Vinte Seis

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#AndréP.O.V#

Retiro o preservativo enquanto a Bárbara continua deitada na cama a olhar para mim, tento de todas as formas ler-lhe o pensamento mas é praticamente impossível.

-A tua namorada faz ideia que depois de passares duas noites com ela vieste para aqui trair-la?-sorrio e sento-me ao seu lado.

-Ela não é minha namorada e sim, ela sabe que estou contigo. Foi ela que me aconselhou a vir resolver as coisas contigo ao fim de lhe contar a nossa história.-ela olha-me surpreendida quando refiro que contei a nossa história à Carolina.

Levanto-me e começo a vestir a minha roupa e arranjar-me para sair daqui sem que se perceba o que cá estive a fazer. Calço as minhas sapatilhas e arranjo o meu cabelo todo despenteado e ouço a Bárbara rir quando eu tento de todas as formas domar esta fera que é o meu cabelo.

-Não te vais vestir?-pergunto enquanto arranjo o colarinho da camisa que tenho por cima da t-shirt preta.

-Estava a pensar ficar aqui assim, afinal de contas os meus planos já foram alterados.-vira-se para o outro lado e noto perfeitamente que está com uma preguiça que vai adormecer em breve.

-Veste-te e sai de casa que daqui a cinco minutos eu saio também.-ando até si e beijo os seus lábios.

-Onde é que queres ir?-levanta-se e começa a procurar pela sua roupa espalhada pelo quarto.

-Agora que já me perdoaste e já nos resolvemos vamos conversar para que não hajam mal entendidos entre nós daqui para a frente.

Saio do quarto e percebo que a minha mãe também já não está na sala, a esta hora já deve estar no quarto a ler alguns dos seus livros. Entro no meu quarto para dar tempo à Bárbara para se arranjar e quando ouço a porta do seu quarto a bater saio também do meu. Amarro na sua mão e andamos até ao exterior da casa.

-Onde vamos? Está bué frio para ficar na rua.-aconchega-se nos seus braços ao sentir o frio.

-Podemos aproveitar que eles já estão a dormir e vamos para o meu quarto.-dou-lhe um sorriso de lado e recebo um olhar assustador.

-E se eles nos ouvem?-rio com o seu comentário e trago o seu corpo para mim.

-Não estava a dizer para irmos fazer coisas improprias sua tarada. Estava a dizer que podemos ir para lá falar sobre nós.-andamos até ao interior da casa e levo-a até ao meu quarto e vou buscar um copo de agua pois tenho cede.

Sento-me na minha cama e ela repete o meu gesto. Sinto que ninguém quer dar o primeiro passo de falar e tentar resolver as coisas porque à primeira palavra proibida isto vira uma guerra com dinamite por todo o quarto pronta a explodir à primeira falha. Quero dizer tudo e resolver as coisas com ela mas o medo de ela agora já não querer a mesma coisa e ter ganho rancor durante estes dias assombra-me mas só saberei se tentar.

-Não vais dizer nada?-tento começar de uma forma calma.

-Nem sei o que diga! Só queria que não tivesses ido à primeira oportunidade correr para um outro corpo como o antigo André faria.-sinto que ela está desapontada e triste pelo meu comportamento conforme as palavras saem da sua boca.

-Eu não queria mesmo tomar as atitudes que tomei e não falo isto para que me perdoes porque eu sei que não tenho perdão possível mas tudo o que fiz foi uma tentativa de conseguir vingar-me da dor que as tuas atitudes me causaram.-amarro a sua mão e enlaço os nossos dedos que encaixam perfeitamente.

-E eu sei perfeitamente que também não devia ter reagido daquela maneira por causa das drogas mas quando parei e pensei nisso já era tarde. Mas eu não te quero perder para o vicio como perdi a minha mãe, isso estraga a vida a qualquer pessoa e quando pensei na hipótese daquilo ser mesmo teu o meu coração parou e só consegui pensar numa maneira de te incentivar a largar.

-Aquilo não é meu e eu não ando nessas cenas, sabes bem disso. Eu não faria nada que pudesse afastar-nos porque já não me imagino sem ti, é como se tivesses virado a minha vida do avesso e agora a tua presença fosse obrigatória. Tudo o que eu disse no bar é real, eu amo-te muito e as minhas noites com a Carolina foi uma tentativa falhada de te esquecer.

-Eu também estive mal e prometo que a partir de agora vamos conversar sobre os nossos problemas e não reagir de cabeça quente. Eu amo-te muito-e foi o nosso primeiro amo-te, ali no meu quarto abraçados a ver o quão dependentes um do outro estamos.

-Amo-te-empurro o seu corpo para o deitar na cama mas acabo por deixar o telemóvel no chão fazendo um estrondo. Ouço passos a correr em direção ao meu quarto e só tenho tempo de me levantar.

-Bárbara, o que estás a fazer aí deitada?-O Jorge pergunta e ambos o encaramos sem alguma resposta para lhe dar.

Amor Improvável || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora