Coloquei a mão no vidro, mas a tirei segundos depois. Não iria adiantar. Não seria aquelas cenas de filmes, que o garoto rouba um carro e corre atrás da namorada para que ela não se vá. Não dava mais tempo, eu estava indo. E Harry não correria atrás de mim. Não quando sua carreira está em jogo.
Uma pontinha de decepção me atingiu, mas depois, pensei pelo lado bom. Ou, pelo menos, tentei pensar. Ontem e hoje foram os melhores e piores dias da minha vida. Eu conheci Harry Styles. Ele se apaixonou por mim, me chamou para ir viajar com ele. Que garota não quer isso?
Mas ali, naquele carro, eu notei. Eu nunca me impressionei com o fato de ele ter carros caros, uma casa enorme, muito dinheiro e fama. Nada disso me traria ele de volta agora. Era dele que eu gostava. Inteiramente. Ali, no carro, eu soube que dinheiro e fama não significam nada. Podem abrir uma porta ou outra, facilitam caminhos, mas nunca serão páreas para o coração.
Olhei para Luana. Ela estava com a cabeça encostada no vidro do carro. A mão direita fechada em punho significava que ela estava nervosa. Quase soltei uma risada irônica ao notar o que havia acontecido naquele quarto de hotel. Eu com Harry, Luana, que é minha melhor amiga, com Louis, melhor amigo de Harry.
Rolei os olhos. Que coisa clichê. Típica de fanfic de adolescentes que eu lia quando era menor. Era sempre assim. Uma fã conhecia um deles e a melhor amiga dela ficava com um dos outros. Isso quando não eram 5 amigas na história e todas fisgavam um garoto da 1D diferente.
Mas em todas elas, o final é bom. Em todas elas, o casal passa dificuldades no meio e acaba bem. Sempre acaba bem. O período ruim só está ali para dar um up na vida do casal.
Apertei os olhos fortemente, e, pela primeira vez, desejei estar dentro de uma fanfic. Uma típica fanfic de adolescente.
O taxista nos perguntou qual era o Hotel em que estávamos. Eu dei o nome do prédio da minha tia. Golias, ou algo do tipo... era um nome que o fazia parecer grande. A maioria dos nomes de prédios em São Paulo fazem isso.
Ele nos deixou na porta. Falei com o porteiro e nós duas entramos. Respondemos algumas perguntas do pessoal quando chegamos no apartamento. Fizemos isso com um sorriso no rosto.
Ao chegarmos em nosso quarto, deitamos nas camas. Não conversamos no começo. Só ficamos ali deitadas, olhando o teto, a perede, ou qualquer objeto no qual nossos olhos pousassem por um tempo.
Eu queria chorar. Mas não fiz isso, pois desde o começo, quando fiquei sabendo que era o Harry, eu sabia que várias coisas ruins poderiam acontecer. Coloquei isso na cabeça. Eu só não sabia que iam acontecer em menos de 24 horas.
-Eu tô odiando isso tudo. - Luana falou. - Essa droga de vida não podia ser diferente? Não podíamos ser famosas ou algo do tipo? Seria tão mais fácil. Podíamos ir em festas de famosos, de celebridades, conhecer eles, falar com eles, nos tornarmos amigos. E não teria nada a ver com um contrato idiota.
- Eu concordo 100%. - falei ao deitar de cara no travesseiro. - O que vamos fazer agora?
- Contar para o mundo inteiro que saímos com eles, dar detalhes, sermos tachadas de malucas e posers e morrer em um hospício.
- Bem romântico.
- Ninguém acreditaria - ela disse.
- Isso tem que ser um segredo nosso. Ninguém pode ficar sabendo.
Ela balançou a cabeça, confirmando.
Meu celular apitou e a luz de notificação começou a brilhar.
Era uma mensagem de Harry.
"Olá, Isabela. Eu vim aqui para três coisas. Primeira: te agradecer por existir. Segunda: dizer que eu te amo. Terceira: comunicar que não podemos mais nos falar. A diretora geral da Modest me proibiu. E, diferente do Simon, ela é rígida. Se você acha o Simom rígido, ela é o triplo. Não posso dar mais detalhes, ela está fiscalizando. Apague meu número, não me mande mais mensagens, ok? Está me doendo a alma fazer isso, mas não tem outro jeito. Precisamos cortar contato geral. Eu vou tentar dar um jeito, eu prometo.
Te amo.
Sinceramente seu, Harry"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anonymous
Hayran KurguAnônimo: "Olá" - 19:45 Eu: "Quem é você?" - 19:46 Uma mensagem. Uma mensagem foi o suficiente para que Isabela conhecesse outra pessoa e nunca mais tirasse ela da cabeça. Mas qual era seu nome? Qual sua profissão? Ele nunca dizia. Dava pistas, mas...