Capítulo Dezesseis - Relembrando

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Sei que havia prometido apenas 3 capítulos hoje, mas não consegui, precisava vir e conversar mais um pouquinho com vocês...

Roberta acordou no meio da noite e viu Carlo dormindo pacificamente ao seu lado. Ela sorriu e levantou indo até o banheiro, voltando logo em seguida para o quarto, bebeu um copo com água e sentando no sofá do outro lado, ligou a televisão, passava um filme que ela amava: Noite de Ano Novo, ela amava a mensagem desse filme, que era sobre perdão, reencontro e novos encontros, fora o fato de ter Bon Jovi, Josh Duhamel, Zac Efron, Ashton Kutcher, Robert De Niro, Common, e um elenco feminino incrível, como A Carrie de sexy and the City, Roberta sempre esquecia o nome da atriz.

Ela começou a assistir e ficou tão absorvida no filme que não viu que Carlo havia acordado e a olhava.

Ela sentiu sua aproximação e se afastou um pouco mais pra frente para que ele deitasse atrás dela. O que ele fez e abraçou.

– O que você está vendo?

– Noite de ano novo, é um filme...

– Eu gosto da cena da enfermeira com o soldado, gosto de como ela se arrumou para ele. E também gosto da cena do elevador entre aquele carinha que substitui Charle Sheen em Dois homens e meio.

Roberta se virou para ele com um sorriso enorme no rosto.

– Eu sabia que havia algo mais que me fazia amar você...

Dito isso ela ficou em silêncio, se martirizando por se declarar.

– Eu também amo você Roberta.

Os dois ficaram se olhando em silêncio e voltaram sua atenção ao filme.

— Liz nem sempre foi daquele jeito, ela costumava cuidar de mim quando mamãe precisava trabalhar até mais tarde. Até que ela foi mudando, foi exigindo coisas que mamãe não podia dar. Se metendo em confusões. E um belo dia, ela pegou as economias que mamãe havia juntado e foi embora. Não sem antes vender a televisão, e tudo de valor que tínhamos. Eu cheguei da escola e encontrei minha mãe chorando. Eu não sabia o que dizer ou o que fazer, mas abracei minha mãe e disse a ela que tudo ficaria bem. Mamãe disse que sim, e não me contou que não tínhamos mais dinheiro nem para o aluguel. Quanto mais para a comida. Ela trabalhou em todos os horários possíveis e vendeu a aliança de casamento dela, assim pagou o aluguel e aos poucos tudo voltou ao mais normal possível, mas eu sempre soube que ela sentia a falta da Liz. Eu me tornei a melhor filha, estudei o máximo que eu pude, trabalhei em tudo o que encontrei para pagar a faculdade e ajudar em casa e aqui estou eu. Só não entendo como ela se tornou essa pessoa fria, interesseira, o que há de mal em trabalhar? Em ser independente?

Carlo a virou para ele desligando a televisão, a levou para a cama, ligando a luz ele a sentou e disse:

– Você se tornou alguém de quem se orgulhar, sua mãe se orgulha de você, eu me orgulho de você. Me orgulho de saber que a sua mãe tem fibra, tem coragem. E sou grato por você compartilhar isso comigo. Sua história.

Ela o abraçou e lhe beijou. Ele a fez deitar e apagou a luz, seu corpo acordou, mas não era aquilo que Roberta precisava naquele momento, ela precisava de conforto e uma boa noite de sono. Lhe beijando os cabelos ele sussurrou baixinho:

— Tenha bons sonhos minha amada.

Roberta sorriu e começou a cantar bem baixinho uma famosa canção de ninar:

Arrorró mi niño,

arrorró mi sol, 

arrorró pedazo 

de mi corazón. 

 

este niño lindo

se quiere dormir

y el pícaro sueño

no quiere venir

 

este niño lindo

que nació de noche

quiere que lo lleven

a pasear en coche

 

Este niño lindo 

ya quiere dormir; 

háganle la cuna 

de rosa y jazmín. 

 

Arrorró mi niño, 

arrorró mi sol, 

duérmete pedazo

de mi corazón.

Logo ambos voltaram a dormir. Na manhã seguinte Ian foi embora logo cedo e eles foram para alto mar. Carlo queria mergulhar e ela estava aterrorizada com isso. Uma coisa era estar na piscina com algum chão abaixo. Outra era estar no mar, cheio de animais marinhos, incluindo tubarões, ela ainda tremia ao lembrar de como foi ver o filme, o que dirá um ao vivo, e outros animais perigosos. Mas ele estava tão ansioso, tão animado em compartilhar aquilo com ela, que ela não teve coragem de dizer não.

Eles pararam perto de um recife,  e ele disse animado:

– Aqui é um ótimo lugar para dar um mergulho.

Ela sorriu amarelo e ele parou:

– Ei, eu sei que você não sabe nada direito, e que tem medo até do filme Tubarão...

Ela parou e olhou para ele que riu

– Você falou em voz alta, mas o que eu quero dizer, é que não deve ter receio de me dizer algo, ou fazer algo que não queira, mergulhar é algo que eu amo, mas se não é o que você quer, não faça.

Ela assentiu e o viu caminhar até a borda e cair no mar. Um dia quem sabe. Mas não naquele dia.

Horas mais tarde, eles voltaram para o barco e jantaram, depois foram o deque superior e deitados em uma das espreguiçadeiras ficaram abraçados conversando e aproveitando a companhia um do outro.




MEU TORMENTO 03 - louco amor Onde histórias criam vida. Descubra agora