Capítulo 31 - Fluído

279 37 5
                                    

Notas iniciais da autora:

Oin, gentem. :3

Seguinte, serei sincera... Este capítulo mexeu bastante com o meu interiorzinho. É pequeno, coisa rara nessa história, pode crer, pois não vi necessidade de me estender mais que isso, mas passa uma mensagem imensa. Então, sei lá... Leiam com carinho. c:



— Só pode tá de brincadeira comigo! — esbravejou Bethany, claramente irritada. — Eu realmente ouvi isso? Ricchard tem um caso com Wallace? O que esse pessoal tem, hein? Qual a dificuldade em ser fiel nessa porra!?

Eu apenas a ouvia. Não sabia o que dizer.

Não entendi mesmo o que aconteceu. Isso tudo só aumentou a minha dor de cabeça.

Por que tão de repente? Wallace não era assim. Não era o Wallace que eu conhecia.

— Mia, você tá bem? — questionou Bethany, pousando as mãos em meu rosto. Eu estava sentada na cama.

Isso tudo deveria afetar mesmo?

Se realmente não era meu amigo desde o início, fez bem em deixar claro agora. Eu não me sentiria bem em depositar mais confiança em alguém que não a merece.

Mas quais critérios estou usando para avaliar quem a merece, afinal? Não imaginei que a sensação de não ter essa resposta fosse tão ruim.

— Estou, Bethany. — respondi, movendo o rosto para olhá-la. Ela me fitava preocupada. Levantei as mãos e pousei em seu rosto. — Está tudo bem. Vamos à festa, OK? Nathalie está esperando por nós. Se ele estiver lá, ficamos por alguns minutos e vamos embora.

— Você tem certeza, Delilah? De verdade? — questionou, franzindo o cenho. Eu assenti.

Não sei que imagem passava à Bethany, mas realmente não estou sentindo nada no momento.

— Sim, tenho certeza. — respondi, tirando uma mecha de cabelo do seu olho. Bethany me fitava com uma confusão intensa no olhar.

E sinto que me olharia assim por um bom tempo.



XXX



Não estou mesmo a fim de ir a esta festa. Sério. Não estou com porre para isso.

O que me deixa fula é o fato de Mia ignorar tudo o que houve, praticamente. Eu não sei o que fazer, cara. Estou indo à loucura. É muito silêncio. Eu detesto silêncio.

Ela dirigia; passávamos por lugares, com certeza, extraordinários, mas eu não conseguia prestar a mínima atenção. Não sei o que estou sentindo, se é raiva de Wallace ou dela, ou de Ricchard, ou de todos eles. Até de minha mãe, talvez. E nem ao menos sei explicar direito o porquê. Parecia algum tipo de rodeio de sacanagem. Puta merda.

— Mia. — chamei. Ela deu uma olhadela para mim, depois voltou a visão ao trânsito. — Precisamos conversar. De verdade.

— Estamos conversando. Diga. — respondeu ainda sem me olhar. OK, aquilo estava começando a me estressar fortemente.

— Mia Cortês Delilah Montenegro. — pronunciei ríspida. Ela me direcionou um bom olhar. Ótimo. — Estaciona esse carro agora.

— Primeiramente: acalme-se. — pediu, girando o volante e adentrando uma rua qualquer. O GPS apitava dizendo para voltar à avenida de antes.

— Eu tô calma. — murmurei. Certo, isso não era lá sequer uma ponta de verdade.

— Se há uma certeza no mundo, é que não está calma.

Ela estacionou o carro, desligando-o em seguida. Era uma rua bem calma, mais prédios do que estabelecimentos comerciais. Vários carros já jaziam estacionados por sua extensão.

— O que quer conversar?

— O que tá acontecendo com você? — Foi a única pergunta que eu consegui formar. — Seu melhor amigo dá uma mancada dessas, vocês brigam... Você até bateu nele. Como isso acontece e continua calma desse jeito?

— O que eu deveria sentir, Bethany? — perguntou ela, me fitando com atenção. Eu meneei a cabeça. Que tipo de pergunta é essa?

— Ah, caramba, Mia. Sei lá... Raiva, pelo menos. Vontade de quebrar tudo. Ou tipo, de não ir mais a essa porra de festa. — Bufei, dando de ombros. — Alguma coisa. Alguma coisa, Mia. Vai dizer que você não sente nada?

Mia continuou me fitando por alguns segundos e depois desviou o olhar para a rua, permanecendo em silêncio.

O que está acontecendo?

É como se tivéssemos voltado ao início de tudo. Quando sequer conversava comigo. Quando qualquer coisa que eu fazia ou dizia a deixava enojada. Quando eu não conseguia pensar em nada para conversar com ela.

Quando não éramos nada.

Voltamos à estaca zero? Desde quando isso?

— Você tá distante. De novo. — murmurei. E percebi que, até dizer em voz alta, não achava que fosse realmente verdade. — Tá na sua bolha de novo. Não me diz as coisas. Não sente ou se recusa a sentir. Você é um ser humano, Mia. — ressaltei. Ela ainda não me fitava. Eu queria chorar. E vou chorar. — Antes dessa viagem, as coisas estavam indo tão bem... Pensei que nada pudesse destruir o que tínhamos, de verdade. Mas não sei o que acontece porque você não fala as coisas pra mim. O que sou pra você?

— Bethany. — murmurou, mas não disse nada em seguida por um instante, apenas respirou fundo. — Você não é o problema. Pare de agir como se fosse.

— Então qual é o problema, Mia? Por que não conversa comigo pra gente tentar resolver? — indaguei, começando a soluçar. Porra, agora não. — Eu sou sua namorada, mas também sou sua amiga... A pessoa que quer sempre teu bem, não importa como. Estamos j-juntas nessa, não estamos? Ou não estamos mais?

— O problema sou eu, Bethany. — respondeu, me fitando com uma fúria no olhar que jamais imaginei visualizar em Mia. — Sou eu. Olha, muita coisa acontece. Muita coisa me estressa. Muita coisa me deixa por um fio de explodir. Mas você acha que cheguei até aqui como? Por ser assim. Por não ligar. Por não sentir. Por não dizer.

— E você gosta de ser assim, por acaso? Essa é você, Mia? — questionei. E se a resposta for a que estou pensando...

Desculpe, não dá. Não dá mais.

— Quem dera. — sussurrou. E, meu Deus, não acredito no que fiz. Eu realmente não acredito no que fiz. Como pude fazer isso? Eu... Eu não acredito.

Eu fiz Mia chorar.

OcultaOnde histórias criam vida. Descubra agora