Capítulo 33 - Dano

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— Bethany, quem é Michael? — questionei com a voz grave. Bethany ainda fitava o celular sem demonstrar nenhuma reação, então estalei os dedos em frente ao seu rosto, daí finalmente me olhou. — Quem é Michael, Bethany?

— Meu... Meu irmão... — disse. Mas seus olhos não me focavam. Era como se o seu cérebro tivesse entrado em pane.

Eu tirei o celular de sua mão e acessei a lista de chamada, checando as últimas ligações. Havia dezessete chamadas não atendidas em nome de Michael Sunnin e outras vinte de um número desconhecido. Eu engoli em seco. Cliquei em cima do número de seu irmão para iniciar uma chamada de retorno.

— Aleluia! — ouvi uma voz grossa gritar na linha. — Bethany, preciso-

— Se acalme, é a Mia. A namorada dela. — falei, sentindo uma sensação ótima ao dizer isso, mesmo sendo um momento aparentemente inválido para tal. — O que houve?

— Mia? Ah, Mia. Desculpa. — pediu em tom trêmulo. Eu realmente estava começando a me preocupar a este ponto. — Onde ela tá? Por favor, passa o celular pra ela.

— Ela está comigo. Leu sua mensagem. — Bethany me fitava ansiosa. Seus olhos estavam vermelhos. Eu sabia que se segurava para não chorar e não gostei disso. — É melhor falar comigo. Tem certeza sobre o que disse? Quem te informou?

— Ricchard ligou pro nosso pai porque não conseguia ligar pra Bethany porque teve um acidente de avião por lá e ele tá preocupado que a Denise tenha ido nele... Por enquanto tá tentando contatar a linha aérea pra ter mais informações agora. — explicou Michael afobado. — Se não conseguirem, vou pra Paris essa noite tentar ver alguma coisa. Vocês ainda estão aí?

— Não, acabamos de chegar em Nova Iorque. Denise disse que pegaria um voo mais tarde. Mas também posso voltar. — falei, não pensando duas vezes.

— Você não vai sozinha de jeito nenhum, Mia. — esbravejou Bethany.

— Não, não... Pensando melhor, não vai adiantar a gente ir sem confirmar nada, Mia. — ponderou Michael. Gostei de sua perspicácia. Bethany não era assim na maior parte do tempo. — Vocês podem vir pra cá? Por favor.



XXX



— Vira à direita. Não, não. É esquerda. Ah, meu Deus. Eu não lembro. — praguejou Bethany, esfregando o rosto.

— Lembra do endereço? Vou colocar no GPS. — falei, tentando soar a mais carinhosa possível. Só imagino o que Bethany esteja passando. Eu mesma não estou bem, mas devo me manter calma antes que ambas surtemos.

Ela me disse o endereço — mesmo gaguejando e falando alto demais — e inseri no GPS. Ao ouvir as coordenadas, rapidamente ajustei o caminho, acelerando um pouco demais. Admito estar com pressa, mas com Bethany não sabendo me dar as informações corretas, está complicado.

Estávamos em uma marginal. O GPS informou para virar à direita, como Bethany disse antes. Porém, ao prosseguir, um trânsito infernal nos barrou.

Eu respirei fundo, sem deixar que Bethany sentisse ou ouvisse meu aterro. Precisava me manter calma. Calma, calma, calma.

E se este é o avião em que Denise embarcou? E se sofreu alguma coisa? E se...

Peguei o celular e disquei o número de Denise, dando uma olhadela ao redor para verificar se não havia guardas de trânsito por perto. A chamada apitava, apenas. Ninguém atendia.

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