— Então a gente passou pela torre e foi maaaaravilhoso! Ai, eu queria que você tivesse ido, mas ficaria de vela. — contava Wallace.
— Obrigada por me livrar disso. — O meu tom era irônico, mas realmente estava agradecida.
— Você e Beth andam se falando? — quis saber ele, esparramado no sofá enquanto comia um pote cheio de morangos com chocolate derramado por cima.
— Sim. — respondi, sentando-me na poltrona. Peguei o celular, desbloqueei a tela e verifiquei as mensagens. Não havia nenhuma nova de Bethany. Isso é desde ontem — mesmo eu tendo solicitado, quando me ligou, que enviasse uma mensagem mais tarde.
Eu e Wallace estávamos hospedados no mesmo apartamento. Por pedido dele mesmo, inclusive. Disse que não queria ficar solitário em um lugar como Paris. E, mesmo assim, já estava saindo com alguém que não era eu.
Aliás, mesmo sabendo que a ideia de permanecermos no mesmo lugar seria ruim, contando com o meu problema de insônia — que é obviamente mais complexo do que aparenta —, fiz seus gostos. O ponto benefício é: Wallace tem um sono extremamente pesado e nós, obviamente, não dormíamos no mesmo quarto.
Eu me sentia desgastada. Ricchard tem alertado sobre minhas olheiras estarem visíveis demais. Disse que haverá um momento em que não daria mais para disfarçar com maquiagem (e estava sendo irônico, pois daria sim, mas essa é a maneira que ele reflete estar preocupado). Mas só não tenho como ter um total bom sono. Muito menos depois de acostumar a dormir com a Bethany.
De alguma forma, ela acalmava as coisas, me mantinha relaxada a ponto de não conseguir ter os pesadelos. Uma vez ou outra, eu os tinha, mas Bethany estava ao lado para me fazer voltar a dormir. Mudar essa rotina de uma hora para outra me fez um mal terrível. Era por esse e outros motivos que eu gostaria realmente de voltar para casa.
Primeiro: sinto muita saudade. Nunca imaginei que usaria esse termo uma vez em minha vida, e agora uso e ainda o repito várias vezes.
Quero muito estar com Bethany.
— Denise deveria ter deixado ela vir. — comentou Wallace, distraído.
— Ela não deixou por causa dos estudos. É mãe dela, afinal. — murmurei, dando de ombros.
— Se conheço bem a história, mesmo tendo fugido, Bethany terminou os estudos. A mãe dela não pode confiar nela, não? — questionou ele, raciocinando. — Na verdade... A mãe dela confia nela mesmo?
— Eu não sei tudo sobre Bethany, Wall. — respondi, o olhando feio.
— Acho que não foi por causa dos estudos. — Ele deu de ombros. — Mas tudo bem, deixemos isso de lado... Vamos conversar sobre assuntos quentes!
— Ah, eu deixei meu sanduíche no micro-ondas. — lembrei, levantando-me e indo até a cozinha.
— Ô peste, não zoa comigo, não! — ouvi gritar e não resisti em sorrir. Não tinha posto nenhum sanduíche para esquentar. Foi mais para ignorá-lo mesmo. Mas aproveitei para tomar um pouco d'água, voltando para a sala em seguida. — Pensa que pode fugir?
— Não estou fugindo de nada. — murmurei, sentando-me outra vez na poltrona.
— Vai, me conta. Vocês já fizeram?
— Fizemos o quê, Wall? — resmunguei. Odiava sua curiosidade em nossa relação.
— O que duas pessoas fazem quando se gostam e são um casal, Mia? — perguntou com cara de tédio.
— Eu deixo você ser mais direto, se esse é o problema. — Franzi o cenho, não entendendo o reboliço.
— Senhor, dai-me paciência... — Ele fechou os olhos por um momento. — SEXO, Mia Delilah. Tô perguntando se vocês já transaram, caralho!
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Oculta
RomanceBethany tem uma ótima vida superficialmente. Mas, como qualquer pessoa, tem pequenas partes ocultadas em seu interior. Em um momento oportuno de ousadia, ela foge de tudo que a aborrece, tenta seguir com uma nova vida e, claro, sem preparo algum, ac...