Quarenta Dois

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#BárbaraP.O.V#

Fecho a janela do carro para não congelar de frio e mantenho-me atenta à estrada. O André ligou-me hoje e ainda não lhe devolvi a chamada, não tenho noção do que lhe vou dizer quando ele atender e portanto vou adiando a hora de lhe ligar. 

Recebo mais uma mensagem da Teresa.

"Ele acabou de sair para ir à casa do João. Devias ligar-lhe em breve! Ele também está triste e esta ausência da tua parte só piora a sua situação ."

Teresa

Leio atentamente e decido que lhe ligarei dentro de uma hora. É o tempo que eu preciso para pensar e definir o que vou dizer sem me comprometer ao dizer algo que não deva. 

-De zero a dez quanto tens saudades do Porto?-o meu primo que outrora eu pensava ser chato diz.

-Do Porto cidade tenho seis, é a melhor cidade do mundo mas aguento bem duas semanas longe. Do Porto André tenho nove, muito sinceramente.

-Consegues explicar-me onde fica esse um valor pró André?-diz curioso tendo sempre em atenção a estrada.

-Esse um valor é a certeza que eu sei que isto nos fará bem e nos fará crescer. Foi péssimo mas consegui tirar algo de positivo de tudo isto que foi o quanto fortaleceu a nossa relação e provou que gostamos mesmo um do outro.-faço um pequeno desenho no vidro do carro como quando criança.

-Essa estrela é o quê?-observa o desenho que acabei de fazer.

-A minha mãe. Tenho a certeza que está lá em cima a olhar por mim e a proteger-me do mundo inteiro.

-Tenho poucas recordações dela mas lembro-me perfeitamente do quanto gostava de ti e de como era boa mãe. Eu também tenho a certeza que ela está sempre a olhar para ti e tem muito orgulho na mulher que te tornaste. Conseguiste surpreender toda a gente.-dou um sorriso ao ouvir as suas palavras e olho o céu em busca da estrela mais brilhante, a minha mãe.

Olho para o rádio do carro e vejo que se aproxima a hora de ligar a André. Começo a pensar no que lhe vou dizer, apesar de ter a certeza que na hora vai sair tudo diferente. Não gosto de viver a vida sem um plano, falta-me ao que me amarrar se algo correr mal.

Pego no telemóvel e peço silencio dentro do carro. Marco o seu número e deixo tocar.

-Bárbara?-fala surpreso quando atende.

-André!

-Pensei que não me ias voltar a falar. Assustaste-me tanto quando te liguei e não atendeste, não o voltes a fazer, por favor.-a sua voz transmite preocupação e isso mata-me.

-Desculpa, eu estava ocupada e não vi a chamada. Como está a vida por aí?

Começamos  típica conversa de rotina enquanto me vai contando sobre os treinos e o João. Fala-me que hoje foi à sua casa e que tanto o Jonny como o pai mandaram beijinhos e acaba por dizer que tem saudades de sairmos todos juntos.

Conto-lhe um pouco da minha vida pelo Algarve mas sem nunca referir esta aproximação do meu primo, não há necessidade de o preocupar em vão.

Quando desliga a chamada, faz-me prometer que nunca mais lhe vou desligar o telemóvel de propósito, ao que respondo afirmativamente. 

#AndréP.O.V#

Vou no caminho para casa a pensar na conversa com a Bá e sei perfeitamente que havia algo estranho, algo que ela não me contou mas não quero ir para casa a pensar nisso. Ela quando se sentir à vontade conta e eu confio nela, não deve ser nada de mal.

Quando chego a casa vejo as prendas debaixo do pinheirinho. Estão lá as prendas da minha mãe para o Jorge, a Bárbara e claro, a minha. Vou ao quarto e meto também as minhas lá. Quando eles vierem abrem as suas.

-Filho já chegaste.

-Estava aqui a por as prendas, não sei para que puseste as deles, não as vão abrir na noite de natal.

-Não importa, são na mesma as prendas de natal.-dá um sorriso que me deixa curioso.

Já não estou a perceber nada do que se está a passar mas queria. Tenho de tirar esta história a limpo porque senão vou dar em maluco.

-Prepara-te que o jantar está pronto.-a minha mãe diz e vou até à cozinha.

Ajudo a meter o resto da mesa e sento-me no meu lugar, o sítio de sempre. 

-Antes de jantar vai à venda da ponta da rua comprar-me uma coisa.

-Tem mesmo de ser agora mãe? No fim de jantar vou lá.

-Vais lá agora André. Preciso que seja agora, portanto vais e acabou.-é um facto, está tudo maluco.

Volto  a vestir o casaco e ando até à venda da Dona Carolina. Compro o pão que a minha mãe me pediu e volto para casa.

Quando entro reparo que a quantidade de pratos em cima da mesa aumentou e a minha mãe desapareceu. Olho à volta e não vejo nada de diferente.

-Mãe? Já não tenho idade para jogar às escondidas. Podes aparecer.-ando até à cozinha e quando vou a sentar-me assusto-me com uns braços a rodear-me.

-Apanhei-te.-não acredito no que vejo.

-Bárbara!

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Heyyyyy pessoaaaas!

Estão a gostar? Parece que afinal vão passar o natal juntos!

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Beijinhos da Cat

Amor Improvável || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora