Cinco

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Abro a porta de casa e o sofá torna-se no meu objeto de vida. Atiro-me para cima dele e começo a descansar do dia cansativo que tive hoje. Quem diria que o último dia da primeira semana de aulas me ia matar deste jeito.

Estou super à vontade com a apresentação da coreografia de hip hop mas a peça de representação está a matar-me a cada segundo que passa.
Hoje combinei ir tomar um café com o Filipe, o amigo do Nuno e da Diana. Marcamos no fim do jantar portanto ainda tenho muito tempo. Não é necessário andar a correr.

Não sou do tipo de rapariga que precisa de três horas para estar pronta porque eu nem make up costumo usar.

-Já estás em casa? Preciso que me emprestes os teus apontamentos de português.-este miúdo deve estar a brincar comigo.

-O quê que fizeste durante a aula? Estivesses atento.

Ele olha para mim visivelmente enfurecido e eu rio-me. Se ele acha que vai estar a dormir nas aulas e depois aproveitar-se de mim está muito enganado.

-És mesmo betinha. É só uns apontamentos mas tabem, eu sobrevivo sem eles.

A Teresa que entretanto chegou a casa olha para nós a tentar apanhar o fio da conversa e espero que ela não perceba. Não quero que ela fique do lado do filho e ele faça aquele sorriso de vitorioso que me enerva.

-Então Bárbara, nunca foste assim e apesar do vosso ódio de estimação sempre ajudaste o André. Empresta-lhe lá os apontamentos que ele não os estraga e ele a partir de agora vai começar a ser ele a tirar-los.

Porquê que eu sabia que ele ia fazer este sorriso vitorioso? Que nervos!

Levanto-me e vou ao quarto buscar as folhas, meto-as na mão dele e volto a sentar-me.

-Por acaso também estava a precisar da tua ajuda. Não percebo um problema dos exercícios de matemática. Será que me podes dar os teus para ver como fizeste?

-Tu queres é copiar e não fazer os trabalhos.

-André.-isso Teresa, ajuda-me na vingança.

Ele vai ao quarto e a mãe dele sai de casa para ir ao supermercado. Quando ele volta ela já não está e eu rio-me da sua cara.

-Sabes, é que hoje vou sair e não tenho tempo de os fazer.-abandono a sala ainda a rir-me e ele mutila-me com o olhar.

Como eu adoro enervar este ser irritante. Ele acha que me consegue enervar mais do que eu a ele...

-Filha pelo menos come um pouco da sobremesa. Está otima.-levanto-me da mesa e arrumo as minhas coisas.

-Não quero mesmo pai mas quando voltar pode ser que ainda prove.-deixo-lhe um beijo na bochecha e vou até ao quarto.

Pego na minha mala e no meu casaco e começo a minha caminhada até à praça. Combinamos encontrar-nos no banco em frente ao bar do Kiko mas ele ainda não está cá.

Sento-me no banco e espero.
Odeio ter de esperar por alguém, sou bastante pontual e odeio que não o sejam também.
Quando parece que já se passaram vinte minutos que aqui estou o meu telemóvel vibra.

*Bárbara desculpa mas não vou poder ir. Contratempos da vida... Se depois der marcamos de novo.
Felipe

Eu não acredito nisto. Eu andei dez minutos à pé para vir ter com ele e recebo uma tampa? Que nervos.

Depois de ponderar algum tempo sobre se ligo à Sofia para ela vir ter comigo ou se vou para casa escolho a segunda opção. Não me está a apetecer ficar na rua.
Vou para casa ver um episódio de The Vampire Diares e descansar que estou morta.

Levanto-me e começo a andar até casa. Nem acredito que o Filipe me deixou pendurada, espero que ele tenha uma boa desculpa...

Apesar do secundário ser fenomenal tenho muitas saudades do básico. Eramos tão inocentes por acharmos que quanto mais velhos ficassemos mais espetacular seria a vida.
Pensávamos que o secundário seria a altura das amizades e sinceramente só uma ou duas pessoas não são falsas.
Os trabalhos consomem-nos o tempo e a alma. Já para não falar do desprezo dos professores!
Volta básico, volta comida na cantina, volta turminha que ia toda junta comprar gomas. Estou arrependida de tudo o que pensei sobre vós!

Meto a chave na fechadura e faço-a rodar. Ainda pondero ir provar a sobremesa que a Teresa preparou mas a vontade é nula portanto dirigo-me ao quarto.

Preparo o meu computador para ver Tvd e arrumo a minha roupa de volta no armário. Vou em busca dos meus phones sempre desaparecidos e quando finalmente os encontro volto para a cama. Aconchego-me no cobertor e quando estou prestes a dar play no episódio ouço a baterem à minha porta do quarto.

-Sim?

Vejo a cabeça do André a espreitar para dentro do meu quarto e fico a olhar para ele à espera que diga algo. Quando ele finalmente percebe acente com a cabeça e abre e fecha a boca umas três vezes seguidas, estranho.

-Posso falar contigo?-este miúdo anda a precisar de um psicólogo bem rápido. Ou então bebeu umas cenas antes de eu chegar.

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Boas pessoal, estão a gostar? A história está a ter um bom rumo ou não é o que vocês mais querem? Falem comigo!

Votem e comentem por favor!
Beijinhos da Cat ♥

Amor Improvável || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora