50. Smile

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Sorri boba. Passei a mão pela boca de leve, não queria tirar seu DNA dali. Me abaixei e peguei a chave do carro no chão do carro, ela havia caído quando ele disse que estava apaixonado por mim. A joguei no banco do carona e me recostei no assento. Eu ainda estava no banco de trás olhando para o teto.

Não consegui tirar o sorriso do meu rosto por um só segundo. A todo momento eu ficava remoendo as cenas de ter cantado no palco com ele, de ter vindo aqui, de ter descoberto que ele sempre havia falado comigo.

  "Estou completamente apaixonado por você."

Sorri novamente.

Eu estava naquela fase de ficar sorrindo até que as bochechas começassem a doer, mas não deram. E mesmo se doessem eu não conseguia tirar o sorriso do rosto.

Sorrir. Sorrir. Sorrir. Sorrir.

Era o que eu conseguia fazer.

Cruzei as pernas no banco, mas desisti segundos depois. Fiz um rabo no cabelo, mas o soltei. Coloquei meu relógio no pulso esquerdo, o voltei para o direito, dei um nó na barra da minha blusa, mas o desfiz. Sentei através do carona, mas depois voltei a me sentar atrás do motorista.

Eu não conseguia ficar parada.

Minha bolsa estava jogada no banco da frente, a peguei e aproveitei que estava quase vazia. A coloquei na frente do rosto para abafar o grito e as risadas histéricas que soltei. Gritei, gritei, gritei e gritei de felicidade.

Era como se eu estivesse num sonho. Mas eu não acordava.

Comecei a contar.

1, 2, 3, 4, 5, 6...

Não, não estou dormindo.

Não conseguimos contar quando estamos sonhando.

Eu conseguia contar. Eu conseguia controlar minhas ações e me lembrar de cada detalhe que aconteceu nas últimas 5 horas.

Eu me lembrava de tudo.

  – Oi, Isabela! – Luana disse assim que abriu a porta do banco de trás, quase me fazendo cair de costas nos pedregulhos do estacionamento.

Quem mandou ficar apoiada na porta, Isabela.

  – Pode ir na frente. – falei com a voz trêmula.

  – Cadê seu amigo? – meu pai perguntou e se sentou no motorista depois de pegar a chave no banco.

  – Acabou de ir. Lu, pode ir na frente, eu fico aqui. – falei e logo depois acrescentei sem som:

"Preciso te contar uma coisa."

Os olhos dela brilharam e ela assentiu.

  – Ok, Isa. – ela disse e se sentou na frente.

Eu queria gritar para ela a novidade, mas eu não podia, meu pai ia pensar que fumei drogas enquanto ele estava fora com Luana, e não que encontrei um "amigo".

E que amigo...

  – Vocês precisam sair mais de casa, meninas.  – meu pai disse.

Que perfeita oportunidade.

  – Podemos ir para a praça da república amanhã, pai?

  – Eu vou fingir que você não quer ir lá só por causa desse amigo que encontrou, Isabela. – ele limpou a garganta – Claro que podem, filha. É ótima essa sua iniciativa de desgrudar do celular e respirar algo que não sejam ondas magnéticas por livre e espontânea vontade.

Eu e Luana caímos na risada.

Chegamos na minha tia e cumprimentamos quem estava lá. No caso, meus dois primos, minha tia e meu tio.

AnonymousOnde histórias criam vida. Descubra agora