Capítulo 22 - Relembrado

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Eu me sentia a pessoa mais sortuda do mundo. Não consigo acreditar no que acabou de acontecer.

Foi incrível. E foi de repente. Eu não precisei fazer nada. Não precisei forçá-la, conversar, nem procurar motivos. Ela tomou a iniciativa.

Fiquei sem reação no início, admito, pois pensei que seria mais uma das vezes em que queria, mas parava no meio do processo. Eu estava até acostumando, e então... Estou pasma.

Ainda consigo ouvir os seus gemidos na mente. Meu Deus, nunca a vi tão exposta, de corpo e alma. Estou abismada. Quero isso mais vezes.

Sentia-me débil. O que fez... A primeira vez já havia sido ótima, mas definitivamente ela se superou nessa. Entretanto, me deixou mais intrigada que antes.

Mia teve aquela súbita mudança de personalidade novamente. Quer dizer, não de personalidade. Vejamos um meio para expressar isso...

Era uma revelação. A revelação de sua parte sexy e densamente apaixonante. É certeza que talvez eu me ajoelhe diante desta novidade.

Ouvi um miado. Segundos depois, Kiara sobe em cima da cama e senta. Os olhos esverdeados pousam em mim, curiosos.

Eu admirava os olhos destes felinos. Devem ter furtado toda a beleza de olhos no mundo só para eles. Malditos.

A gata caminhou, ficando próxima ao meu rosto e, descaradamente, lambeu o meu nariz. Eu ri e ouvi Mia resmungar. Seu rosto jazia repousado em meu peito.

Ela apertou mais os braços ao redor do meu corpo. Não sei imaginar que hora deve ser. Mas, convenhamos: não estou nem aí.

Um celular começou a vibrar em cima do criado mudo ao meu lado. Não era o meu. Ela tinha um celular? Desde quando? Pensei que só usasse telefones públicos ou algum fixo no apartamento. Mas isso me animou!

Lentamente, e neste momento Kiara aproveitou para descer da cama, estiquei o braço e peguei o celular. Tinha a capa prateada e um símbolo redondo com um "M" no meio abaixo da lente da câmera traseira. Era um pouco grande se comparado ao meu iPhone.

Liguei a tela e vi a notificação de uma chamada piscar. O número estava identificado como: "SRA. CORTÊS". Eu arregalei os olhos e fitei Mia que ainda dormia lindamente.

— Delilah, Delilah. — chamei, mexendo seu ombro de leve. — Amor, acorda. Acoooorda.

— O que foi? — murmurou, sem abrir os olhos. Espremeu-se contra mim outra vez. Ó, glória. Eu não queria que saísse dali nunca.

— Minha mãe tá te ligando. — disse e empurrei o celular em sua direção. Ela abriu os olhos com dificuldade e se levantou um pouco para pegá-lo. Seus cabelos estavam muito bagunçados, e o jeito que os olhos permaneciam cerrados a deixava absurdamente sensual. Eu até desviei o olhar. Essa mulher não existe, só pode.

— Diga, Denise. — disse, voltando a deitar, mas deixando o celular encostado à orelha enquanto me puxava para perto de novo. Eu me aconcheguei em seus braços com rapidez. Ela começou a acariciar a minha cabeça. — Hã? Não, eu... O quê? Já é tão tarde? Não, eu nunca... É que o meu despertador... OK. Desculpe. — Ela parou com as caricias e suspirou. — Estarei aí em uma hora. Desculpe, Cortês. Não tive a intenção... Sim, ela está bem... Não, não está aqui... Certo, direi... Qual o problema em dizer "direi"? Você que deveria falar assim, e não pedir para eu parar... Eu não sou metida, Cortês. Não diga besteiras... Agora não posso falar "diga" também? Cortês, sinceramente... — A risada da minha mãe soou para fora do aparelho. Eu quase comecei a rir também. — Desculpe. Até mais.

— O que ela disse? — perguntei ao passo que deslizava as mãos por sua pele nua. Mia pousou o celular em algum lugar da cama.

— Perguntou por que estou atrasada há três horas para o serviço. — respondeu, girando para ficar por cima de mim. Eu ri alto.

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