83. In the plane

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Aquela semana foi a mais rápida da minha vida. Fizemos tantas coisas! Eu e Luana saímos para fazer compras sozinhas, depois todos se juntaram a nós, fomos ao cinema, tomamos sorvete, compramos um enxoval para a Sophia, visitamos uma fazenda, comemos em restaurantes, fomos até a cidade vizinha para irmos no shopping, saímos quase todas as noites, pedimos pizza, vimos filmes, apresentamos comidas típicas do Brasil para os meninos e não conseguimos evitar que comessem quase 4 pratos de feijoada (4 pratos!!!!!), fomos na parte do shopping só de games e os meninos ganharam vários brindes para nós. Visitamos a Casa da Cultura e assistimos a uma peça no teatro municipal, depois comemos um cachorro quente na praça, tomamos açaí e a última coisa que fizemos antes de termos que pegar o avião de volta para Londres foi ir ao clube assistir a equipe de natação da cidade competir com outras de outros países.

Passou tão rápido. Quando pisquei, já estava de malas prontas para irmos embora. Eu tinha longas tarefas para cumprir em Londres. Simon nos deu esse tempinho de folga, mas desde que retomássemos a rotina pesada de antes. Preciso gravar umas takes para o novo álbum dos garotos, um cover com Fifith Harmony, outro com Against the Current e mais um com Natalie Pappalardo. Seria um mês bem agitado.

  - Até mais mãe- eu dei um último abraço nela - Vão nos visitar!

  - Iremos, prometo. Dê notícias da nossa pequena!

  -Pode deixar!

Meu pai havia chamado dois táxis. Um para mim, Harry e as malas e outro para Luana, Louis e as malas deles.

Harry pegou minha mão. 

  -Você está pronta? - perguntou.

  - Sim. Vamos?

Entramos no Táxi.  Eu atrás e ele na frente.  Louis e Luana também entraram no deles e nós partimos para o aeroporto.

Sophia havia começado a dar uns chutinhos na casa da minha mãe e até agora não havia parado. Viajar sei lá quantas horas assim não é muito agradável.

  Acabei conseguindo dormir por algum tempo. Mas senti minha barriga se mexer e acabei acordando.

  -Filha, dá um descanso para a mamãe, dá? - falei baixinho.

Harry, que se sentava do meu lado no avião, se virou para mim.

  - O que foi?

  - Não consigo dormir. Sophia não para de chutar - falei.

Seus olhinhos brilharam.  Desde que ela começou a chutar, Harry nunca conseguiu sentir. Ela parava assim que ele colocava a mão.

Peguei sua mão e posicionei exatamente onde ela estava chutando e esperei, meio sem confiança, já que sempre era a mesma coisa. Harry encostava a mão e ela parava.

De repente, ela chutou. Uma, duas, três vezes!
 
- Uau! Sophia? Está me ouvindo? É o papai!

Mais um chute.

Harry abriu um sorriso de orelha a orelha e começou a fazer carinho em minha barriga. Pra lá e pra cá, pra cima e para baixo, sempre movimentos suaves.

Baixinho, ele começou a cantar.

  -Isn't she lovely? Isn't she wonderfull? Isn't she preciouss? Less than one minute old. I never thought throught love we'd be making one as lovely as she... but isn't she lovely made from love?

(Ela não é adorável? Ela não é maravilhosa? Ela não é preciosa? Menos de um minuto de vida. Nunca pensei que através  do amor pudéssemos fazer alguém tão amável quanto ela. Ela não é adorável feita do amor?)

Aquela havia sido a música que ele cantou em sua audição no The X Factor. Vê-lo cantando ela para Sophia e para mim me fez ficar estática em meu lugar. O desconforto sumiu, as dores também e até Sophia havia parado de chutar.

Pude ver em seus olhos o quão apaixonado ele estava pela ideia de ser pai. E isso me fez apaixonar ainda mais por ele, de um jeito que eu nem sabia que era possível.

  - Ela vai ser a criança mais amada do mundo, Isa. -ele disse baixinho. -Por mim e por você. E depois dela, podemos ter outro. Quero ter uma família grande com você. Você é a pessoa certa para cuidar dos meus pequenos. É exatamente o tipo de pessoa que imaginei como mãe, formando par comigo como pai. E eu te amo por isso.  Não é algo passageiro, nem momentâneo.  Eu te amo de verdade.

Peguei suas mãos.  Estavam geladas demais. Ele estava bem?

  - Harry, o que foi?

  - Me desculpe por isso. Era pra ter sido no Brasil, perto do pessoal, mas senti que não era exatamente a hora. Aqui, bem no meio de um avião talvez também não seja, mas eu sinto que se eu não fizer agora e deixar passar de novo, eu  não faço mais.

Ele se levantou e se ajoelhou no meio do corredor.  Algumas pessoas o olharam sem entender, eu inclusa.

Ele pegou minha mão, beijou as costas dela e olhou em meus olhos:

  - Casa comigo?

AnonymousOnde histórias criam vida. Descubra agora