— Eu realmente não gosto de fazer compras.
Bufei. Estava difícil escolher entre um colete preto e um marrom, e Mia não estava ajudando. Caramba, até com meus ex isso acontecia. Com você vai ser o mesmo, Mia? Parece uma maldição.
— Você não aprendeu nada na Cortês? — questionei, enquanto olhava distraída para outras peças expostas na loja.
— Já vi você com uma jaqueta preta do mesmo modelo. Escolha a marrom. — respondeu, indiferente. Eu bufei de novo, frustrada.
— OK. — Só consegui responder isso, devolvendo a jaqueta preta à gaiola.
— Sua mãe sabe mais. Por que não pede dicas a ela em vez de mim?
— Ela tá sempre tão ocupada que duvido que encontre tempo pra me dar dicas sobre moda. — murmurei, dando de ombros.
— Você realmente não conhece a mãe que tem, Beth. — murmurou Mia. Ela se aproximou enquanto eu ainda observava algumas peças. — Não que eu me importe em lhe acompanhar, mas não levo jeito para isso e você sabe.
— Não sei. Gosto quando me acompanha. — murmurei, virando-me, a centímetros de seu rosto. Ela me fitava com os olhos cerrados, mas tranquilos, atenta aos meus movimentos.
Dei-lhe um beijo devagar na bochecha, sem me importar com as pessoas ao redor. É isso o que somos. Duas garotas que se gostam e se beijam. Ao inferno quem não gostar. Eu definitivamente não me importo. Não mais.
Mia vestia um casaco de cor creme, o que me trouxe nostalgias. No primeiro dia em que a conheci, usava um casaco da mesma cor — só que esse era bonito, ao menos. Eu sabia que vestia um moletom por baixo, pois a vi se vestir, e devo ressaltar que foi uma bela e agraciadora visão e, por fim, nada demais, calça jeans e botas de couro concluíam seu visual.
Também devolvi a jaqueta marrom, desistindo de minha compra em um acordo silencioso comigo mesma. Depois, peguei a mão de Mia e entrelacei nossos dedos. Ela me fitou intrigada.
— Não vai comprar?
— Não. Sabe, você mora aqui há pouco tempo, Delilah. Vou te mostrar o que é Nova Iorque.
Saímos da loja e fomos até onde o carro de Mia jazia estacionado. Não resisti em querer arrastá-la ao lugar que eu mais gostava da minha grande cidade: Times Square, é lógico. É um pecado estar em Nova Iorque e não visitar o templo dos deuses. É um pedaço do paraíso!
Mas, infelizmente, não ficamos lá por muito tempo. Mia achou o lugar lindo, só que havia duas coisas que detestava: barulho e muita gente em um lugar só. Eu ri disso. Queria que conhecesse as lojas que havia por lá, mas talvez não fosse de seu interesse.
Então, fomos dali até o conhecido Grande Terminal Central. Ficava meio próximo de onde morávamos, inclusive.
Mia ficou encantada com a arquitetura do local, mas também ficamos lá por um curto período, para variar. Bom, não tinha muito o que fazer. Era uma estação ferroviária, afinal.
Como em quase uma sincronia perfeita, aproveitamos a deixa para pegar um metrô até o Parque Central.
E ela amou o Parque Central. Só que aí, a mesa virou.
Eu nunca gostei muito de verde, sabe. Sou uma garota que nasceu ali, no meio da rua, com milhões de coisas acontecendo ao mesmo tempo, milhões de pessoas falando ao mesmo tempo, milhões de pessoas interagindo ao mesmo tempo. Alguém "caseira" é o que definitivamente não sou.
Todos aqueles bichos voando para lá e para cá... Sentar na grama e imaginar o que pode estar se arrastando ali ou se arrastou por ali... Você pode me chamar de nojenta, mimada, fresca, mas não curto e não é agora que vou curtir. Nem se for para deixar Mia feliz. Detesto, detesto!
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Oculta
RomanceBethany tem uma ótima vida superficialmente. Mas, como qualquer pessoa, tem pequenas partes ocultadas em seu interior. Em um momento oportuno de ousadia, ela foge de tudo que a aborrece, tenta seguir com uma nova vida e, claro, sem preparo algum, ac...