberta não era em nada uma femme fatale, ela era desastrada, petulante, desengonçada em muitos momentos, mas ele se sentia mais atraído por ela, mais envolvido por ela, do que por qualquer outra antes. Sua personalidade era cativante, divertida, e ele adorava seu sorriso. Adorava o modo como ela não aceitava suas coisas e o instigava a ser mais ameno.
Eles iriam embora naquela tarde, Betty e Cara ficariam um pouco mais. Ela não estava muito feliz em saber que César chegaria naquele dia, e havia dito isso em alto e bom som, tal qual um marinheiro bêbado e zangado faria. Ele tinha medo de saber como tantas palavras ofensivas e obscenas podiam sair de uma boca tão suave e de uma mulher com aparência angelical. Ele quase tinha pena do genro. Quase.
Ele se levantou e foi tomar um banho, quando saiu, ela continuava a dormir. Ele vestiu uma calça e uma camisa 3 saiu. Já havia falado com a equipe no dia anterior e nada mais precisava ser feito. Ele foi até o deque e encontrou Cara sentada a mesa. A filha não parecia muito animada.
- Bom dia Cara.
Ela sorriu.
- Roberta?
- Dormindo.
Ela a sentiu e voltou a olhar o mar.
- Quando eu era pequena, queria ser a Ariel, poder nadar por aí. Até perceber que ela iria querer ser eu se fosse realidade. Mas como eu invejava nela sua alegria de viver. Até aprender que a gente pode construir imagens. Mesmo não sendo elas reais o tempo todo.
Ele não entendeu bem o que ela falava, mas Cara parecia falar para si mesma alheia a ele.
- Eu posso não conseguir ter filhos papai. E César quer crianças.
Ele ficou calado, apenas segurando a sua mão.
- E eu estou cansada de fingir que não dói, que a minha vida é somente alegrias. Não é. Nunca foi.
Ele ia se levantar quando um barulho atrás dele se fez ouvir.
Um César muito pálido estava olhando para eles.
Cara se virou e fechou os olhos.
Ele se levantou e deixou os dois a sós.
Roberta o encontrou no caminho e juntos eles foram para o escritório.
No começo da noite ele estacionou o carro na frente da casa dela, Roberta havia insistido em dormir na própria casa e ele não pôde convencê-la do contrário.
Ele a deixou em casa a contragosto mas a fez prometer que esperaria por ele de manhã.
Roberta estranhou a cama, havia dormido ali por anos e após alguns dias em outra cama, com um corpo junto ao seu não conseguia dormir.
Pegando o celular viu que passava das 23hs. Tarde mas não muito.
- Alô - Carlo atendeu ao segundo toque. A voz ansiosa - Também não consegue dormir?
Ela sorriu ao dizer:
- Não mesmo. Sinto falta de colocar minha perna sobre a sua.
Ele sorriu.
- Também.
Eles continuaram a conversar por um longo tempo, até que ela acabou por dormir.
- Bons sonhos doce Roberta - Ele sussurrou antes de desligar. De repente dormir parecia ótimo.
A manhã chegou logo e ela se vestiu com cuidado e esperou por ele. Calça azul, blusa de poa branca com azul e sapatos vermelhos. Cabelos presos de lado e batom vermelho. Se sentia bonita.
Carlo parou o carro pontualmente as 08hs na casa dela, Roberta vindo ao seu encontro e ao olhar para ela, sentiu falta dos vestidos de verão. Embora ela estivesse linda.
Ele abriu a porta para ela, não sem antes lhe beijar. E aguardou que ela se acomodasse.
Assim que parou o carro na sua vaga desceu e abriu a porta novamente para ela. Após pegar as coisas de ambos, fez menção de segurar sua mão e foi parado pela reação dela.
- O que há?
Ela olhou para ele incerta
- Não achei que você fosse querer mostrar para todos que estamos juntos. O que eles vão pensar?
Carlo a olhou e seriamente disse:
- Ao inferno para a opinião alheia. Eu já mostrei que estamos juntos para a nossa família, e você vem se preocupar com estranhos? Eu não sou um menino Roberta. Sou um homem.
E dizendo isso saiu a frente pisando duro. Mas mesmo assim seu cavalheirismo faliu mais alto e ele abriu a porta para que ela entrasse e também esperou que ela se acomodasse primeiro no elevador. Tudo no mais completo silêncio.
Ela quis conversar mas ele passou por todos como um furacão e entrando na sala da presidência, bateu a porta bem forte.
Roberta achou melhor deixar que ele se acalmasse. Antes de conversarem.
Mas não conseguiu. Entrando sem bater ela o viu parado a janela. Já sem o paletó.
Chegando perto dele, ela disse:
- Eu sinto muito se fiz parecer que não quero que saibam que estamos juntos. Eu quero, aliás a julgar pelos olhares para você, é melhor tatuar que estamos juntos.
Ele se virou para ela ainda sem sorrir e disse num tom frio. Agora não é hora, discutimos isso depois. Por favor volte ao trabalho.
E se sentou.
Roberta olhou para ele sem acreditar naquilo e pisando duro se virou saindo da sala.
Grosso.
Carlo quis ir até ela, mas ser tratado como segredo não era o que queria para ambos. Ele queria mais. Muito mais deles.
O dia foi estranho e tenso. Ele falou com ela apenas o necessário e mesmo na hora em que a deixou em casa ao fim do expediente, foi de poucas palavras. Exceto pelo beijo que lhe deu antes que ela abrisse a porta do carro e descesse.
Idiota.
Se eu me apaixonar
tem que ser pra sempre, ou não vou me apaixonar
E os beijos, nesses dias serão quentes, estranhos, fatais
Terão música e poesia, como os filmes que não fazem mais
Se eu me apaixonar, será sem limites, ou não vou me apaixonarNão vou me apaixonar
E no instante em que eu me der
Tiver de ser, o que tiver de ser
Vou me apaixonar por vocêSe eu me apaixonar, tem que ser pra sempre, ou não vou me apaixonar
E os beijos, nesses dias serão quentes, estranhos, fatais
Terão música e poesia, como os filmes que não fazem mais
Se eu me apaixonar, será sem limites, ou não vou me apaixonar
Não, não vou me apaixonar
E no instante em que eu me der
Tiver de ser
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU TORMENTO 03 - louco amor
Romance"Meu passado me condena" esse poderia ser facilmente o tema da vida de Carlo Sandoval, o patriarca da família. Bilionário, CEO, bom amigo, excelente papo, pai amoroso, porém ausente. O CEO sempre viveu para o trabalho e tendo ao lado belas mulheres...