Capítulo 30 - Dolência

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Là! — [Aí está!] ouvi Wallace dizer quando cheguei à sala de estar. Ele vestia uma camiseta polo azul, calça jeans desfiada, sapatênis branco e dava um sorriso de galã ao homem desconhecido à sua frente. Havia outro rapaz junto a esse, o qual segurava duas maletas pretas sofisticadas, uma em cada mão.

— Mia Delilah! Que prazer em conhecer a senhorita! — O homem à frente de Wallace aproximou-se e estendeu a mão para me cumprimentar. Era lindo, é claro. Sorriso simétrico e deslumbrante, cabelos castanhos com um charmoso penteado, rosto quadrado e viril, olhos verdes (nada comparado aos de Bethany, no entanto) e vestia um terno preto de muita classe.

— O prazer é meu. — falei, dando um sorriso formidável. — Senhor...?

— Leroy Dilermando, senhorita. — apresentou-se ele e apontou o indicador ao rapaz que segurava as maletas. Podia falar inglês, mas o sotaque francês era evidente. — Este é Othon Petit.

Othon se vestia da mesma forma que Leroy, mas aparentava não ser quem falava da dupla, pois apenas assentiu após a pronúncia do parceiro.

— Não sabe o quanto estamos felizes por aceitar realizar esta entrevista. É realmente um prazer!

— Fico feliz em falar com os senhores também. — disse eu, de forma simpática. Denise me chutaria mais tarde se eu agisse erroneamente nesta entrevista. — Senhor Petit, não quer colocar seus pertences aqui? — Apontei para a mesinha de acrílico posta ao centro da sala.

— Ah, sim! Othon precisa organizar as coisas. — disse Leroy, sorrindo com animação. Othon não disse nada, assentiu outra vez e depositou as maletas em cima da mesa. Eu sinalizei para que ficasse à vontade e assim o mesmo iniciou seus serviços.

— Querem algo para beber, queridos? — perguntou Wallace, educado. Ele fitava Leroy com uma fissura que parecia querer descascá-lo. Com certeza simpatizou com a figura.

— Não, senhor Armand! Estamos ótimos por hora. — respondeu Leroy, sorrindo em agradecimento. — Senhorita Delilah, se já permite perguntar... Você tem alguma rede social ativa no momento? Site ou algo do gênero?

— Por enquanto não, senhor Dilermando. Particularmente nunca tive interesse para essas coisas. — respondi, sentando-me no sofá, sinalizando para que fizesse o mesmo, e assim fez. Vi Wallace desaparecer para a cozinha, e algo me diz que não voltaria tão cedo.

— É que postamos uma prévia em nosso site e também em outras mídias ao publicar uma matéria nova. Se a senhorita tivesse um perfil de Facebook, Instagram ou Twitter, seria bom para divulgar. — explicou ele de maneira calma. — Mas como não tem... Por enquanto, certo?

— Algumas pessoas já me sugeriram há algum tempo... — comentei, lembrando-me de Bethany. — e se é bom para que me localizem, provavelmente providenciarei em breve.

— Divino, senhorita Delilah!

Vous voulez commencer, Leroy? — [Quer começar, Leroy?] falou Othon pela primeira vez no recinto. Sua voz era bem grave. E não entendi nada do que disse, obviamente.

— Tudo bem para a senhorita se começarmos agora? — questionou Leroy, sorrindo meigamente.

— Prossiga. — respondi, dando de ombros.

— Certo, certo... — murmurou Leroy, mostrando alguns pequenos sinais de nervosismo. Othon se aproximou e lhe entregou um tablet. — Mia Cortês Delilah Montenegro. A senhorita realmente não tem nenhum parentesco com Denise Cortês?

— Nenhum. Só a simples coincidência de mesmo sobrenome. — respondi, já acostumada com tal questionamento.

— Quando surgiu o interesse para tornar-se modelo?

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