Capítulo 12 - Respostas

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Como de praxe, a corporação tinha sim um local especial para festas e eventos particulares.

Uma música do gênero Jazz — pelo que Cortês me informou — ressoava pelo salão. Eu não era fã de música em geral, a maioria me irritava ou deixava-me enojada. Acostumei a preferir o silêncio. Entretanto, quase não havia como ouvir o som pelo falatório agressivo dos convidados. Pessoas rindo, se cumprimentando, conversando com um nível exagerado de voz. Eu sabia que não permaneceria nem ao menos duas horas ali com tudo isso.

Antes do evento, pedi ajuda para Wallace a fim de escolher uma roupa para usar. Eu não queria nada chamativo ou provocante, porém, nem precisei mencionar isso a ele. Em pouco tempo que nos conhecemos, já conseguiu absorver bem o meu gosto sobre a maioria das coisas.

Eu calçava um salto baixo, prateado com uma fivela que contornava meus tornozelos, e trajava um vestido preto de alças grossas — que pareciam mais tranças, com um pequeno adereço também prateado na parte dos ombros. Não era nem longo e nem curto, sua barra chegava até os joelhos.

Precisei de algo para guardar a chave do meu apartamento, a chave do carro que comprei recentemente e o celular, o qual Wallace insistiu em me dar, então jazia com uma bolsa pequena discreta de alça fina pendurada em um dos ombros, mesmo não suportando a ideia de carregá-la para todo lado que fosse.

Wallace insistiu em fazer algo que deixasse minha aparência díspar. Discutimos por meia hora sobre isso, mas acabei cedendo. Ele era imutável. Mas, como não deixei encostar um dedo em meu vestido, decidiu fazer algo em meu cabelo. Quase levei um susto ao constatar o resultado, admito.

Ele tinha separado uma franja para o lado direito e trançado a lateral esquerda de minha cabeça completamente, prendendo com pequenas presilhas para que não pendesse para o lado. Disse que era um "undercut falso" e me fez uma maquiagem leve para completar. E, sinceramente, eu gostei bastante.

Como ficou me ajudando, Wallace acabou não tendo tempo para arrumar a si próprio, então viria mais tarde. Se não fosse por Cortês fazendo-me companhia, em seu vestido vermelho sangue e chamando atenção até das constelações por onde passava, eu estaria completamente alheia naquele lugar.

— Aqueles são Matteo e Andréa Veronez. Eles trabalham para uma revista de moda famosa na cidade. — comentou Cortês, indicando com a cabeça para um elegante casal. Eles conversavam entre si de forma intima, sentados em um dos sofás chiques do salão e tomando taças de champanhe. — Estão curiosos para saber qual é a mente jovem por trás das últimas novidades da empresa. — acrescentou e bebericou sua taça, me fitando de soslaio.

— Mas sou a única pessoa nova que participou dos projetos recentes. — afirmei, surpresa. — Isso é sério, senhora Cortês? Eu não fiz quase nada.

— Sabe que não gosto quando me chama assim. Parece que tenho sessenta anos. Ainda estou na flor da idade, Delilah. — resmungou contraditória. — Ricchard disse que você viu erros no marketing que profissionais que trabalham há anos no ramo não viram. Acredite, isso fez diferença nos projetos. Pode não ser boa sobre moda em geral, mas por um lado, tem aptidão para empreender.

— Talvez. — ressaltei, um pouco sem graça.

— Estou com receio em te perder, aliás. Boas ofertas serão oferecidas a você em breve, com certeza. — comentou rindo.

— Sabe que não vou-

— Sei, Delilah. Mas pessoas mudam de opinião sempre. Com você pode não ser diferente. — concluiu Cortês, terminando de tomar o líquido de sua taça.

— Mia Delilah? — Alguém me cutucou. Virei-me e constatei um dos seguranças da corporação. Ele me fitava com receio.

— Sim?

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