Trinta Oito

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Já vamos na quarta noite que passo nesta casa. Já tenho tantas saudades da minha vida no Porto mas para tentar não sofrer mais desliguei o telemóvel e não falo com ninguém desde a partida.

Sei bem que o André até para o meu pai já ligou para falar comigo mas eu não consigo falar com ele, porque assim que perceber que ele está mal, vou apanhar o primeiro autocarro e fugir com ele.

Quero ligar-lhe e prometer-lhe que quando voltar vai ser tudo fácil mas eu não faço ideia do que poderá acontecer. Não sei se o meu pai no fim das férias me vai deixar continuar a morar lá.

Levanto-me da cama e ando até à cozinha para beber um copo de água e quando olho para os armários lembro-me dos toques que dávamos um ao outro às escondidas. Lembro-me do quão felizes éramos.

São cinco da manhã e eu ainda não consegui dormir. Já não durmo decentemente desde o último dia em Bruxelas. Preciso de adormecer e quando acordar perceber que não passou tudo de um pesadelo.

Volto ao quarto e ligo a televisão para um filme que está a dar. Vejo que o meu telemóvel vibra de novo e aparece o nome do meu namorado na tela.
Volto a desligar como fiz ao longo destas semana e emcaro a televisão.

"Podes até tentar fugir mas eu não te vou largar nunca. Atende, vamos resolver isto juntos!"

André

Leio a sua mensagem e sinto as lágrimas escorrerem pela cara abaixo.
Ele deve estar tão preocupado comigo e eu a ser uma egoísta com ele.
Mas não consigo atender, sei que depois ainda vou ficar pior.

Ouvir a sua voz de choro faz-me doer o coração e sentir-me culpada e eu não quero ter de passar por isso, não quando estamos a tantos quilômetros.

#AndréP.O.V#

-Mãe liga ao Paulo e convence-o a voltar. Explica-lhe que não faz sentido vocês passarem o Natal longe por nossa causa.-tento convencer a minha mãe enquanto a abraço.

-Seria o nosso primeiro natal juntos mas ele é um teimoso e não volta.

-Tenta por favor. A Bá não me atende desde que saiu daqui e eu estou preocupado com ela. E se aconteceu algo?-o meu coração treme só de pensar.

-A Bárbara está bem, só não deve atender para não te magoar mais mas vais ver que ela em breve liga-te.

-E se ela não liga ou até conhece lá alguém melhor e nem volta. Eu não sei viver sem ela.

-São quatro da manhã, anda dormir que o teu problema é sono e o filme já acabou à muito.

Recebo um beijo nos cabelos e ela anda até ao seu quarto. Continuo ali, no sofá a pensar na merda em que a minha vida ficou numa só semana.
Quero gritar com o mundo e culpar toda a gente por o que aconteceu.
O único que não tem culpa sou eu e claro a Bá, que apenas nos apaixonamos e somos crucificados como se fosse um crime.

Ando até ao meu quarto e tento uma última vez antes de dormir. Pego no telemóvel e marco o seu contato e clico para ligar.
Chama, chama e mais uma vez parece que ela não me vai atender.

-André?-esta voz.

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Beijinhos da Cat

Amor Improvável || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora