Capítulo 36 - Arremate

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Notas iniciais da autora:

Oin! Tudo bem? Espero que sim. :)

Enfim, chegamos ao fim. Gostaria de agradecer imensamente a você que acompanhou a história até aqui, seja um comentarista nato, leitor assíduo, tranquilo, fantasma, obsessivo, assassino, maligno, etc. Só o fato de ter lido já é legal pra mim. Saber que se interessou é gostoso demais pra mim. Então, novamente, muito obrigada mesmo.

Para finalizar de vez, ressalvo que prosseguirei escrevendo outro projeto que prometi dar continuidade após o término de Oculta: chama-se "Mnemônico" (entra no meu perfil e corre pra aba de histórias, tá lá). Por que mencionar isso? Bom, simples, pois também tem temática yuriana, orange e tudo que é de bom e, claro, se gostou de minha escrita, provavelmente se interessará por outros de meus projetos, não é? Fechô? Fechô.

Até mais. ♥



Percebi uma das piores coisas que se pode acontecer na vida de alguém. E pode até parecer simples.

Ver quem você mais ama chorar... da maneira que vi Bethany chorar... Se há algo pior, eu não sei. E nem quero saber.

É doloroso demais. E muito mais doloroso saber que não posso conter isso.

A dor da perda é horrível. Sua única cura é só o esquecimento. E, para isso, leva-se tempo. Muito tempo. E infelizmente não são todos que alcançam este objetivo, então estou com medo por Bethany. E não sei se posso ajudá-la.

Realmente desconheço sentimentos como tais. Meu pai foi assassinado por detentos enquanto cumpria sua pena por estupro, pedofilia e cárcere privado. Talvez não seja viável comentar desta forma, contando com o fato de que a vítima fui eu e que, até certo tempo atrás, tinha receio de relembrar sobre. Mas isso mudou com Bethany.

Aprendi a aceitar. O que aconteceu fez quem sou, mas não agradeço. Só aceito.

Eu poderia muito bem ter me suicidado. Ou matado outras pessoas; vingança por terem uma vida pacífica, talvez. Há numerosas possibilidades para as atrocidades que poderiam ser feitas por minhas mãos — e as de outros também.

Porém, considero não ter culpa sobre o que aconteceu e as outras pessoas também não. Exceto as envolvidas, óbvio.

Aliás, até hoje não encontraram aqueles rapazes — amigos de meu pai. Eu também não dei muitas pistas, pois não me lembrava de muita coisa.

Só sigo em frente. Em busca de algo que valha a pena para continuar. Não vejo lucro em terminar tudo de maneira tão insignificante. Não sofri tudo aquilo para morrer de jeito medíocre. Eu, Mia Cortês Delilah Montenegro, não aceito esta blasfêmia contra o meu próprio ser, seja lá por que diabos estou aqui. Isso é o que não aceito. Mas algo sempre me perturbou.

Por que pessoas tão importantes para nós nos machucam tanto?

E não me refiro à Bethany. Não desta vez.

Refiro-me à minha mãe. Sarah.

Por quê? Eu nunca entendi, sinceramente. Todo este tempo, em meus dezenove anos, questionei e nunca cheguei a uma conclusão. Nenhuma hipótese. Nem esboço — como costumo fazer no início de meus desenhos. Nada. Apenas nada.

E por que questiono sobre isso e não questiono sobre Evan ter me feito aquilo? Também não sei. O ódio contra ele é permanente, na verdade. Evan fez de minha vida um inferno por um bom tempo. Ele era doente. Só isso é válido para que eu não questione.

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